Contra o governo Macron

Agricultores franceses fecham ruas de Paris com tratores em protesto

Produtores criticam políticas públicas que, segundo eles, prejudicam a atividade, como acordos internacionais e a retirada gradual do agrotóxico glifosato do mercado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Agricultores da França protestam contra acordos internacionais negociados pelo governo
Agricultores da França protestam contra acordos internacionais negociados pelo governo (Reuters)

PARIS - Cerca de mil agricultores da França organizaram uma manifestação em Paris ontem,27, para protestar contra políticas do governo que, segundo eles, ameaçam a atividade agrícola no país.

De acordo com a agência de notícias Reuters, os manifestantes bloquearam a avenida Champs-Elysées com fardos de palha. Depois, agitaram bandeiras e cantaram enquanto representantes sindicais faziam discursos prometendo protestar até serem recebidos pelo presidente francês Emmanuel Macron.

Os sindicatos exigem uma reunião com Macron para expressar queixas sobre políticas que, segundo eles, estão prejudicando a agricultura, como os acordos comerciais firmados pelo país.

Um deles é entre Mercosul e União Europeia, anunciado no fim de junho e que ainda depende da aprovação dos parlamentos de todos os países envolvidos.

O acordo sofre forte resistência dos agricultores franceses, que, mesmo com grandes subsídios, temem perder mercado para os alimentos vindos da América do Sul.

Outra crítica dos produtores é a eliminação gradual do herbicida glifosato, o agrotóxico mais vendido no mundo.

Protestos

Em outros lugares da capital, outros agricultores chegaram com centenas de tratores, que bloquearam algumas rodovias e o anel viário de Paris.

O ressentimento entre os agricultores tem crescido com o que eles chamam de "agressão", ou críticas à agricultura sobre questões que vão do uso de pesticidas ao bem-estar animal.

Os ataques a fazendas de gado e açougues de ativistas veganos também causaram indignação entre os trabalhadores da agricultura.

"Durante anos, a profissão foi maltratada e difamada por certas associações que sugerem que não estamos fazendo o trabalho da maneira que deveríamos, que estamos envenenando pessoas e para agricultores isso é inaceitável. Condenamos a maneira como nossos profissão é depreciada", afirmou o produtor rural Jean-Yves Bricout, um dos organizadores do protesto.

Nem mesmo uma lei de alimentos aprovada pelo governo de Macron, que pretendia dar aos agricultores uma parcela mais justa dos lucros, não conseguiu dissipar seu descontentamento por receitas modestas.

"Os preços não estão acompanhando, nossos custos estão subindo e nossa receita está caindo, mesmo que este ano a colheita tenha sido boa, mas os preços significam que não podemos ter uma vida decente com nosso trabalho", disse Eric Labarre, um agricultor da região de Oise.

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