Sustentabilidade

Cuidando de praça com jardinagem pedagógica e artesanato

O bancário Camilo Rocha Filho realiza projetos na Praça das Árvores do Cohatrac 4, em São Luís. Ele leva cultura e sustentabilidade ao local.

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Camilo Rocha Filho
Camilo Rocha Filho (Camilo)

SÃO LUÍS - Dizem que quem cuida do próprio lar, também cuida da coisa alheia. Mas o contrário também é verdade. Demonstrando uma forte ligação com a natureza, o bancário Camilo Rocha Filho, de 52 anos, é uma dessas personalidades que preserva o espaço público com carinho e dedicação. Idealizador do Comitê da Praça das Árvores, no Cohatrac 4, em São Luís, ele trabalha diariamente para que o local continue em perfeitas condições e também se mantenha como um ponto de eventos culturais.

Formado em Pedagogia, Camilo é um dos defensores da ideia de sustentabilidade, que é adaptada para a realidade comunitária dentro do contexto de atuação do Comitê, do qual foi coordenador até julho deste ano. Na Praça das Árvores, o bancário realiza duas grandes ações, que são a “Jardinagem Pedagógica” e o “Artesanato na Praça”. Nos dois casos, o objetivo é despertar nos moradores a sensação de pertencimento à comunidade, a fim de preservar o espaço público e preenchê-lo com atividades de cunho social.

“Eu criei o Comitê da Praça das Árvores e aí a gente estudou como o espaço seria utilizado de forma sustentável. A ‘Jardinagem Pedagógica’ serve para trabalharmos a questão da preservação e o conhecimento. Já tivemos, por exemplo, diversas palestras com biólogos e outros profissionais. Esse é o nosso trabalho do dia a dia, para deixarmos a praça sempre bonita, ou seja, boa para ser usufruída”, salientou Rocha Filho, que mora no Parque Aurora, na área do Conjunto Cohatrac.

Artesanato na Praça

Conforme o idealizador dos projetos, o “Artesanato na Praça” já está na nona edição, sendo que 30 artesãs participam da ação, que ocorre sempre no primeiro sábado de cada mês e começou em fevereiro deste ano. “Nesse caso, é uma coisa de geração de trabalho e renda. A gente leva artesãs para a praça, mas elas também colaboram com a sustentabilidade do local, participando dos mutirões, por exemplo. O intuito é colaborar na preservação do espaço que elas utilizam”, explicou Camilo.

“O povo está muito animado com isso. Toda hora eu recebo ligação de gente querendo participar. Só que a gente estipulou 30 artesãs e colocou uma lista de espera. Acontece no primeiro sábado de cada mês, sendo que neste mês as artesãs resolveram remarcar para o segundo sábado por conta do feriado, que caiu no fim de semana”, complementou o bancário. O “Artesanato na Praça”, segundo ele, é um projeto de resgate da cultura por meio da ocupação dos espaços públicos pela sociedade civil, para fomentar o empreendedorismo artesanal.

Jardinagem Pedagógica

Outra ação realizada por Camilo Rocha Filho, outros membros do Comitê e moradores é a “Jardinagem Pedagógica”, que ocorre uma vez por mês. O grupo promove podas e até mudanças de árvores dentro do mesmo logradouro. Também é feita a manutenção de canteiros. “A gente limpa e varre a praça. Geralmente, chegamos às 8h e saímos por volta do meio-dia. Tem café da manhã coletivo. É um trabalho de muita entrega. Fazemos podas pequenas e transportamos uma planta para outro lugar. Essas atividades estão dentro da nossa rotina. Ocorre que a jardinagem não acontece somente na Praça das Árvores, pois recebemos convites para atuarmos em outros lugares de São Luís”, observou ele.

Camilo disse que, no próximo dia 21 de setembro, quando será comemorado o Dia da Árvore, a Praça Renascer, que fica no bairro Vinhais 2, receberá uma ação da “Jardinagem Pedagógica” porte parte do Comitê. “A gente conversou com a comunidade de lá e explicamos como funciona o Comitê da Praça das Árvores e o projeto. Os moradores ficaram muito animados. O momento é muito interessante. Colocamos música contextualizada e o pessoal sente essa vibração. É uma atividade prazerosa. A gente ouve os pássaros cantando. É bacana demais contemplar a natureza”, pontuou Filho.

