Líder chinês

Xi demonstra apoio ao governo de Hong Kong após protestos

Segundo líder chinês, 2019 foi o ano ''mais grave e complicado'' que o território enfrentou desde sua devolução à China, em 1997; os protestos começaram em junho, contra um já cancelado projeto de lei que permitiria a extradição de cidadãos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Presidente Xi Jinping é visto participando de vídeoconferência com o líder russo Vladimir Putin
Presidente Xi Jinping é visto participando de vídeoconferência com o líder russo Vladimir Putin (Reuters)

PEQUIM — O presidente da China, Xi Jinping, demonstrou seu apoio à chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, em meio aos mais de seis meses de protestos antigoverno e pró-democracia que tomam as ruas da cidade. O líder chinês destacou a “coragem e a responsabilidade” de Lam durante o que disse ser “o ano mais grave e complicado” enfrentado pelo território desde que foi devolvido a Pequim pelos britânicos, em 1997.

Em um recado implícito para os manifestantes que buscam maior autonomia, Xi destacou que seu governo tem uma “determinação inabalável para proteger a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento”. Os comentários do presidente vêm pouco menos de um mês após as eleições distritais, nas quais representantes pró-democracia tiveram uma vitória inédita, conquistando mais da metade dos 452 postos de conselheiros.

"O governo central reconhece completamente a coragem e a responsabilidade que você demonstrou nestes tempos excepcionais em Hong Kong", disse Xi, dirigindo-se a Lam.

A visita de Lam a Pequim, que começou no final de semana, ocorre em razão de um evento anual para os líderes de Hong Kong, no qual seus desempenhos são avaliados por Pequim. Desta vez, no entanto, sua participação é avaliada de perto em razão dos protestos, marcados por frequentes episódios de violência. Segundo a mídia local, o encontro com Xi seria utilizado para discutir novas diretrizes para lidar com a crise política, mas não há maiores detalhes sobre o conteúdo das conversas.

Seis meses de protestos

Os protestos começaram em junho, contra um já cancelado projeto de lei que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental, onde seriam julgados por um Judiciário controlado pelo Partido Comunista. Isto, segundo os opositores, violaria a autonomia judicial, administrativa e política garantida pelo modelo “um país, dois sistemas”, em vigor desde a devolução do território para Pequim.

Com o acirramento dos confrontos entre manifestantes e policiais, os manifestantes englobaram novas demandas que desafiavam ainda mais a soberania chinesa, como eleições diretas para o cargo de chefe do Executivo e um inquérito independente sobre as acusações de brutalidade policial. Rapidamente, Lam também se tornou um alvo preferencial para os manifestantes, que a veem como um símbolo de um modelo de governo enraizado em Pequim e que não é suficientemente representativo dos sete milhões de habitantes da cidade.

Antes de se encontrar com Xi, a chefe do Executivo, que disse acreditar que os protestos estavam diminuindo, se reuniu com o premier Li Keqiang, no 2 do PC. Ele, por sua vez, elogiou as medidas tomadas pelo governo local para auxiliar os negócios e estabilizar as taxas de desemprego.

"Pode ser dito que você respondeu aos desafios", disse o premier. "O governo central apoia completamente os esforços realizados por você e pelo seu governo".

Referindo-se aos protestos, Li disse que o governo deve continuar trabalhando para “pôr um fim à violência e cessar a desordem”. Ele disse ainda que os líderes da cidade devem encontrar soluções “para as contradições enraizadas e problemas” na sociedade e na economia local. Anteriormente, Pequim já havia pedido para que as lideranças locais endereçassem os altos preços de imóveis, a crescente desigualdade e outras razões econômicas.

Eleições distritais

Lam, previamente, disse estar disposta a fazer o necessário para apaziguar a situação no território, palco de novos protestos no final de semana, mas nega os boatos de que teria enviado sua carta de renúncia, supostamente rejeitada por Pequim. Funcionários das altas cúpulas do governo central e local disseram que mesmo que a chefe do Executivo desejasse abandonar seu cargo, o PC não a deixaria, pois isso seria visto como um símbolo de fraqueza.

Previamente, Xi elogiu Lam durante um encontro que tiveram em Xangai, no início de novembro, dizendo ter "alto grau de confiança" em seu governo. Logo após, no entanto, os protestos tiveram alguns de seus episódios mais violentos, após manifestantes ocuparem algumas das principais universidades da cidade, transformando-as em armazéns e quartéis por duas semanas.

Logo em seguida, veio a grande derrota nas eleições distritais, onde grupos pró-democracia conquistaram 87% dos assentos, controlando 17 dos 18 conselhos, a menor unidade administrativa local. A votação foi vista como um símbolo de apoio ao movimento de protesto, mesmo em meio ao acirramento da violência.

O resultado parece ter sido uma surpresa para Pequim que, junto com seus aliados locais, apostavam que o voto seria utilizado pela “maioria silenciosa” para mostrar sua insatisfação com o movimento e “pôr um fim no caos social e na violência”. A mídia estatal culpou o resultado à interferência hostil de forças externas do Ocidentes que, segundo os chineses, fomentam o movimento de oposição na cidade.

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