Em Israel

Gantz rejeita governo de união com Netanyahu no comando

Ameaçado de processo por acusação de corrupção, primeiro-ministro corre risco de perder o cargo depois de sofrer sua maior derrota eleitoral; Netanyahu disse que defendeu, durante a campanha, a formação de um governo de direita

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Netanyahu cumprimenta Benny Gantz durante cerimônia em homenagem ao ex-presidente israelense Shimon Peres
Netanyahu cumprimenta Benny Gantz durante cerimônia em homenagem ao ex-presidente israelense Shimon Peres (AFP)

Legenda/AFP
Netanyahu cumprimenta Benny Gantz durante cerimônia em homenagem ao ex-presidente israelense Shimon Peres

TEL AVIV - Após não conseguir o número de cadeiras necessárias para a formação de um novo governo nas eleições gerais de terça-feira, 17, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu , propôs a seu principal adversário, o general reformado Benny Gantz , a formação de um governo de união nacional. Gantz, cujo bloco de centro-esquerda ficou com duas cadeiras a mais do que o bloco de direita de Netanyahu, mas também aquém da maioria de 61 assentos no Parlamento, rejeitou a proposta, afirmando que se recusa a participar de um governo liderado pelo atual premier.

Em um vídeo postado em suas redes sociais ontem, 19, Netanyahu disse que defendeu, durante a campanha, a formação de um governo de direita, mas que isso não será possível com o resultado das eleições.

" Por este motivo, a única opção é formar um governo de união", disse o primeiro-ministro, dirigindo-se ao seu rival. "Por isso peço a você, Benny, vamos nos reunir ainda hoje, a qualquer hora, para impulsionar esse processo que é urgente. Não temos o direito de caminhar para a terceira eleição. Sou contra. A agenda agora é um governo de união".

A mudança de discurso de Netanyahu, que sofreu sua maior derrota política em uma década no comando de Israel, é notável: na quarta-feira, ele havia dito que o país só tinha duas opções, um governo de direita comandado por ele ou um "governo perigoso que se apoie nos partidos árabes".

Respondendo ao convite de Netanyahu, Benny Gantz reforçou seu discurso de campanha, rejeitando participar de uma coalizão liderada pelo atual premier. O general não descarta um governo de união que incluía o partido do atual chefe de governo, o Likud, mas disse que deseja, ele mesmo, ser o novo primeiro-ministro de Israel.

"Os israelenses querem um governo de unidade. Vou formar esse governo comigo à frente", disse o líder do partido Azul e Branco. — Vamos ouvir todos, mas não aceitaremos que nos ditem as coisas. O Azul e Branco venceu e no momento em que estou conversando com vocês, temos 33 cadeiras, enquanto Netanyahu não conseguiu a maioria para formar uma coalizão como esperava.

Em resposta à negativa de seu rival, Netanyahu disse estar "surpreso e decepcionado": "Eu estou surpreso e decepcionado com o fato de que, neste momento, Benny Gantz ainda rejeita meu pedido para um encontro", tuitou o premier. "Gantz, minha oferta para que nos encontremos está mantida. É o que o público espera de nós."

Caso fique fora do governo, Netanyahu perderá sua imunidade parlamentar. No dia 3 de outubro, o procurador-geral de Israel, Avihai Mandelblit, deverá anunciar se denunciará ou não Netanyahu por corrupção — ele é acusado de aceitar cerca de US$ 200 mil (R$ 816.520) em presentes e de criar regras para beneficiar donos de meios de comunicação, ganhando assim seu apoio.

Gantz na frente

Segundo o canal 13, com 97,6% dos votos apurados, o partido Azul e Branco, de Gantz, ficou com 33 assentos, contra 31 do Likud, de Netanyahu. Os partidos de centro-esquerda elegeram um total de 57 parlamentares, enquanto as siglas aliadas de Netanyahu, de direita e religiosa, têm 55 cadeiras. Nenhuma das duas formações terá condições de reunir as 61 cadeiras necessárias para governar no Parlamento de 120 lugares.

O ultraortodoxo Shas deverá ter nove cadeiras e o Judaísmo Unido da Torá, oito. A apuração também indica que o Yamina, de extrema direita, ficará com sete assentos, o Partido Trabalhista, com seis, e a União Democrática, com cinco.

Os resultados confirmam o crescimento da Lista Árabe — que, com 13 cadeiras, deverá se tornar a terceira maior legenda do país. Gantz e partidos menores de centro-esquerda poderiam formar uma coalizão majoritária com os parlamentares árabes, mas, nos 71 anos da História da Israel, nenhum partido sionista fez uma coalizão formal com essa bancada, que representa 20% da população do país.

No entanto, para que Gantz consiga aprovar uma eventual coalizão no Parlamento terá de contar com pelo menos o apoio dos partidos árabes, mesmo que eles não participem do governo.

Como se previa antes do pleito, o fiel da balança para a formação de uma coalizão de governo deverá ser o partido ultranacionalista Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa). Com oito cadeiras, o partido é liderado pelo ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman , que rompeu com Netanyahu em abril por ser contrário à participação de partidos ultraortodoxos no governo. Na quarta-feira, tanto Gantz quanto Lieberman defenderam um governo de união entre o Yisrael Beitenu, o Likud e o Azul e Branco, mas excluindo a participação de Netanyahu.

Quando a apuração acabar, o presidente israelense, Reuven Rivlin, consultará os líderes dos partidos para decidir quem será o primeiro encarregado de tentar formar um novo governo. O indicado terá então até seis semanas para indicar um Gabinete.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.