Editorial

Centro histérico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

O que era para ser o cartão postal mais vistoso de São Luís, tamanha a história que guarda em suas vias, casarões e demais logradouros, está sendo transformado em arena de guerra, onde jovens, movidos por brutalidade extrema, se digladiam, como se o único motivo para estar ali fosse o confronto com rivais ou com quem quer que seja. Invadido, a cada fim de semana, por indivíduos mal intencionados, infiltrados na multidão disposta apenas ao lazer e à contemplação, o Centro Histórico vai se tornando uma área de risco, um território inóspito para quem deseja aproveitar o que de melhor o espaço oferece.

Trata-se de uma realidade incômoda, que compromete gravemente o potencial da capital maranhense como polo de atração turística e obriga as autoridades a se mobilizarem com urgência para restabelecer a paz, tão necessária à diversão, à apreciação do acervo em sua plenitude e à boa convivência, práticas adequadas ao ambiente. Em resposta ao caos e à violência crescentes, o poder público já sinaliza medidas enérgicas o suficiente para disciplinar condutas impróprias e pacificar ânimos exaltados.

A barbárie tomou proporção maior no último domingo, por causa de duas brigas em via pública, que impressionaram pelo grau de selvageria demonstrado pelos envolvidos. Na Rua da Estrela, grupos de jovens, de ambos os sexos, protagonizaram uma pancadaria generalizada, só encerrada com a intervenção da polícia, com providencial reforço da cavalaria. Na Avenida Magalhães de Almeida, em frente ao Largo do Carmo, outra confusão com troca de socos, pontapés, pauladas, pedradas, garrafadas e outras formas de agressão, cometidas por seres que pareciam irracionais.

Quanto às pessoas presentes no espaço para apreciar a riqueza arquitetônica colonial e aproveitar os demais atrativos, estas entraram em pânico. No caso específico dos turistas, estes levarão para os seus lugares de origem a pior impressão possível do Centro Histórico da capital maranhense, apresentado mundo afora como maravilha - o que não deixa de ser verdade, apesar dos fatos negativos, como as brigas, a poluição sonora, o vandalismo e todas as consequências danosas produzidas por esses atos.

As duas sessões de pancadaria foram registradas em vídeos, feitos por meio de celulares, para delírio dos adeptos de grupos de Whatsapp, que logo trataram de viralizar as imagens deprimentes. Aos cidadãos comprometidos com a revitalização ordeira do Centro Histórico restou lamentar as cenas estúpidas e prejudiciais à imagem da cidade.

A histeria que ora toma conta do Centro Histórico é fruto não só da cultura da violência, tão presente em diferentes comunidades da Ilha de São Luís, mas também da falta de ações preventivas das autoridades. Não é exagero apontar a omissão do poder público, que costuma agir somente após o pior acontecer. Menos mal que, desta vez, a tragédia anunciada não se confirmou.

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