Artigo

Pontos de vista

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

A revista Época, edição do dia 07/10/2019, publicou dois textos importantes: o primeiro “Desigualdade e falta de imaginação”, artigo de Monica de Bolle, e o segundo “Como desatar o nó da desigualdade”, reportagem assinada por Fernando Eichenberg, de Paris, a propósito da divulgação do novo livro do economista francês Thomas Piketty, “Capital e ideologia”.

Esses textos vem reforçar a tese levantada por mim em “Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”: estaríamos necessitando de novas formulações acadêmicas?

O artigo comenta sobre os desafios e perplexidades enfrentados pelos mercados e seus protagonistas desde o início da crise da “bolha”, nos Estados Unidos, ocasião em que as práticas de política monetária heterodoxas, de auxílio à liquidez, contrariando a teoria econômica tradicional, evitaram um novo “crash” e não causaram inflação, apesar dos seus efeitos colaterais.

Depois de fazer referências ao que vem propondo André Lara Resende, com sua Teoria Monetária Moderna, a economista, posicionando-se contra a sugerida “monetização de déficits, revela sua explicação para o fato de que tamanha expansão monetária não tenha causado inflação: segundo ela, como a renda ficou cada vez mais concentrada na mão dos mais ricos, que gastam menos em consumo, o que sobrou para os mais pobres e classe média, que gastam mais em consumo, não teve forças para pressionar o sistema de preços, e por isso não ouve inflação.

Alega, também, que a política monetária precisaria ser complementada pela política fiscal, sem o que “os juros baixos não são capazes de produzir grandes estímulos”.

E conclui: “Portanto, a desigualdade no Brasil está em franca ascensão, revertendo o processo que havíamos testemunhado nos últimos 20 anos”.

Em meu livro “Desafios/Challenges”, há uma explicação do porquê não ter havido inflação face ao afrouxamento da liquidez via “Quantitative easing”, nos EUA, em 2008: argumentado com a Teoria quantitativa da moeda (MV=PT), teria ocorrido baixa velocidade da circulação da moeda em V, portanto, sem repercussões sobre a Base monetária e seu multiplicador. Havia prenúncios de uma recessão e de estar ocorrendo a chamada “armadilha da liquidez”, conforme definida por John Maynard Keynes.

Já a reportagem é bem extensa sobre as novas concepções do economista francês, que já havia publicado “O capital do século XXI”, tratando principalmente da alta desigualdade em diversos países do mundo, desta vez incluindo Brasil, China e Índia. No seu novo livro, ele sugere a taxação das grandes fortunas, como forma de redistribuir a renda. E diz: “Quem está no topo da pirâmide social, o 1% mais rico do mundo, captou a maior parte do aumento da riqueza nas últimas décadas”.

Critica os impostos que incidem mais sobre o consumo do que a renda e o patrimônio, prejudicando os mais pobres, de forma regressiva. E resume: “Há mais de um século, o capitalismo tem mostrado poder de tirar um grande número de pessoas da pobreza, mas o problema da desigualdade persiste”.

E conclui a reportagem: “A principal proposta do novo livro de Piketty, Capital e ideologia, é a criação de um ‘socialismo participativo’, com a adoção de medidas que já são comuns na Alemanha”.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Economista, membro Honorário da Academia Caxiense de Letras e da Academia Ludovicense de Letras, filiado ao IWA, de Toledo-Ohio, USA, e ao ELOS Literários, de Salvador-Bahia

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