Esse projeto da jardinagem já ocorre há quatro anos. Participam, em média, entre 20 a 25 pessoas. Alunos de escolas do complexo Cohab/Cohatrac comparecem à Praça das Árvores e também interagem na ação, assim como grupos de escoteiros e pessoas da terceira idade. “Todos ajudam a plantar e molhar. É um trabalho conjunto. Cuidar da natureza significa cuidar de si mesmo”, assinalou Camilo Filho.

O Comitê

O Comitê da Praça das Árvores foi uma iniciativa da comunidade, como o próprio Camilo frisou. A entidade atua no sentido de não permitir que o local seja depredado ou sofra qualquer ato de vandalismo. “Eu sou um dos idealizadores do Comitê. A gente fez isso há 5 anos. A praça tinha sido disponibilizada para a comunidade. Aí, a gente se reuniu. Como eu tenho experiência em trabalho comunitário e social, eu debati com os moradores em três noites sobre o que seria criado ali. Poderia ser uma associação ou uma brigada, mas decidimos fundar um comitê, que tem um regimento”, comentou o bancário.

Desde então, o Comitê da Praça das Árvores oferece diversas atividades pedagógicas e ambientais no local. Camilo disse que suas duas filhas, de 27 e 28 anos, também o ajudam nas ações. “Elas sempre colaboram. Quando não estão fotografando, estão comigo ajudando na limpeza da praça. Elas são engajadas como o pai. Isso é um legado”, expressou ele.

Trabalho na rádio

Além de trabalhar em uma agência bancária da capital e no Comitê da Praça das Árvores, Camilo Rocha Filho também atua em uma rádio comunitária da Cohab-Anil. Lá, ele apresenta o “Fala Comunidade”, programa idealizado por ele há 6 anos. “O programa ocorre aos domingos, das 10h ao meio-dia. Eu acompanho a rádio desde que ela foi instalada, há duas décadas. No programa, pautamos coisas do dia a dia, assuntos relacionados à educação, protagonismo social, cidadania, saúde, enfim. Entrevistamos lideranças comunitárias, historiadores, jornalistas, professores e profissionais de várias áreas”, mencionou o morador do Cohatrac.

‘Filho da Ilha’

“Sou filho da ilha. Nasci no Cruzeiro do Anil em 1967”, exclamou Camilo. Ele construiu sua carreira aqui em São Luís. Começou como jovem aprendiz e já está se despedindo da profissão. Há 32 anos, trabalha no ramo bancário da capital. Filho é dirigente de uma cooperativa de crédito com abrangência nacional e de uma associação de funcionários de banco.

Atualmente, está cursando Ciências Contábeis. “Estou no 7º período e já fazendo o TCC. Quando eu sair definitivamente do banco, pretendo justamente me aprofundar nos movimentos sociais e nas entidades das quais faço parte. Eu quero contribuir com essa minha qualificação em contabilidade, pois o mundo financeiro precisa disso. O conhecimento, para mim, é realmente necessário para o que quero fazer. Eu acertei em fazer esse curso”, disse Camilo.

Mensagem aos jovens

Diante de notícias frequentes sobre a Amazônia e outros problemas ambientais no mundo, o bancário pediu à juventude que assuma o protagonismo na preservação da natureza e se engaje nessa luta. “As gerações precisam ter essa atitude, de se engajar de verdade, para termos consciência dessa necessidade de preservar o meio ambiente. Hoje, a gente observa a Terra sofrendo com muitos problemas, como o aquecimento global, e outros desastres. Sabemos que isso é fruto da participação ignorante e inconsciente do ser humano. Na medida em que fazemos nossa parte, em não achar que tudo isso é infinito, as juventudes tomarão conhecimento e assumirão esse compromisso”, expressou Camilo.

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