Artigo

Epístola aos Filipenses

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

São Paulo, o grande apóstolo, chegou a Filipos no ano 50, durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 15,39-18,22). Com ele estavam Silas, Timóteo e Lucas, o autor dos Atos dos Apóstolos, como se vê, a partir de Atos 16,6 ele emprega a primeira pessoa do plural, sinal de que participava da mesma missão.

Lucas mostra Paulo e seus companheiros expandindo as fronteiras de evangelização, pois, com a fundação da comunidade de Filipos, uma das principais cidades da Macedônia, o Evangelho entra no território europeu.

Quando chegaram em Trôade, Paulo teve uma visão, na sua frente estava de pé um macedônio que lhe suplicava para ir à Macedônia para ajudá-los (At 16,6-10). No sábado, foram para junto do rio, onde pensavam haver lugar de oração, já que não havia sinagoga na cidade, mas só encontraram mulheres, então a elas anunciaram. O anúncio tocou Lídia, que era originária da cidade dos tiatirenos, que acolheu os discípulos e foi uma pessoa importante para a comunidade.

Essa comunidade de Filipos nasceu, então, a partir de um grupo de mulheres, algo incomum, pois, naquele tempo, para formar uma sinagoga precisava de um grupo de homens e as mulheres não contavam. Não havendo sinagoga em Filipos, da casa de uma mulher, que nem era dessa cidade, nasceu a comunidade cristã que mais alegrará Paulo em suas tribulações por causa do Evangelho.

Descobrimos nos Atos dos Apóstolos que a cidade de Filipos era uma colônia romana (16,12). E por ela passava a estrada Egnatia, uma das mais importantes naquele tempo, que unia o Ocidente ao Oriente. Essa cidade era a porta de entrada para o continente europeu.

E também foi em Filipos o primeiro encontro de Paulo com as autoridades romanas. Uma moça escrava, possuída por um espírito de adivinhação - de Píton, e que dava muito lucros a seus senhores, certo dia, Paulo expulsou o espírito dela. Seus amos denunciaram Paulo e Silas aos magistrados que mandaram que eles fossem acoitados e presos. Após um terremoto que abalou a prisão, Paulo converte o carcereiro. Paulo é libertado, mas identificou-se como cidadão romano, então os magistrados desculparam-se diante de Paulo e solicitaram que ele saísse dali.

A comunidade de Filipos deu ao cristianismo alguns pontos importantes para sua organização. A cidade de Filipos segue um modo próprio dos romanos administrarem suas cidades. Paulo aproveitou isso, dando à comunidade uma organização semelhante, como epíscopos e diáconos (Fl 1,1).

Em Filipos nasce uma comunidade cristã sem nenhuma vinculação com a sinagoga. O Evangelho vai, aos poucos, distanciando-se do tipo de organização religiosa do povo judeu. E ainda permite às mulheres assumir funções importantes de liderança nas comunidades.

Vemos aí também que o anúncio do Evangelho gera conflito com quem lucra com a religião e com o poder de uma forma geral. Dessa experiência podemos depreender que quem se dispõe a anunciar o Evangelho também deve dispor-se igualmente a enfrentar os conflitos, maus tratos, difamação e prisão. Porém, como Paulo: estando farto ou passando fome, tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,10-13).

Mario Eugenio Saturno

Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

cientecfan.blogspot.com

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