Nas eleições

Comitê de campanha de Trump diz que impeachment o ajudará

Presidente republicano espera uma revolta pública como a vista contra o impeachment do presidente democrata Bill Clinton, em 1998, mas, por enquanto, isso não aconteceu, mostraram dados da pesquisa Reuters/Ipsos nos últimos meses

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Apoiadores de Donald Trump fazem ato em Washington no dia 17 de outubro de 2019
Apoiadores de Donald Trump fazem ato em Washington no dia 17 de outubro de 2019 (Reuters)

WASHINGTON - Para a campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, os esforços liderados pela oposição democrata para sujeitá-lo a um impeachment são um grande trunfo na busca do republicano pela reeleição em 2020, apostando que apoiadores e aqueles insatisfeitos com a política se sentirão motivados a votar nele em novembro.

Mas se o presidente republicano está esperando uma revolta pública como a vista contra o impeachment do presidente democrata Bill Clinton em 1998, por enquanto isso não aconteceu, mostraram dados da pesquisa Reuters/Ipsos nos últimos meses.

Na verdade, o inquérito de impeachment da Câmara dos Deputados provocou uma campanha maior entre os democratas para responsabilizar Trump pelos esforços de pressionar a Ucrânia a investigar o rival político democrata Joe Biden, de acordo com uma análise de pesquisas realizadas todas as semanas desde 24 de setembro, quando o escândalo ucraniano veio à tona.

Nesta semana, Trump provavelmente se tornará o terceiro presidente norte-americano a ter um impeachment aprovado na Câmara dos Deputados quando o plenário da Casa de maioria democrata votar os artigos de impeachment que o acusam de abusar de seu cargo e de obstruir o inquérito do Congresso a respeito da questão.

Isso levaria a um julgamento no Senado controlado pelos republicanos, que dificilmente votaria pelo afastamento de Trump do cargo. Trump nega qualquer irregularidade e qualificou o inquérito de impeachment como uma farsa.

Impeachment é oportunidade

Desde que os democratas da Câmara iniciaram o inquérito de impeachment, a campanha de Trump vem enviando tópicos de debate para autoridades do Partido Republicano de todo o país na tentativa de transformar a crise em uma vantagem política, segundo assessores e um documento interno da campanha visto pela Reuters.

"Sempre que as pessoas tentam diminuir este presidente legítimo de qualquer maneira, seus eleitores reagem", disse o gerente da campanha de Trump, Brad Parscale, a repórteres na quinta-feira,12. O modelo adotado pelos republicanos daqui em diante pode ser o impeachment de 1998 contra Clinton.

À época, o instituto de pesquisa Gallup mostrou que a popularidade de Clinton cresceu em meio à polarização partidária durante os procedimentos da Câmara, chegando a 73% no momento da votação do impeachment.

Clinton, que teve o impeachment aprovado na Câmara por mentir sobre um relacionamento sexual que teve com uma estagiária da Casa Branca, emergiu politicamente mais forte depois de ser absolvido em um julgamento no Senado no início de 1999.

Já o índice de aprovação de Trump pairou em torno de 40% o ano inteiro, mudando pouco nos últimos três meses.

Acusações contra Trump

Na sexta-feira,13, o Comitê Judiciário da Câmara aprovou as acusações a serem usadas contra Trump.

Os artigos do impeachment serão:

Abuso de poder ao pedir investigação contra os Biden, no que os deputados consideraram "interferência de um governo estrangeiro" em favor da reeleição de Trump em 2020;
Obstrução de justiça por ignorar intimações e se recusar em entregar documentos aos investigadores durante o inquérito.

A abertura do processo foi anunciada em setembro, motivada porque Trump pediu ao governo da Ucrânia que lançasse uma investigação sobre seu adversário político, Joe Biden – um dos favoritos à indicação democrata para enfrentá-lo na eleição presidencial de 2020, e o filho deste, Hunter.

Trump também reteve uma ajuda militar de US$ 391 milhões ao país, cuja liberação – que acabou acontecendo mais tarde – seria condicionada à colaboração nessa investigação sobre os Biden.

Os rivais do presidente consideraram que ele abusou do poder de seu cargo ao pedir intervenção estrangeira nas eleições americanas.

Após o início do processo de impeachment, Trump ordenou que as autoridades do governo não testemunhassem e se recusou a entregar documentos requeridos pela Câmara relacionados ao assunto.

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