Disputa de poder

Na Bolívia, Morales comemora vitória na eleição presidencial

Com mais de 99% das urnas apuradas, presidente tem 10,38 pontos percentuais à frente do segundo colocado; ele diz que iria ao segundo turno, mas que ''defenderá o resultado'' em caso de vitória agora

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Evo Morales fala durante entrevista coletiva: presidente comemorou vitória com 98% das urnas apuradas
Evo Morales fala durante entrevista coletiva: presidente comemorou vitória com 98% das urnas apuradas (Reuters)

LA PAZ — Com uma diferença de 10,38 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o que lhe garantiria uma vitória no primeiro turno, o presidente boliviano, Evo Morales , subiu o tom nesta quinta-feira e chamou o opositor, o ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), de criminoso. Em uma entrevista coletiva na qual comemorou a vitória, com mais de 98% dos votos oficiais computados, Morales afirmou que comunidade internacional deve respeitar a soberania boliviana.

" Boas notícias... Nós já vencemos no primeiro turno", disse Morales em entrevista coletiva." A OEA [Organização dos Estados Americanos], como observadora do processo eleitoral, e a comunidade internacional devem respeitar a Constituição boliviana".

O bom humor com que Morales iniciou a coletiva mudou após a pergunta de um dos jornalistas, que lhe questionou se ele temia ir para o segundo turno. Depois de apresentar argumentos históricos, o presidente enfatizou que a democracia será defendida.

"Restam cerca de 120 mil votos. Respeitaremos se o resultado final indicar que existe um segundo turno, e se o resultado disser que não há, nós o defenderemos. Como seria bom ir para o segundo turno".

Com 99,1% dos votos computados, a diferença entre os dois candidatos é agora de 10,13 pontos percentuais: Morales tem 46,97%, e Mesa 36,59%. Na Bolívia, para evitar um segundo turno é necessário que o candidato vitorioso tenha 50% mais um dos votos ou mais de 40% e uma diferença de dez pontos sobre o segundo colocado.

Na véspera, em meio à crise desencadeada por um confuso processo de apuração das eleições presidenciais do último domingo, a missão de observação da OEA apresentou, em Washington, um relatório preliminar pedindo que haja um segundo turno mesmo que o presidente Evo Morales vença “devido ao contexto e aos problemas evidenciados no processo eleitoral”.

Crítica ao opositor

Morales também criticou o opositor, que convocou a população a uma “mobilização permanente” em defesa do voto. "Todo o povo boliviano sabia que era um covarde, agora demonstrou que não somente era um covarde, mas também um criminoso".

A confusão que cerca a apuração da eleição presidencial boliviana é agravada pelo fato de haver duas contagens. A manual voto a voto — na Bolívia não há urna eletrônica — é a que vale oficialmente, mas o TSE usa também um modelo de contagem rápida, baseado em fotografias das cédulas, enviadas eletronicamente ao TSE pelas mesas eleitorais.

A apuração vem apresentando problemas desde domingo, quando o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) do país suspendeu e 24 horas depois retomou uma controvertida contagem rápida que apontaria para a vitória de Morales no primeiro turno. O candidato opositor denunciou fraude e convocou protestos. Até agora os resultados oficiais não foram divulgados.

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