Ameaça

Estados Unidos impõem sanções contra o Banco Central do Irã

Presidente diz que medidas são ''as maiores já impostas'', mas não está claro se isso é verdade; Trump sugeriu querer evitar uma guerra, mas disse que os EUA estavam sempre preparados e que um ataque militar poderia ser uma resposta adequada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala a repórteres no Salão Oval da Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala a repórteres no Salão Oval da Casa Branca (Reuters)

WASHINGTON - Os Estados Unidos impuseram sanções contra o Banco Central do Irã , anunciou o presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista na Casa Branca nesta sexta-feira, quase uma semana após ataques a instalações petrolíferas na Arábia Saudita , que autoridades americanas e sauditas atribuíram a Teerã.

Trump não deu outros detalhes sobre as sanções, mas disse, mesmo assim, que elas são “as maiores já impostas contra um país” e que “isso nunca foi feito neste nível”. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que as novas sanções cortam a última fonte de recursos ainda restante para o Irã.

Em uma entrevista coletiva ao lado do premier australiano, Scott Morison, que visita a Casa Branca, Trump disse ainda que as restrições "funcionam" e que são preferíveis a uma ação militar:

"Eu acho que as sanções funcionam", disse o líder americano. "Uma opção militar funcionaria, mas esta é uma maneira muito severa de vencer".

Apesar das declarações, ainda não está claro como as medidas aumentam as punições a Teerã, que já é alvo de uma política de "pressão máxima" do governo americano, com o objetivo de reduzir a zero suas exportações de petróleo. Desde maio de 2018, quando abandonou o acordo nuclear assinado entre o Irã e as principais potências globais, o governo Trump passou a sancionar todas as transações financeiras e comerciais com o país persa, exceto as que envolvem remédios e alimentos. O chanceler do país, Mohammad Javad Zarif, e o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, também foram alvos de sanções.

Resposta militar

Questionado sobre a possibilidade de uma resposta militar ao Irã, Trump sugeriu querer evitar uma guerra, mas disse que os Estados Unidos estavam sempre preparados e que um ataque militar poderia ser uma resposta adequada.

O Irã negou qualquer envolvimento no ataque de 14 de setembro, que abalou os mercados globais de petróleo e aumentou as tensões entre Washington e Teerã. As explosões foram reivindicadas pelos rebeldes houthis do Iêmen, aliados do Irã, que há quatro anos enfrentam uma ofensiva liderada pela Arábia Saudita para desalojá-los do poder.

Na sexta-feira, 20, autoridades sauditas levaram a mídia para inspecionar as instalações afetadas. A Arábia Saudita responsabilizou Teerã pelos ataques, versão endossada pelo secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que chamou as explosões de "atos de guerra".

Trump, que falou com repórteres na Casa Branca ao receber o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse que deseja uma solução pacífica para o conflito.

Guerra contra o Irã

O Hezbollah alertou a Arábia Saudita na sexta-feira,20, sobre a possibilidade de uma guerra contra o Irã, alegando que isso destruiria o reino, e disse que Riad e os Emirados Árabes Unidos deveriam interromper o conflito no Iêmen para se protegerem.

O líder do grupo islâmico xiita apoiada pelo Irã, Sayyed Hassan Nasrallah, também afirmou que novas defesas aéreas poderiam não proteger a Arábia Saudita do tipo de drones utilizados nos ataques a instalações de petróleo em 14 de setembro.

As tensões na região se agravaram desde os ataques, atribuídos por autoridades sauditas e norte-americanas ao Irã, que nega envolvimento. O grupo houthi do Iêmen reivindicou a autoria dos ataques.

O Hezbollah é um grupo xiita armado criado pela Guarda Revolucionária do Irã em 1982 e uma parte importante de uma aliança regional apoiada por Teerã.

"Não apostem em uma guerra contra o Irã, porque eles vão destruir vocês", advertiu Nasrallah em um discurso televisionado.

Força da aliança

Nasrallah disse que os ataques às instalações da Aramco mostraram a força da aliança apoiada pelo Irã e que as novas defesas aéreas poderão não ser eficientes para defender a Arábia Saudita, devido ao seu tamanho e à capacidade de manobra dos drones usados.

Novas defesas aéreas "seriam muito caras e não servirão", afirmou. Seu conselho para a Arábia Saudita e seus aliados nos Emirados Árabes Unidos foi parar a guerra no Iêmen.

Observando as ameaças do movimento houthi contra os Emirados Árabes Unidos, ele acrescentou: "O que protegerá as instalações e a infraestrutura na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos será a interrupção da guerra contra o povo iemenita".

Guerra total

Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã, disse na quinta-feira,19, que haverá uma guerra se o seu país for atacado pelos Estados Unidos ou pela Arábia Saudita.

Ele deu a declaração à rede de TV CNN. Ao ser perguntado sobre qual seria a consequência de um ataque militar contra o Irã, Zarif respondeu: “Guerra total”, e que os sauditas teriam que lutar “até o último soldado americano”.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, respondeu com a afirmação de que seu país está fazendo uma coalizão para deter o Irã, mas que busca uma saída pacífica.

“Nós ainda estamos nos esforçando para construir uma coalizão em um ato de diplomacia enquanto o ministro de Relações Exteriores do Irã ameaça com uma guerra total e lutar até o último americano. Estamos aqui para construir uma coalizão para alcançar a paz”, ele afirmou a jornalistas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.