Lockdown

Áreas periféricas ainda causam preocupação com aglomerações

Feiras de São Luís ainda são cenários de descuidos em relação ao distanciamento social e ao uso de máscaras; perigo de contaminação é real

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

[e-s001]Com 95,65% de ocupação dos leitos de UTI e 93,45% dos leitos clínicos, o terceiro dia de lockdown chega na Região Metropolitana de São Luís mostrando visível sucesso nas áreas centrais da capital, porém, as periferias ainda têm descumprimento das orientações.

No segundo dia de lockdown, 6, a Blitz Urbana precisou intervir no bairro Cidade Operária para orientar que comerciantes de serviços não essenciais fechassem suas portas, e que moradores da região ficassem em suas casas. No entanto, a cena se repetiu no terceiro dia de bloqueio na Feira do Mangueirão, no bairro Divineia. Moradores e feirantes andavam pelo local em grande número e alguns, inclusive, sem máscaras.

“Moro aqui próximo a Feira do Mangueirão. Às vezes preciso sair para comprar algumas coisas e tenho observado que a história de lockdown aqui não funciona, porque a aglomeração é constante. Não tenho observado nenhuma mudança, as pessoas continuam se aglomerando”, denunciou Ana Lusia Gonçalves, comerciante e moradora da Divineia.

O juiz Douglas de Melo Martins, que determinou o lockdown na região metropolitana, explicou que um enrijecimento das medidas talvez seja viável. “Tenho visto nos meios de comunicação que nos dois primeiros dias de lockdown houve um forte trabalho de conscientização. Apesar disso, muitas pessoas ainda não compreenderam a gravidade do momento em que vivemos. Para estes, se insistirem em descumprir as regras de isolamento social, resta a aplicação de penalidades, começando pelas multas e podendo chegar à responsabilização criminal”, frisou.

Em entrevista à TV Mirante na manhã de ontem, 7, o governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB), informou que o lockdown já está mostrando resultado, pois há menos pessoas nas ruas, e que não ocorrerá um “encarceramento” da população. Ele também enfatizou que é necessário “senso de proporcionalidade” na hora de pensar em um lockdown em uma cidade brasileira comparado ao que ocorreu em outras cidades ao redor do mundo.

O governador informou que a redução de passageiros no segundo dia de bloqueio total foi de 85% na região metropolitana de São Luís. De 641 mil pessoas a taxa caiu para 96 mil. Dino também lembrou que os resultados em redes de saúde só poderão ser calculados após 10 dias de bloqueio.

Por meio de nota, A Prefeitura de São Luís informou que a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), por meio da Blitz Urbana; Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), por meio da Guarda Municipal; e a Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Abastecimento (Semapa), estão visitando os bairros da capital maranhense para fazer valer as determinações do decreto de lockdown.

Ela também ressaltou que, durante a fiscalização, os comerciantes de produtos não essenciais são orientados a fechar as portas de seus estabelecimentos. Os trabalhos estão sendo intensificados nas feiras e mercados, com orientação aos feirantes e consumidores, quanto às medidas preventivas necessárias para evitar a proliferação do novo coronavírus, principalmente no que diz respeito ao uso de máscaras, higienização das mãos e dos ambientes de trabalho.

A Prefeitura comunicou ainda que, em parceria com o Governo do Estado, são realizadas barreiras nas principais vias dos bairros, com agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) e da Polícia Militar, com abordagens e verificação se os ocupantes dos veículos possuem declaração de que a saída seja por motivo essencial.

[e-s001]Bloqueio
A manhã do terceiro dia de lockdown foi marcada por congestionamento na Avenida dos Portugueses, região do Itaqui-Bacanga, devido às barreiras de fiscalização. As grandes filas de carro também estavam presentes nas avenidas Carlos Cunha, Marechal Castelo Branco e Daniel de La Touche. Os locais que contém barreiras estão sendo fiscalizados por agentes de trânsito e pela Polícia Militar.

Em contraste com esses locais de grande fluxo, a Avenida Litorânea permaneceu vazia. No local, apenas um ônibus foi visto e o fluxo de carros permanece quase absoluto. Antes do lockdown o local estava sendo principal ponto de aglomeração de pessoas que iam às praias ou faziam exercícios em grupo nos calçadões, ignorando as recomendações de saúde.

