Artigo

Um truque

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

É bem conhecida a estressante relação de empresas de vários setores com os consumidores dos bens e serviços por elas produzidos. Os dados disponíveis sobre a qualidade, ou não, das ofertas de produtos delas, feitas com a utilização de métodos agressivos de marketing, estão em diversas fontes. Poucas destas, porém, os divulgam de maneira sintética, que possa facilitar o entendimento pelos usuários da utilidade dos produtos anunciados como a pedra filosofal para crianças e adultos.

Recentemente encontrei por acaso na internet uma tabela que resume de forma objetiva aspecto particular desse conturbado relacionamento: a insistência delas em oferecer, por meio de ligações telefônicas não solicitadas ou autorizadas, coisas inúteis de todo tipo, na tentativa de realizar vendas de qualquer maneira. O Procon-SP levantou os dados e os publicou em seu site. Daqui por diante, eles serão compilados e disponibilizados aos internautas mensalmente.

Não foi surpresa verificar a predominância das empresas de telefonia (serviços de internet, televisão e telefone), nesse ranking negativo, no qual as primeiras da lista são as últimas em qualidade, mensurada pelo incômodo causado aos consumidores. As três mais desrespeitosas, na classificação do Procon-SP, em todos os setores da economia, em 2018, foram a Vivo, NET e TIM. Também, entre as dez primeiras, seis (as três primeiras e mais a Claro, Sky e Oi), são telefônicas.

Os chamados consultores delas são treinados a falar sobre hipotéticas vantagens das promoções e evitar mencionar as desvantagens, como a tal fidelização, na mesma velocidade ultrassônica da narração no final de alguns comerciais de TV. Dou a seguir um exemplo inacreditável. Conheço-o bem porque fui eu a vítima da NET, a autora do truque e a segunda colocada no desonroso ranking.

Vejam a história. O modem decodificador do sinal de internet de meu uso, apresentou há poucos meses um defeito, após vários anos de utilização. A NET enviou a minha residência, a meu pedido, um técnico com a missão de examinar o aparelho. Ele concluiu pela necessidade de substituí-lo por outro igual, deixando, somente por 24 horas, segundo ele, outro, embora usado e de tecnologia inferior. Mas seria por pouco tempo. Como ele nunca voltou e ainda me deu um número de celular inexistente, pedi nova visita de técnicos. Vieram dois. Eles me deram notícia surpreendente: o aparelho de antes, de tecnologia moderna, não voltaria. Sua instalação se dera cinco ou seis anos antes por liberalidade da empresa, informação nunca repassada a mim até aquele momento, nesse tempo todo. Ficaria o velho e enferrujado, pois esse seria o adequado ao meu plano. Ou seja, anunciaram a substituição de um modem por outro de mesma tecnologia e o substituíram por um de tecnologia obsoleta, por meio de um truque.

Desde esse dia, há 4 meses, nunca mais minha internet funcionou direito, pois cai de cinco em cinco minutos. Tenho várias gravações, nas quais se podem ouvir diversas conversas minha com o pessoal de lá. Já apelei até para a auditoria interna da empresa, mas nada se resolveu.

Qual o nome a ser atribuído a comportamento como esse? Estelionato? Crime contra a economia popular? Se alguém da NET ameaçar levar seu modem, leitor, não aceite. Diga a ele trazer primeiro o novo e instalá-lo, e só depois levar consigo o defeituoso. A NET não respeita seus clientes.

Lino Raposo Moreira

PhD, economista, membro da Academia Maranhense de Letras

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