Perigo

Líder de facção que foi transferido para presídio federal está no semiaberto

Robson Bruno Pereira Oliveira, de 28 anos, conhecido como "Extremo", compõe a alta cúpula de uma facção. Ele passou um tempo no Mato Grosso do Sul, em presídio federal

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Robson Bruno, o Extremo, beneficiado com o semiaberto
Robson Bruno, o Extremo, beneficiado com o semiaberto (Extremo)

SÃO LUÍS - Considerado um criminoso de alta periculosidade, com uma extensa ficha criminal, Robson Bruno Pereira Oliveira, de 28 anos, conhecido como “Extremo”, está no regime semiaberto, na Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) do Anil, antiga Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ), em São Luís. Ele é catalogado como uma das lideranças de uma facção criminosa que surgiu na capital maranhense. Inclusive, passou uma temporada em presídio federal após os ataques a ônibus e delegacias em janeiro de 2014, que resultaram na morte de Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos.

Uma fonte da polícia ouvida pelo Jornal O Estado informou que, por enquanto, ele ainda não está trabalhando, como pede o regime semiaberto, mas pode conseguir um emprego a qualquer momento. Isso significa que estará nas ruas, o que representa um risco à sociedade, uma vez que “Extremo” é membro da alta cúpula da facção, ocupando um cargo que é denominado de “Final” na organização criminosa.

Robson Bruno havia sido beneficiado com saída temporária no segundo semestre deste ano, durante o Dia de Finados, mas só retornou ao presídio depois de quase um mês após o prazo ter terminado. Ele, por conta do regime semiaberto, pode sair novamente, durante o Natal.

Ex-militar

Segundo o policial militar, antes de ingressar na vida criminosa, “Extremo” esteve nas fileiras do Exército Brasileiro. Na instituição, trabalhou como armeiro - pessoa que repara , modifica , desenha ou constrói armas de fogo - no então 24º Batalhão de Caçadores, hoje 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS). Por motivos desconhecidos, saiu da instituição e começou a praticar delitos na região metropolitana de São Luís.

Por ter se destacado na criminalidade, “Extremo” ganhou respeito entre os comparsas e hoje é líder de facção. A sua “quebrada” é o Complexo DSL, onde ficam os bairros Divineia, Sol e Mar e Vila Luizão, na capital. A prisão dele aconteceu em 13 de agosto de 2013, sob suspeita de ter ordenado a execução de um dono de quitinetes da Divineia, Luís Nunes Costa, 56, o “Luís Cohama”.

Presídio federal

No dia 20 de janeiro de 2014, por volta das 9h, iniciou-se a transferência de presos considerados líderes de uma facção criminosa, que estavam ordenando ataques diretamente do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. O grupo foi enviado ao presídio federal de segurança máxima instalado em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, localizado na região Centro-Oeste do Brasil. Dentre os detentos, estava “Extremo”.

A transferência aconteceu depois de vários ataques ao ônibus e delegacias na Grande Ilha, bem como devido aos constantes homicídios, com decapitações, ocorridos no Complexo de Pedrinhas . Sob escolta de dezenas de policiais do Batalhão de Choque, por meio de um comboio de viaturas pela BR-135, os apenados transferidos entraram em uma aeronave da Força Nacional da Polícia Federal, no Aeroporto Marechal Cunha Machado.

Além de Robson Bruno, foram transferidos Alan Kardec Dias Mota, o “Kardec”; Fábio Coelho dos Santos, o “Fabinho Matador”; Widerley Moraes, conhecido como “Paiakan”; Dino César Vieira Lemos, o “Dino Gordo”; Hilton John Alves Araújo, o “Praguinha”; Jorge Henrique Amorim Martins, conhecido como “Dragão”; Rafael Pereira Oliveira, o “Rafael”, e Warllison Luís Rodrigues dos Santos, o “Au Au”.

Os ataques

Depois de receberem ordens da liderança da facção, que estava no presídio, criminosos soltos realizaram os ataques simultâneos no dia 3 de janeiro de 2014. Naquela data, quatro ônibus foram incendiados, e o 9º Distrito Policial (DP), São Francisco, foi metralhado. Concomitantemente, ocorreram rebeliões e outros pequenos motins no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, com vários presos decapitados.

“Dragão”, como a investigação da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) descobriu, foi o responsável por coordenar os incêndios a ônibus e os ataques ao 9º DP. Ele, que cumpre pena desde o dia 27 de dezembro de 2012, entrou em contato com “Praguinha”, que, por sua vez, “contratou” os executores do serviço. Este último criminoso passou um tempo foragido de Pedrinhas, desde o final do ano de 2012, quando foi agraciado pelo benefício da saída temporária do Natal, não retornando, porém, na data estabelecida.

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