Artigo

Contribuição portuguesa ao Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Ao assumir a presidência do Grêmio Lítero Recreativo Português decidi resgatar a memória da contribuição dos portugueses que o dirigiram, pois não encontrei nenhum registro sistematizado dessa participação. É relevante o fato de o Lítero ser o único dos grandes clubes de São Luís, não vinculados a instituições financeiras, que sobreviveu às mudanças responsáveis pelo fechamento dos demais que pontificavam na capital ludovicense. A maioria dos dirigentes que lhe deram longevidade é de portugueses.

A presença portuguesa no Maranhão continua visível, apesar de ter-se diluído na integração dos imigrantes lusitanos com maranhenses. O casario da Praia Grande e seu entorno, os casarões azulejados espalhados nas ruas da cidade espelham a mesma antiga e ainda preservada arquitetura de bairros em cidades de Portugal.

Até há pouco tempo, “fazer a Lusitana” era sinônimo de ir às compras para o consumo diário, por força da rede comercial que tinha esse nome. Sem desdouro à importância desse e de outros grupos econômicos de origem lusitana, dois fatos novos me chamaram a atenção para a contribuição de portugueses no Maranhão, em iniciativas que os maranhenses ou brasileiros de outros estados poderiam ter tido, mas foram portugueses que as tiveram. Na área da cultura e da economia.

Na cultura, refiro-me à Livraria AMEI, no São Luís Shopping, onde o português José Viegas, através da Associação Maranhense de Escritores Independentes - AMEI, é o responsável pela manutenção de um espaço dedicado exclusivamente a escritores maranhenses, que ali já têm expostos mais de dois mil títulos, sobre os mais diversos temas. Adicionalmente com um espaço para eventos, gratuitamente disponibilizado ao lado da Livraria, a AMEI tornou-se um centro dinamizador da intelectualidade e da cultura maranhenses.

Na economia, um Terminal de Uso Privado (TUP), planejado pela Grão Pará Multimodal Ltda - GPM, sob a direção dos portugueses Nuno Silva, Nuno Martins e Paulo Salvador, é um projeto, já autorizado pela ANTAQ desde 2018, para transformar espetacularmente a economia do Maranhão e do Brasil. Bastou para tanto um olhar para o lado ocidental da Baía de São Marcos, na costa alcantarense, onde até a profundidade de 25m é maior do que a dos portos do Itaqui e da Ponta da Madeira, que, com seus 23m, destacam-se no mundo, igualando-se nesse item ao de Roterdã. O novo porto, em Alcântara, permitirá a atracação dos navios de maior calado que cruzam os oceanos.

A comunidade portuguesa no Maranhão tem tudo para orgulhar-se desses marcos, pois um - o cultural - já produziu e continua produzindo sensível transformação no cenário intelectual do Maranhão, onde academias de letras têm brotado de toda parte, já resultando na criação da Federação das Academias de Letras do Maranhão. O outro marco - o econômico - está abrindo uma enorme janela de esperanças porque o TUP da GPM trará consigo o crescimento da malha ferroviária e estimulará a melhoria das hidrovias, impulsionados pela necessidade de escoamento de uma produção com potencial reprimido, num círculo virtuoso que levará inevitavelmente ao desenvolvimento do Estado.

Carlos Nina

Presidente do Lítero Português de São Luís (MA)

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