Em entrevista à TV Mirante, o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), informou que apenas na manhã de ontem, 7, somente cerca de 29 mil carros estavam circulando pela Região Metropolitana de São Luís.

Além da fiscalização de veículos, a Blitz Urbana continuou a orientação de comerciantes e feirantes no bairro Cidade Operaria. O local contém 90 casos confirmados da Covid-19 e tem dificuldades de manter o distanciamento social, principalmente na feira, devido à falta de estrutura.

A Prefeitura de São Luís disponibilizou hoje espaço para que os feirantes do bairro façam suas vendas com a distância adequada entre barracas e cliente. O distanciamento é uma das maneiras para evitar o contágio do novo coronavírus.

O prefeito informou que ações estão sendo organizadas para feiras e mercados de bairros para disciplinar a população. Ele também informou que a Blitz Urbana e a guarda municipal, com auxílio de bombeiros civis, irão ajudar a controlar a entrada e saída de pessoas nesses pontos de comércio locais.

Transporte público
Para melhorar também o distanciamento social, os terminais de integração da Grande Sãos Luís amanheceram com demarcações no chão para a espera do coletivo. A medida foi feita pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) na noite do dia 6 no intuito de cumprir os decretos Estadual e Municipal para a prevenção contra a Covid-19.

Além das demarcações no chão, a Prefeitura de São Luís disponibilizou pias, com água e sabão, para que os passageiros lavem as mãos. No total, foram disponibilizados 10 pontos pela cidade para lavar as mãos e um total de 30 pias.

[e-s001]Agências bancárias
Algumas agências da Caixa Econômica também estavam cheias na manhã de ontem. A agência do bairro São Francisco às 8h já estava dando volta no quarteirão. As filas estão sendo organizadas pelo Corpo de Bombeiros, para garantir o distanciamento social nas portas dos bancos. No entanto, pessoas ainda reclamam do desrespeito às orientações dentro das agências.

Noeme Ramos, estudante, esteve na Caixa do Pop Center, no bairro da Cohab, e percebeu que outros clientes não seguiam as orientações e estavam sentando próximos uns aos outros. “Haviam bombeiros na frente, mas nenhum na parte de dentro. No local não havia distanciamento em relação as poltronas, muitos sentavam um do lado do outro e não tinha ninguém para orientar”, desabafou.

SAIBA MAIS

[e-s001]Higienização
O Exército continuou com a ação de higienização da capital maranhense no terceiro dia de lockdown, dessa vez no Terminal da Ponta da Espera, local de chegada e saída de ferry-boat. O trabalho foi realizado pelo o 24º Batalhão de Infantaria de Selva, como medida de prevenção à Covid-19.

Barreiras

No turno vespertino, as barreiras tiveram continuidade, para impedir o tráfego de veículos sem um destino especificamente voltado para atividades essenciais. Ainda no início da tarde, carros e motocicletas eram parados na Avenida São Marçal, nas proximidades do quartel do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), no João Paulo. Alguns condutores foram orientados sobre o que é permitido e proibido durante a vigência do lockdown, pois não atendiam aos critérios estabelecidos pelo Decreto nº 35.784, que instaurou o bloqueio total na Grande Ilha. Também na Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco, na cabeceira da Ponte do São Francisco, houve abordagens à tarde. Mas poucos veículos passaram pelo local. Os agentes de trânsito quase não tiveram trabalho no turno vespertino, como acompanhou O Estado. Para escapar da barreira, muitos motoristas estão utilizando rotas alternativas, como a Avenida Ferreira Gullar, que dá acesso à Ilhinha. Eles estão entrando na Ponte Bandeira Tribuzi, para sair no Jaracati. Da Avenida Ferreira Gullar, os condutores saem na Avenida Ana Jansen. De lá, seguem aos seus destinos. Isso os deixa livres de serem abordados na Avenida Marechal Castelo Branco, onde os cones espalhados na pista conduzem os veículos, que trafegam em uma velocidade lenta.

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