Editorial

Selic inalterada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano. Esta é a décima reunião seguida em que os juros são mantidos nesse nível, o que configura um recorde de manutenções consecutivas da taxa. A última alteração na Selic ocorreu em março de 2018, quando a taxa caiu de 6,75% para 6,5% ao ano. Com a decisão desta semana, a Selic continua em seu menor nível desde que o Copom foi criado, em 1996, e a poupança segue rendendo menos

A grande dúvida é se o Copom vai manter o trecho de que vai “observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo” para avaliar o balanço de risco inflacionário. Na última reunião em maio, a autoridade monetária mencionava que o balanço era simétrico, ou seja, a probabilidade é a mesma de a taxa de 6,5% ao ano de elevar ou abaixar a inflação.

“O comunicado (do Copom) não deve ter surpresas”, avalia Giulia Coelho, economista da 4E Consultoria. A economista analisa que os últimos comunicados do Copom foram claros de que a autoridade monetária vai continuar a observação da atividade nos próximos meses, além de ser dependente do trâmite da reforma da Previdência. Por outro lado, Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval (SA:DAYC4) Asset indica que este trecho será suprimido. “A retirada vai dar a ideia de que acabou a avaliação da conjuntura no curto prazo”, afirma Cardoso.

O questionamento sobre o trecho ocorre devido aos números fracos de atividade econômica do segundo trimestre, combinado com uma desaceleração inflacionária após o choque do preço dos alimentos no início do ano. O PIB do primeiro trimestre caiu 0,2% em relação ao trimestre anterior, e o IBC-Br, um indicador de atividade BC considerado uma prévia do PIB, teve a quarta retração seguida em abril, com queda de 0,47% comparado a março.

Soma-se ao quadro de atividade fraca a alta capacidade ociosa com taxa de desemprego elevada, mesmo com a criação de vaga formal em abril acima da expectativa, quando foram abertos 130 mil empregos de acordo com o Caged. A taxa de desemprego ficou em 12,5% no trimestre encerrado em abril de acordo com a Pnad Contínua.

Já a inflação desacelerou de 0,57% em abril para 0,13% em maio. No acumulado em 12 meses, a inflação perdeu força de 4,94% para 4,66%, acima do centro da meta de 4,25%, mas na margem de tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo do centro. “O quadro é de desaceleração da inflação, confirmando a mudança na avaliação do balanço de risco do Copom”, analisa Cardoso, que acredita que o balanço de risco no comunicado será assimétrico, favorecendo para a queda da inflação.

“A inflação vai ceder mais que esperado neste meio do ano, mas os núcleos continuam pressionados”, diz Coelho da 4E, que modificou a previsão da Selic de alta para manutenção ao longo de 2019, pois não há dissipação da pressão altista sobre os núcleos de inflação. A projeção da 4E em relação à Selic destoa de outros analistas, que apontam corte com o quadro desinflacionário somado com a expectativa positiva de aprovação da reforma da Previdência.

Até o comunicado da última reunião em maio, o Banco Central avaliava que a não-aprovação da reforma da Previdência seria uma pressão altista sobre os preços, pois levaria a um maior desequilíbrio das já deterioradas contas públicas, aumentando a pressão sobre a dívida pública e, consequentemente, no aumento dos juros.

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