Editorial

Rasteira no bom senso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21

Uma brincadeira que, nem de longe, pode-se dizer que é inocente, viralizou nas redes sociais e está causando grande preocupação entre pais, profissionais da saúde, e professores. O “desafio da rasteira” é algo grotesco, que qualquer um que veja logo entende que não pode terminar bem, mas, infelizmente, caiu no gosto da meninada, que parece não ter a menor noção das consequências de algo desse tipo.

O tal desafio consiste na filmagem de três pessoas, perfiladas lado a lado. A primeira da direita dá um pulo, em seguida a da esquerda também pula, mas quando a pessoa do meio pula, as duas, das laterais, batem a perna nas suas, em uma rasteira dupla, que tira o equilíbrio da pessoa e a faz cair de costas, em um tombo alto e de surpresa.

Conforme médicos que já viram alguns vídeos afirmaram, a queda pode causar fraturas e lesões de ligamentos na coluna, com consequências de dor crônica, hérnia de disco traumática e até fraturas com lesão medular parcial ou total, o poderia provocar a perda permanente e definitiva de movimentos, ou seja, paraplegia ou tetraplegia.

A grande maioria das pessoas que levam a rasteira não tem a menor ideia do que vai acontecer e essa seria a intenção maior da brincadeira, causar a queda e rir de quem caiu. Esse tombo, porém, pode causar danos sérios à coluna e ao cérebro, caso o garoto bata a cabeça, o que é muito comum. Já houve registros de convulsões, desmaios, causados por traumatismo craniano, e até uma morte.

Há informes de que uma adolescente de 16 anos morreu, em Mossoró, (RN), em decorrência de uma ‘brincadeira’ senão igual, muito semelhante, em novembro passado.

Pior, não somente crianças e adolescentes, que se acredita tem menor senso crítico, noção do perigo e condições de identificar o que é certo ou errado, estariam fazendo e publicando o tal desafio. Há casos de adultos e até pais com filhos, o que aumenta a preocupação sobre a viralização e consequências, porque acaba chancelando a ação. “Se adultos fazem é porque está certo!”, pensam os menores.

A brincadeira teria sido lançada, segundo informes, por um youtuber, que fez a ‘brincadeira’ (pasmem!) com a própria mãe, além de outras pessoas. Os vídeos, inclusive, já teriam sido tirados do ar, quando se percebeu a dimensão que havia tomado a perigosa iniciativa.

Infelizmente, a mesma internet que serve para informar positivamente, ensinar, atualizar e ajudar, também acaba disseminando o mal. O desafio da rasteira não é a primeira ‘brincadeira’ de péssimo gosto que viralizou e caiu no gosto dos adolescentes. Já houve o ‘desafio da baleia azul’, que consistia no cumprimento de 50 ordens loucas, que culminavam com um suicídio.

Já foi espalhado nas redes também o ‘jogo da asfixia’, no qual a pessoa se enforca, para ter sensações psicodélicas, podendo até perder a consciência e causar danos neurológicos em si. E ainda jogos e desafios como ‘balconing’, filmar-se pulando de uma varanda a outra, e o ‘planking’, fotografar-se em lugares altos, com o corpo em equilíbrio instável.

Cada vez mais percebe-se o quão perigosa pode se tornar a internet para os mais jovens, quando não há um monitoramento e acompanhamento de uma pessoa adulta e responsável. O ideal é que os pais conversem mais com os filhos e os orientem sobre a gravidade de participar de tais ‘brincadeiras’ que não tem nada de divertidas, pois o que acham graça é a situação vexatória de alguém, ou até um dano em seu corpo.

É necessário que os pais saibam como pensam e como agem seus filhos, o que conversam e com quem se relacionam, além, e principalmente, quais as práticas estão aderindo, junto com os amigos. A nova ‘brincadeira’ é tão grave quanto as demais e pode transformar o participante em um assassino, caso dê a rasteira mortal, ou a vítima fatal.

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