Islã radical

França: Macron prepara plano contra ''separatismo religioso''

Discute-se a ideia de um ''manual da laicidade'', lembrando as regras de reciprocidade, direitos e deveres dos cidadãos para enfrentar o comunitarismo, algo associado principalmente a correntes mais radicais do Islã

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Emmanuel Macron, presidente da França, ora no Muro das Lamentações em Jerusalém, em janeiro de 2020
Emmanuel Macron, presidente da França, ora no Muro das Lamentações em Jerusalém, em janeiro de 2020 (Reuters)

PARIS - O jornal francês "Le Parisien" e o "Le Figaro" destacaram, na sexta-feira,7, o plano que o presidente francês, Emmanuel Macron, deve apresentar em breve um para lutar contra o "comunitarismo" de vertentes religiosas mais radicais, principalmente islâmicas, que impedem que seus membros se integrem aos valores da sociedade francesa.

De acordo com informações dos dois jornais franceses, o chefe de Estado recebeu na quinta-feira,6, no Palácio do Eliseu cerca de dez prefeitos de diferentes cidades francesas e vertentes políticas para falar de sua proposta, que deve ser apresentada, se não houver atraso, antes das eleições municipais francesas, que acontecem no dia 15 de março. Antes, o governo deverá realizar uma reunião interministerial para finalizar as medidas, que ainda continuam a ser debatidas nos bastidores. Responsáveis associativos, intelectuais e sociólogos também estão sendo ouvidos.

Segundo fontes do "Le Parisien", o encontro de quinta-feira,6, foi marcado de última hora e teve a presença dos ministros das Coletividades Locais, Sébastien Lecournu, e do Interior, Christophe Castaner. Durante cerca de três horas, os participantes discutiram propostas.

Uma delas é a criação de um "manual da laicidade", lembrando as regras de reciprocidade, direitos e deveres dos cidadãos. O plano ainda não foi finalizado, e por isso Macron não pode, por enquanto, apresentar suas conclusões, mas deu pistas sobre o que ele imagina ser a via ideal para enfrentar o comunitarismo - associado principalmente a correntes mais radicais do Islã.

De acordo com um dos presentes, o presidente francês insistiu que a República é "indivisível", e que o assunto não pode ser abordado como se fosse um combate, em uma guerra, mas através do diálogo. Três reuniões sobre o assunto já foram realizadas, mas o presidente está insatisfeito com as propostas, que ele julga "fracas", segundo um ministro.

Luta contra radicalização

No governo, entretanto, todos estão habituados ao nível de exigência do chefe de Estado. De um modo geral, Macron espera que as medidas sejam eficazes, além de juridicamente e politicamente viáveis. Algumas delas já foram discutidas no dia 28 de janeiro com o primeiro-ministro Edouard Philippe.

Um dos pontos principais é a questão da organização dos cultos, que não estava prevista no projeto inicial. É importante lembrar que, há alguns anos, muitos pregadores salafistas serviram de ponte para o recrutamento de jovens franceses muçulmanos. Radicalizados, vários acabaram integrando o grupo Estado Islâmico na Síria.

Por isso o ministro do Interior, Christophe Castaner, se opõe ao financiamento dos locais de culto por outros países, ou defende um controle mais acirrado das atividades de associações culturais. Um novo ciclo de debates também deve ser lançado com os responsáveis religiosos na França. É somente através de um diálogo institucionalizado com o CFCM (Conselho francês do Culto Muçulmano) que a estratégia de defesa dos princípios e da ordem republicanos será coerente, acredita a Presidência francesa.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.