Eleição

Netanyahu não consegue maioria e Israel enfrenta impasse

Bloco apoiado pelo premier tem 55 assentos e coalizão opositora, de centro-esquerda, 56; Lista Árabe fica com terceira maior bancada, mas nunca participou de governos no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acena para apoiadores após discurso para seus apoiadores no quartel-general de sua campanha
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acena para apoiadores após discurso para seus apoiadores no quartel-general de sua campanha (Reuters)

TEL AVIV — Com mais de 91% dos votos apurados na segunda eleição geral realizada em seis meses em Israel , os partidos aliados ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não conseguiram o número de cadeiras necessárias para a formação de um novo governo.Segundo os resultados, tampouco o bloco de centro-esquerda, liderado pelo general reformado Benny Gantz , elegerá os 61 deputados que representam a metade mais uma das 120 cadeiras do Knesset, o Parlamento do país.

Diante da situação, a mais complicada para a continuidade de seu governo em dez anos, Netanyahu anunciou que não irá à Assembleia Geral da ONU, onde se reuniria com o aliado americano Donald Trump.

De acordo com os votos já apurados, o bloco do premier, formado por siglas de direita e ultraortodoxas , conta, no momento, com 55 assentos, enquanto o bloco de centro-esquerda tem 56. Na contagem por legenda, o partido Azul e Branco , de Gantz, está na frente com 32 dos 120 assentos do Parlamento. O Likud , de Netanyahu, vem logo atrás, com 31 deputados. Os números preliminares indicam que o Likud perdeu sete dos atuais 38 parlamentares.

O ultraortodoxo Shas deverá ter nove cadeiras e o Judaísmo Unido da Torá, oito. A apuração também indica que o Yamina, de extrema direita, ficará com sete assentos, o Partido Trabalhista, com seis, e a União Democrática, com cinco.

Os resultados também confirmam o crescimento da Lista Árabe — que, com 13 cadeiras, deverá se tornar a terceira maior legenda do país. O comparecimento às urnas de comunidades árabes foi de 60% nestas eleições, dez pontos percentuais a mais que na votação de abril, sinal de rejeição às políticas nacionalistas de Netanyahu e à sua promessa deanexar parte da Cisjordânia ao território de Israel.

O opositor Benny Gantz e partidos menores de centro-esquerda poderiam formar uma coalizão majoritária com os parlamentares árabes, mas, nos 71 anos da História da Israel, nenhum partido sionista fez uma coalizão formal com essa bancada, que representa 20% da população do país. No entanto, para que Gantz consiga aprovar uma eventual coalizão no Parlamento, terá de contar com pelo menos o apoio dos partidos árabes, mesmo que eles não participem do governo.

Como se previa antes do pleito, o fiel da balança para a formação de uma coalizão de governo deverá ser o partido ultranacionalista Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa). Com nove cadeiras, o partido é liderado pelo ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, que rompeu com Netanyahu em abril por ser contrário à participação de partidos ultraortodoxos no governo.

Quando a apuração acabar, o presidente israelense, Reuven Rivlin, consultará os líderes dos partidos para decidir quem será o primeiro encarregado de tentar formar um novo governo. O indicado terá então até seis semanas para indicar um Gabinete.

Na manhã desta quarta-feira, tanto Gantz quanto Lieberman defenderam um governo de união entre o Yisrael Beitenu, o Likud e o Azul e Branco, mas excluindo a participação de Netanyahu, que está no poder há 10 anos.

"Polarização e divisões ficam para trás e a unidade e reconciliação estão à nossa frente", disse o general reformado.

Negociações

O premier, por sua vez, disse aos seus apoiadores em Tel Aviv que começaria negociações para formar "um forte governo sionista" e bloquear um "governo perigoso, antissionista" que contaria com o apoio da Lista Árabe. Abatido, o primeiro-ministro foi recebido no quartel-general de sua campanha com gritos de "Bibi, rei de Israel" e "Nós não queremos unidade".

Caso fique fora do governo, Netanyahu perderá sua imunidade parlamentar. No dia 3 de outubro, o procurador-geral de Israel, Avihai Mandelblit, deverá anunciar se denunciará ou não Netanyahu por corrupção — ele é acusado de aceitar cerca de US$ 200 mil (R$ 816.520) em presentes e de criar regras para beneficiar donos de meios de comunicação, ganhando assim seu apoio.

Uma maioria no Knesset poderia garantir imunidade ao premier até o fim de seu mandato, algo que provavelmente seria alvo de críticas e desafios legais na Suprema Corte. O primeiro-ministro afirma que as acusações foram plantadas por seus oponentes da esquerda e por uma imprensa contrária ao governo.

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