Acusações

Emitido mandado de prisão contra ex-presidente Morales

Evo foi intimado por supostos crimes de sedição e terrorismo; Morales está na Argentina como refugiado desde a semana passada, onde tenta finalizar os detalhes da candidatura do MAS à Presidência, após se exilar por um mês no México

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Evo Morales chega para entrevista coletiva em Buenos Aires
Evo Morales chega para entrevista coletiva em Buenos Aires (Reuters)

Legenda/Reuters

Evo Morales chega para entrevista coletiva em Buenos Aires

LA PAZ - O ministro do Governo da Bolívia, Arturo Murillo, anunciou nesta quarta-feira que o Ministério Público emitiu um mandado de prisão contra o ex-presidente Evo Morales, refugiado na Argentina, por supostos crimes de sedição, terrorismo e financiamento ao terrorismo. Morales foi intimidado a responder e prestar depoimento pessoalmente sobre o caso na capital boliviana. O ex-presidente está na Argentina há uma semana.

Em novembro, o ministro pediu ao Ministério Público que iniciasse uma investigação sobre o ex-presidente, com base em um áudio supostamente gravado por ele durante os protestos que tomaram conta do país após sua renúncia. Na gravação, um homem, que segundo Murillo seria Morales, instrui o líder cocaleiro Faustino Yucra Yarwi a fechar os acessos às cidades e interromper o abastecimento de alimentos. “Que não entre comida nas cidades, vamos bloquear, cerco de verdade”, diz um trecho da gravação. Para o ministro, o áudio configura um “crime de lesa-humanidade”.

No sábado, a presidente interina, Jeanine Áñez, já havia anunciado a ordem de prisão, sem dar mais detalhes. Segundo ela, Morales “nunca respeitou nada, nem mesmo a própria Constituição”, por isso, se ele retornar à Bolívia “sabe que precisa dar respostas ao país, (já que) tem contas pendentes na Justiça”.

Ontem, 18, Murillo postou uma cópia do mandado no Twitter, com a seguinte declaração: “Sr. Evo Morales, para seu conhecimento”:

O documento, assinado pelos promotores de La Paz, Jhimmy Almanza e Richard Villaca, ordena que promotores, policiais ou funcionários públicos “prendam e conduzam o Sr. Juan Evo Morales Ayma aos escritórios do Ministério Público”, em La Paz. A ordem de prisão inclui o nome do líder cocalero, acusado pelo crime de narcotráfico, e foragido desde então.

"Todos os requisitos de investigação foram cumpridos e a comissão de promotores emitiu os mandados de prisão contra o senhor Juan Evo Morales Ayma e o senhor Faustino Yucra pelos delitos investigados na denúncia apresentada pela Procuradoria de La Paz", disse o major Luis Fernando Guarachi, da Força Especial Contra o Crime (FELCC), à rede Unitel.

A autenticidade da gravação não foi confirmada, e políticos do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, negam que o áudio seja verdadeiro. No Twitter, o ex-presidente afirmou, à época, que as autoridades deveriam investigar a morte de manifestantes em vez de ir atrás dele com base em uma “prova falsa”.

Os incidentes deixaram 36 mortos, a maioria apoiadores de Morales, segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que pediu a criação de um grupo independente para investigar as mortes.

Refugiado

Morales está na Argentina como refugiado desde a semana passada, onde tenta finalizar os detalhes da candidatura do MAS à Presidência, após se exilar por um mês no México. “Estou convencido de que vamos vencer as próximas eleições. Não serei candidato, mas tenho o direito de fazer política”, afirmou no Twitter.

Questionado sobre quem será o candidato, o ex-presidente mencionou líderes como Adriana Salvatierra e Andrónico Rodríguez: “Estamos debatendo. Vamos com o melhor candidato, alguém que garanta não apenas o voto indígena, mas também o voto da classe média e da classe empresarial”.

Na terça-feira,16, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou pela primeira vez seu apoio à presidente interina e denunciou a violência provocada na Bolívia por agentes internos e externos.

“Apoiamos Jeanine Áñez na Bolívia enquanto trabalha para garantir uma transição democrática pacífica através de eleições livres”, escreveu o presidente americano sobre a ex-senadora, que se autoproclamou presidente há cerca de um mês. “Denunciamos a violência em curso e os que a provocam, tanto na Bolívia como de longe. Os Estados Unidos apoiam o povo da região pela paz e a democracia”.

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