Facção

Assassinato pode ter marcado o reinício de guerra entre facções

Assassinato de Aldemir Diniz teria sido uma consequência da execução de "Gugu Branco", que era membro importante em uma facção criminosa

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Aldemir Diniz Chagas foi executado na Liberdade e morte deve ter ligação com guerra entre facções rivais
Aldemir Diniz Chagas foi executado na Liberdade e morte deve ter ligação com guerra entre facções rivais (ASSASSINATO LIBERDADE )

SÃO LUÍS - Em menos de 48 horas, aconteceu mais um assassinato na região da Liberdade/Camboa, em São Luís. O crime ocorreu no final da tarde de segunda-feira, 11, pouco antes das 18h. Na ocasião, mataram Aldemir Diniz Chagas, conforme foi identificado por moradores. A Polícia Civil está apurando se esse caso tem relação com outro homicídio registrado naquela área, no último fim de semana, quando executaram Carlos Augusto Reis Máximo Filho, mais conhecido como “Gugu Branco”.

Segundo informado pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), a partir de informações colhidas com o 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), a morte de Aldemir aconteceu na Rua Augusto de Lima, nas proximidades da galeria de esgotos. Populares disseram aos militares que ouviram vários disparos de arma de fogo e que o episódio foi caracterizado como um confronto entre facções criminosas rivais. O embate teria ocorrido como resposta ao assassinato de “Gugu Branco”.

Durante o confronto, nenhum morador se atreveu a bisbilhotar pela janela das casas, com medo de ser atingido por uma bala perdida. Somente ao final do tiroteio, apareceram pessoas na rua. No chão, verificaram o corpo de Aldemir Diniz, que foi alvejado fatalmente. No tórax da vítima, havia perfurações de arma de fogo, como os peritos do Instituto de Criminalística de São Luís (Icrim/São Luís) verificaram no exame forense.

Investigação aponta execução

Levantamento feito no local, no entanto, mostrou que não aconteceu nenhum confronto, como moradores relataram, e que o fato se caracterizou como uma execução, mesmo. Conforme o delegado Arthur Benazzi, que estava no Plantão da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), a equipe conseguiu colher várias informações valiosas para a investigação policial. Em breve, segundo ele, a autoria do assassinato será desvendada.

O que se sabe até o momento é que pelo menos três pessoas estão envolvidas na execução de Aldemir, que era considerado membro de uma facção criminosa, mas com pouca expressão no grupo, diferentemente de “Gugu Branco”, que exercia uma função importante no grupo.

Morte na Camboa

A morte de Aldemir Diniz pode estar relacionada ao assassinato de Carlos Augusto Reis Máximo Filho, fato que aconteceu no fim de semana passado, na Camboa, perto de onde houve o homicídio dessa segunda-feira. De acordo com o Ciops, “Gugu Branco” foi executado por volta das 9h de sábado, 9, quando passou um carro, de modelo desconhecido, que estava ocupado por três homens. Ele, ao observar o veículo passando lentamente, desconfiou e correu para dentro de sua casa, mas, nesse movimento, foi atingido por vários disparos de arma de fogo.

Ele ainda conseguiu cambalear até o fundo do imóvel, onde caiu perto de um portão. Investigação aponta que os autores dessa morte são dos apartamentos do PAC.

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Camboa, onde faccionados rivais estão morando. Um informante teria avisado os executores sobre a presença de “Gugu Branco” na porta de casa. Carlos Augusto era muito temido naquela comunidade. Ele tinha várias passagens em delegacias e no presídio.

Vídeo com armas

No início deste ano, houve uma invasão na Camboa, promovida por membros de uma facção criminosa. O objetivo era expulsar os rivais da região. Foram vários dias com intensos tiroteios e muita tensão. “Gugu Branco” teria comandado essa “ofensiva”. Em um vídeo que circulou nas redes sociais e que foi utilizado pela Polícia Civil na investigação, ele aparece exibindo pistolas e outras armas de fogo potentes, que foram utilizadas no ataque ao grupo inimigo.

Pouco depois, Carlos Augusto foi preso com uma pistola e dois revólveres. Ele estava sendo procurado pela Diretoria de Inteligência e Assuntos Estratégicos (DIAE) e pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).

Prisão por “saidinha”

Em 16 de agosto de 2017, “Gugu Branco” foi preso quando uma “saidinha bancária” foi evitada pela Polícia Civil, no bairro do João Paulo, em São Luís, na porta do Banco Itaú. Policiais das superintendências Estadual de Investigação Criminal e de Homicídios e Proteção à Pessoa participaram da operação, que resultou, ainda, na captura de Carlos André Rocha Veloso, 30, o “Gugu de Brasília”.

Carlos Augusto e Carlos André estavam ao lado da agência bancária, aguardando a vítima, que sairia do banco com uma grande quantidade de dinheiro, para atacá-la e levar a grana em uma motocicleta. Porém, como os policiais já os monitoravam, os dois foram abordados e flagrados com um revólver calibre 38, contendo cinco munições intactas, como foi informado na época pela Seic. Para não chamar a atenção, um dos bandidos, inclusive, trajava um uniforme da Cemar.

Na ocasião, “Gugu Branco” respondia a processo judicial por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e roubo majorado, sendo condenado a 35 anos de prisão nesses delitos. Apesar das sentenças, o criminoso usufruía de liberdade condicional concedida pela 1ª Vara de Execuções Penais (VEP) desde junho do mesmo ano. “Gugu da Brasília”, por sua vez, fora condenado pelo Estatuto do Desarmamento, mas gozava de prisão domiciliar desde janeiro.

Encaminhados à Seic, os dois capturados foram autuados por associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo.

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