Dívida

Atendimento na Maternidade Maria do Amparo pode ficar comprometido

Déficit mensal seria de R$ 60 mil, e o custo mensal de R$ 280 mil; no início deste ano, o atendimento chegou a ser suspenso, mas foi retomado

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Mais uma vez, este ano, a Maternidade Maria do Amparo passa por crise financeira e pode suspender atendimento
Mais uma vez, este ano, a Maternidade Maria do Amparo passa por crise financeira e pode suspender atendimento (maternidade maria do amparo)

A Maternidade Maria do Amparo, localizada no bairro Anil, em São Luís, está passando novamente por uma crise financeira, que pode, mais uma vez, provocar a suspensão do atendimento, como aconteceu no início deste ano. Os médicos da instituição filantrópica estão com salários atrasados. Alguns deles deixaram de trabalhar no local, porque não estão recebendo. A entidade alega que uma das razões para o déficit nas contas é a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), que não é atualizada.

De acordo com Egídio Ribeiro, voluntário e colaborador da maternidade, os repasses referentes à produção estão em dia, mas aquele que é utilizado para pagamento dos médicos está atrasado. No fim de outubro, a verba relativa a dois meses foi repassada, mas ainda está faltando o de novembro. Com isso, os débitos se acumulam, o que pode interromper a realização de uma média de 200 partos por mês. O déficit gira em torno de R$ 60 mil mensal.

“A nossa grande dificuldade está sendo o pagamento do salário dos médicos. O valor que o SUS paga pelos procedimentos é pequeno. Por mais que a gente trabalhe e produza, os recursos são insuficientes”, disse Egídio Ribeiro. Segundo ele, que já foi diretor da Maternidade Maria do Amparo, a instituição tem uma despesa grande, incluindo os fornecedores e material. Com a crise, a situação se agrava.

Ele comentou que, como a entidade gasta mais do que recebe, ocorre um desequilíbrio financeiro. Então, a maternidade fica devendo. Isso se transforma em uma situação que parece não ter solução. “A tabela do SUS não aumenta. O momento é difícil. Além de maternidade, também há o ambulatório. Temos de pagar fornecedores e adquirir medicamentos e insumos. Esses procedimentos são tabelados nacionalmente pelo SUS. O Ministério da Saúde tem uma tabela, que contém o valor de cada parto”, explicou o colaborador.

Saída de médicos
Egídio Ribeiro negou que tenham ocorrido demissões na unidade. De acordo com ele, os médicos trabalham em empresas, que prestam serviços na maternidade. Com salário atrasado, muitos deles se negam a trabalhar, enquanto a situação não é resolvida.

“Eles procuram outro local para trabalhar. Ninguém foi demitido. Nem médico, nem funcionário da casa, que é pago pela própria instituição, com carteira assinada”, pontuou o ex-diretor da Maria do Amparo.

Ações complementares
Para compensar a falta de recursos, a direção da maternidade realiza outras ações, como bingos e feijoada. O objetivo é arrecadar dinheiro para manter a instituição filantrópica.

“A gente procura de todas as maneiras. Recebemos doações, por exemplo, para pagar os débitos, para complementar. Só o dinheiro do SUS não cobre o custo. Se houvesse uma fonte de recursos que pudesse ajudar, seria melhor, porque conseguiríamos equacionar e trabalhar mais tranquilo. A gente sempre precisa de ajuda, para saldar as dívidas”, destacou Ribeiro.

REABERTURA DA MATERNIDADE

Em março deste ano, a Maria do Amparo foi reaberta após o atendimento ter sido suspenso por causa do término do convênio com o Governo do Estado. A retomada aconteceu depois que a instituição celebrou novo convênio, que foi firmado com a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus). Durante o tempo em que a maternidade ficou fechada, as gestantes tiveram de buscar assistência em outras maternidades da capital, como Marly Sarney e Benedito Leite.
A maternidade realiza, anualmente, mais de 2 mil partos. Mensalmente, são cerca de 200. Por este motivo, a suspensão do atendimento causou uma repercussão negativa na sociedade. No local, trabalham profissionais como ginecologistas, obstetras, anestesistas e pediatras.

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