Ameaça

Trump diz que pedirá para China investigar Biden

Presidente dos EUA parte para o ataque conforme as comissões do Congresso apressam investigação que podem levar a processo para destituí-lo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com repórteres no jardim da Casa Branca antes de embarcar para a Flórida
O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com repórteres no jardim da Casa Branca antes de embarcar para a Flórida (Reuters)

WASHINGTON - Os democratas estabeleceram um ritmo avassalador para a investigação que poderá levar à abertura de um processo de impeachment contra Donald Trump, agendando com agilidade audiências e depoimentos, incluindo a do ex-enviado dos EUA à Ucrânia, que há pouco deixou o cargo. O processo tem provocado a fúria de Trump, que, nesta quinta-feira, voltou a pedir a ajuda de outro país para investigar seus rivais políticos, falando, desta vez, que a China deveria investigar o pré-candidato democrata Joe Biden e seu filho empresário, Hunter Biden.

" A propósito, da mesma forma, a China deve iniciar uma investigação sobre os Bidens. Porque o que aconteceu na China é tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia", disse Trump a repórteres ao deixar a Casa Branca para uma visita à Flórida.

Em 2013, quando Biden ainda era vice-presidente, ele e o filho Hunter Biden viajaram para a China a bordo do avião oficial AirForce Two. Não há nenhuma suspeita objetiva sobre a viagem e as declarações de Trump não se fundamentam em informações conhecidas.

Apesar disso, não era conhecido na época da viagem que Hunter Biden participava da criação de um fundo chinês de capital privado. Hunter reconheceu que se encontrou com Jonathan Li, um banqueiro chinês, durante a viagem, embora seu porta-voz diga que se tratou de uma visita social.

Trump tem partido para o ataque no mesmo ritmo em que três comissões do Congresso — de Inteligência, Relações Exteriores e Supervisão — avançam na investigação sobre ele, iniciada quando veio à tona um telefonema em que ele pediu ao presidente da Ucrânia que investigasse Biden por causa dos negócios de Hunter em uma empresa de gás da ex-república soviética.

O presidente deixou claro que o processo de impeachment será enfrentado não apenas com um amplo bloqueio por parte de seus funcionários, mas também com acusações ferrenhas contra aqueles que o conduzem, especialmente o presidente da Comissão de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, um democrata da Califórnia. “Schiff é um homem baixo que deve se demitir (finalmente!)”, escreveu o ocupante da Casa Branca no Twitter.

Na quarta-feira, Trump denunciou seus inimigos políticos na rede social e em uma entrevista coletiva agressiva e embaraçosa ao lado do presidente da Finlândia. Nesta quinta-feira, ele novamente exigiu que Schiff se demitisse.

Trump pode pedir reforços, principalmente de funcionários do governo, como o secretário de Estado, Mike Pompeo — responsável por responder às intimações do Congresso, mesmo tendo sido citado nas alegações. Pompeo tentou limitar a cooperação de sua equipe, acusando os democratas de buscarem "intimidar" os funcionários do Departamento de Estado.

O presidente também tem um séquito de personalidades conservadoras que ecoam e reforçam sua indignação, principalmente Rudy Giuliani, seu advogado pessoal e ex-prefeito de Nova York. Giuliani diz que assumiu como missão pessoal chamar a atenção para o que ele classifica como negociações obscuras de Biden e seu filho Hunter na Ucrânia.

Função

Ontem, 3, Kurt Volker, que renunciou na semana passada de sua função não remunerada de representante dos interesses americanos na Ucrânia, chegou para conceder um depoimento a portas fechadas às três comissões da Câmara que analisam a pressão de Trump sobre uma potência estrangeira para investigar Joe Biden.

Volker foi uma das pessoas mencionadas na denúncia anônima feita por um agente da Inteligência sobre o telefonema de 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Volker entregou documentos aos parlamentares, que devem questioná-lo sobre a retenção de ajuda dos EUA à Ucrânia, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

O telefonema aconteceu depois de Trump ordenar o congelamento de quase US$ 400 milhões em ajuda dos EUA à Ucrânia. Não houve nenhuma referência, implícita ou explícita, à ajuda durante a ligação.

Volker concordou em depor sem intimação ou pré-condições. Seu depoimento será o primeiro de cinco ex-funcionários do Departamento de Estado já convocados.

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