Artigo

Certo por linhas tortas?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Na minha crônica da semana passada comentei a declaração de Bolsonaro sobre o assassinato em 1974 de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Documentos da Comissão da Verdade atestam a prisão, pela Aeronáutica, de Fernando, membro da Ação Popular - AP, organização de combate ao regime militar de 1964 pelas armas. Depois de preso, ele nunca mais foi visto e até hoje não se sabe onde está seu corpo. O presidente da República, diferentemente, afirma que Fernando foi morto pelos próprios companheiros, sem mostrar nenhuma evidência aceitável disso nem evidência de tipo algum. Implícita na afirmação está a ideia de a vítima ter traído seus companheiros, sendo por eles justiçados. Portanto, a vítima teria sido culpada da própria morte. Caso a explicação não seja verdadeira, como acredito que não seja, e mesmo assim seja aceita pela opinião pública como verdadeira, a memória do morto estará injusta e indelevelmente manchada.

Em resumo, baseado apenas “num sentimento”, Bolsonaro deu explicação que, a meu ver, seria, como é, mais bem dada pelos documentos da Comissão. Mencionei a afirmação dele como um exemplo de sua constante precipitação ao fazer acusações genéricas sem apoio de fontes confiáveis ou, até, de fonte nenhuma. A palavra do presidente tem peso na sociedade, razão pela qual não deve ser utilizada imprudentemente.

Mas nem só de polêmicas bobas Bolsonaro vive e não quero ser injusto com ele nem cego aos aspectos positivos de seu governo. Recebi há três dias mensagem por uma rede social, com bons argumentos, mas, infelizmente sem indicação de autoria, chamando a atenção dos leitores para medidas de grande importância para o futuro do país, tomadas ou facilitadas pelo governo. Selecionei algumas:

Plano de financiamento das universidades públicas, que irá dar importante contribuição à solução do problema da falta crônica de recursos para a educação superior no Brasil; aprovação em primeiro turno, pela Câmara dos Deputados, da Reforma da Previdência (a Reforma Tributária está a caminho), indispensável, no médio e no longo prazos, ao equilíbrio das contas públicas; a Lei da Liberdade Econômica, instrumento de desburocratização da atividade econômica do pequeno empresário; o relançamento do Mais Médicos, agora com o nome de Médicos pelo Brasil, com 18 mil vagas disponíveis aos interessados e oferta de salários decentes para todos os profissionais a serem selecionados, inclusive os médicos cubanos que não quiseram voltar a viver sob uma ditadura e ficaram no Brasil; vigorosas ações de desestatização, como a privatização da BR Distribuidora, da Gaspetro e, brevemente, dos Correios e da Casa da Moeda; assinatura pelo presidente Bolsonaro de contrato de concessão da Ferrovia Norte-Sul, no trecho entre Porto Nacional, (TO) e Estrela D’Oeste, (SP), que irá baratear o frete de mercadorias no país. É muita coisa, como se vê, mas não listei tudo.

Com a derrocada do PT e suas políticas econômicas desastradas, criou-se no Brasil clima que vai empurrando as reformas necessárias ao país. Apesar do zigue-zague bolsonariano, de nosso embaixador júnior em Washington e outras coisas esquisitas, o presidente vai acabar, como diz um grande amigo e poeta de Pernambuco, Luiz Alfredo Raposo, escrevendo certo por linhas tortas, somente, porém, acrescento, se preservarmos o Estado de Direito contra as investidas ilegais de Dallagnol e Moro.


Lino Raposo Moreira

PhD, economista membro da Academia Maranhense de Letras

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