Com o reajuste das tarifas de ônibus que circulam em São Luís, depois que a greve dos rodoviários foi cancelada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão (Sttrema), houve aumento, também, na passagem dos táxi-lotação, os populares carrinhos, que realizam o percurso do Centro até a área Itaqui-Bacanga. O preço passou de R$ 3,50 para R$ 4,00, como apurado por O Estado. A mudança está sendo motivo de reclamação dos passageiros.

Um dos motoristas de táxi-lotação, que não quis se identificar, disse a O Estado que o aumento ocorreu no domingo, 16, no mesmo dia em que passou a valer o reajuste nas tarifas do transporte coletivo de São Luís. De acordo com ele, o anúncio dos novos valores das passagens foi realizado pela Cooperativa de Táxi e Transporte da Área Itaqui-Bacanga (Coopetaib). O condutor declarou que, imediatamente, o valor das corridas foram reajustadas.

“Ainda tem motorista que está fazendo corrida pelo preço antigo, mas são poucos. Eu acho que isso está acontecendo até a adaptação completa. O engraçado é que os que rodam com R$ 4,00 saem lotados”, expressou o condutor. O aumento dos preços foi confirmado por funcionários da Coopetaib nas imediações do Complexo da Deodoro, na região central da capital maranhense.

Eles comunicaram, inclusive, que o presidente da Cooperativa, Charles Silva, entraria em contato com O Estado, para explicar a situação, mas, até o fechamento desta edição, não houve resposta. Importante destacar que o preço da corrida dos carrinhos que trafegam pelo Conjunto Maiobão, em Paço do Lumiar, e São José de Ribamar, não foram reajustados.

Reclamações dos passageiros
Para quem utiliza o serviço dos carrinhos, o reajuste pegou todo mundo de surpresa. A universitária Camila Braga disse que sempre que ocorre aumento nas passagens dos ônibus, também acontece nos táxi-lotação e nas vans. “O aumento aconteceu no domingo, pelos motoristas dessa cooperativa. Eles têm ponto próximo a Deodoro e rodam pelo Anjo da Guarda e Vila Nova. O chato é que mudaram os preços sem avisar os passageiros, que foram surpreendidos com isso na hora de pagar a corrida”, apontou a jovem.

A universitária frisou que somente os carrinhos que fazem ponto no Mercado Central ainda estão rodando por R$ 3,50. Ela aproveitou para reclamar das condições precárias dos veículos. “Há carros sujos e velhos. Alguns motoristas dirigem sem cinto de segurança. Já peguei carro até sem retrovisor. A maioria está com as portas defeituosas. Muitos sequer fazem a higienização nos veículos. Nem se fale, então, em manutenção”, salientou Camila Braga.

Reajuste nas vans
O Estado apurou, também, que, a partir de segunda-feira, 24, ocorrerá aumento na passagem das vans que fazem o itinerário até o Conjunto Maiobão (e comunidades localizadas nas imediações) e São José de Ribamar. O valor será de R$ 3,50, como um dos motoristas, que circulava pelo Mercado Central, relatou. Por enquanto, o transporte alternativo continua rodando ao preço de R$ 3,00.

Para a vendedora ambulante Fátima Cardoso, que trabalha no Mercado Central, esse aumento já era esperado, tendo em vista que ocorreu o reajuste das tarifas dos ônibus. “Eu achei que está demorando. Pensei que aumentaria logo no domingo. A gente sofre com isso. Eu saio do Iguaíba para vender meus produtos aqui. O custo vai ser grande”, comentou.

Reajuste nos ônibus
O reajuste no preço das passagens dos coletivos aconteceu no último dia 16, mas o anúncio foi realizado na sexta-feira, 14, depois que o Sttrema decidiu suspender a greve dos rodoviários. A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) disse que os valores das tarifas de ônibus do transporte urbano da capital foram modificados em conformidade com a necessidade de manutenção do equilíbrio do sistema que opera o serviço de coletivos em São Luís.

Com o reajuste, a passagem das linhas não integradas passou de R$ 2,95 para R$ 3,20, enquanto a das linhas integradas passou de R$ 3,40 para R$ 3,70. A SMTT informou que as recargas realizadas antes do reajuste tarifário nos Cartões Estudantis, de Vale Transporte e do Bilhete Único terão validade até 16 de março deste ano. O Sistema de Transporte Urbano da capital, como o órgão destacou, é composto por 174 linhas. Destas, 149 integradas e 25 não integradas, que atendem cerca de 550 mil usuários/dia.

Suspensão da greve
Como resultado da reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), na sexta-feira, 14, a greve dos motoristas e cobradores foi suspensa. O Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT/MA) intermediou a negociação, por meio do desembargador José Evandro de Souza. Ficou acordado um reajuste salarial de 5%, além de outros detalhes.

A audiência de conciliação ocorreu na sede do TRT/MA, em São Luís, após ter sido antecipada, pois estava marcada para o início desta semana. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, foram mais de três horas de discussões. Três propostas foram lançadas no decorrer da reunião, mas não foram aceitas pelos trabalhadores. Mesmo com os ânimos exaltados, as partes chegaram a um consenso, depois da intervenção do desembargador José Evandro.

O acordo
Pelo acordo proposto pelo Tribunal Regional do Trabalho, ficou estabelecido um reajuste salarial de 5%, mesma porcentagem para o valor do tíquete-alimentação, para todas as funções. Ficou mantido o plano de saúde e o pagamento de R$ 156 no tíquete-alimentação somente para o motorista que também exerce a função de cobrador. Com os termos apresentados, o Sindicato dos Rodoviários aceitou o que havia sido definido pelo TRT/MA na audiência de conciliação.

“Desta forma, a entidade se comprometeu com o Tribunal a suspender a paralisação no transporte público de São Luís, que já estava prevista para ser deflagrada a partir de segunda-feira”, declarou Isaías Castelo Branco, presidente do Sttrema. O acordo foi homologado pelo desembargador, que é vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região. No caso do motorista, somente receberá os R$ 6,00 diários quando estiverem atuando simultaneamente como cobradores, pois há momentos em que exercem apenas uma função.

Pelas cláusulas do acordo, apenas o reajuste de 5% sobre os salários retroagirá aos meses de janeiro e fevereiro de 2020. O sindicato patronal também se comprometeu a manter o plano de saúde nos moldes anteriores, ou seja, exclusivamente para o empregado titular.

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