Força militar

China aumenta poderio militar com a inauguração de porta-aviões

O navio Shandong é capaz de carregar 36 caças, segundo a imprensa chinesa; ele é mais uma prova do aumento da força militar do país asiático, que já é a segunda maior potência militar do mundo, ainda bem atrás dos Estados Unidos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Captura de tela da transmissão do canal chinês CCTV, que mostra o porta-aviões Shandong
Captura de tela da transmissão do canal chinês CCTV, que mostra o porta-aviões Shandong (Reuters)

PEQUIM — O poderio militar chinês ganhou um novo símbolo: seu segundo porta-aviões, o primeiro de fabricação 100% nacional, entrou em funcionamento na terça-feira, 17, segundo o canal estatal CCTV. O anúncio vem em meio ao acirramento da rivalidade com os Estados Unidos no Pacífico e impasses no Mar do Sul da China, que aparentam estar cada vez mais distante de uma solução.

A apresentação oficial do Shandong, nome do navio, ocorreu em uma cerimônia na base naval da cidade de Sanya, na ilha de Hainan, sul do país. Além de 5 mil integrantes da Marinha e dos construtores da embarcação, estiveram presentes também o presidente Xi Jinping, que inspecionou a embarcação, e diversos membros da alta cúpula de Pequim.

O novo porta-aviões, que até o momento era conhecido como Type-001A, cruzou o Estreito de Taiwan para conduzir “testes científicos e treinamento de rotina”, indo para o Mar do Sul da China no mês passado. A embarcação, cuja construção começou em 2013, estava prevista para ser entregue em abril — o atraso, segundo o jornal South China Morning Post, sugere que houve problemas técnicos. Seu primeiro teste no mar aconteceu em maio de 2018.

O Shandong funciona a propulsão clássica (não nuclear) e pode embarcar 36 caças, segundo a imprensa chinesa. Ele é mais uma prova do aumento da força militar do país asiático, que já é a segunda maior potência militar do mundo, ainda bem atrás dos Estados Unidos.

" Com esse novo porta-aviões, a China que estar em posição de assegurar uma presença visível, potente e durável", disse à AFP James Goldrick, especialista em forças navais da Universidade Nacional Australiana. "Quer proteger seus navios de mercadorias, em particular as vitais cargas energéticas provenientes do Oriente Médio".

Até esta terça-feira, a China possuía apenas um porta-aviões em atividade, o Liaoning. A embarcação, que entrou em atividade em 2012, havia sido construída pela União Soviética e comprada do governo ucraniano.

Poderio chinês

O início das operações do Shandong coincide com um momento no qual Pequim reivindica com maior veemência suas pretensões territoriais no Mar do Sul da China. Argumentando ser uma presença mais antiga na área e utilizando seu poderio militar para afirmar sua posição, o governo chinês disputa com outros países — Vietnã, Filipinas, Malásia e Brunei — o controle de ilhas e ilhotas da região.

Nesse contexto, e para desafiar as ambições de Pequim, os Estados Unidos enviam regularmente navios de guerra para o Mar do Sul da China e, especificamente, para a costa de Taiwan. Segundo os EUA, isto é feito em nome da "liberdade de navegação" — algo entendido pelo PC como provocação.

Leia ainda: Por influência e recursos, China marca terreno no Mar do Sul da China

A alocação do porta-aviões na cidade de Sanya, no sul do país, é uma tentativa de deter forças pró-independência em Taiwan, segundo uma fonte militar ouvida pelo South China Morning Post. A ilha de Taiwan, para onde os nacionalistas fugiram depois da vitória comunista na guerra civil, em 1949, permanece politicamente separada da China continental há 70 anos e Pequim a vê como um “território rebelde”.

"Este novo porta-aviões será uma grande ajuda para manter a soberania nacional, integridade territorial e segurança [frente à Marinha dos EUA]", disse o especialista militar chinês Song Zhongping.

Com dois porta-aviões em serviço, Pequim ainda está longe dos Estados Unidos, com 11, mas supera Rússia, França, Índia e Reino Unido (todos com um), aponta Nick Childs, especialista em forças navais no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) de Londres.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.