Entrevista: Roberto Rocha

"O que falta ao MA é entender que o bem-estar social depende do desenvolvimento"

Senador da República há quase cinco anos, maranhense ganhou destaque no Governo Bolsonaro; tucano defende reformas

Carla Lima/Editora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Roberto Rocha concedeu entrevista exclusiva a O Estado para falar sobre o atual cenário político do país
Roberto Rocha concedeu entrevista exclusiva a O Estado para falar sobre o atual cenário político do país (Roberto Rocha)

Cumprindo os seus últimos quatro anos de mandato de senador, Roberto Ro­cha (PSDB) demonstra que vai em busca de se manter no quadro político-eleitoral do Maranhão para os próximos dois anos e ainda (mais provável) buscar a reeleição ao Senado em 2022.
Os movimentos do senador maranhense são constantes e na bancada maranhense no Senado, Ro­cha vem se destacando como um aliado de primeira linha do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).
A favor da reforma da Previdência, articulador para o acordo Brasil e Estados Unidos em relação à Base de Alcântara e ácido crítico da gestão estadual no Maranhão, Roberto Rocha vem sempre buscando uma agenda que traga desenvolvimento para o estado, a exemplo do pagamento de royalties aos 23 municípios por onde passa a Estrada de Ferro Carajás e ainda a implantação da Zona de Exportação do Maranhão.
E mesmo diante das propostas em busca do desenvolvimento, Roberto Rocha ainda trabalha nos bastidores políticos que favoreçam o PSDB, partido que saiu enfraquecida das eleições de 2018 tanto para presidente quanto para governador no Maranhão.
Segundo o presidente do PSDB no Maranhão, para as duas próximas eleições ainda não há um panorama completamente defino. “Muita água ainda passará sob essa ponte”, disse Roberto Rocha.

O senhor iniciou seu mandato ainda no governo do PT. Logo depois, entrou o MDB com Michel Temer, e agora acompanha a nova gestão com Jair Bolsonaro. Que mudanças no país – boas ou ruins – foram percebidas nestas três gestões?
A boa mudança foi o vigor demonstrado pelas pessoas, nas praças e ruas, demandando mudanças. A ruim é que isso não foi feito a partir de um projeto político substantivo, mas apenas como um freio de arrumação na política. E o substrato foi a criminalização da atividade política, de cunho moral.

E quanto ao Maranhão? Acompanhou cada mudança ocorrida em Brasília nos últimos cinco anos?
O fenômeno foi geral, mas o Maranhão postou-se com um pro­jeto ideológico como se estivesse defendendo as tábuas da lei do esquerdismo. A Bahia, mesmo na oposição ao Governo Federal, tem sido muito mais inteligente, atraindo empresas de grande por­te que geram milhares de empregos. De igual modo o Piauí, aqui do lado.

O que falta ao estado para que os números melhorem? Quais as suas ações, enquanto parlamen­tar, para contribuir com o desen­volvimento do MA?
O que falta ao Maranhão é entender que o bem-estar social depende do desenvolvimento econômico. É entender as tremendas possibilidades de crescimento que nós temos, desde que comecemos a pensar o Estado fora da lógica de um capitalismo de commodities que não cria nenhuma cadeia de agregação de valor. Minha atuação no Senado tem sido no sentido de fazer projetos estruturantes pensando nesse Maranhão que está ao nosso alcance.

Quais ações o senhor pode exemplificar?
Além da ZEMA, que é uma aposta numa mudança na dinâmica econômica do Estado, eu também posso citar a expansão da Codevasf para todo o território maranhense com efeitos virtuosos para operar em várias áreas, já que é uma empresa estatal executiva. Me empenhei também de corpo e alma na luta pelo pagamento das compensações ambientais da ferrovia da Vale, o que já está trazendo benefícios para 23 municípios do Estado. O destravamento dessa pauta, trancada há tantos anos, exigiu o enfrentamento contra forças poderosas. Não foi uma luta individual, mas se não fosse o bom relacionamento que mantive com o presidente Michel Temer e com o atual presidente Bolsonaro, não tenho dúvidas de que os trens ainda estariam deixando só a poeira e o apito ao longo da ferrovia.

Dentro da política, esta disputa esquerda e direita que faz com que o estado pareça distante do Governo Federal tem consequên­cias reais para a população, na sua opinião?
Claro, consequências nefastas. O Governo do Estado não tem uma linha clara de desenvolvimento. A agenda ainda é a mesma das últimas décadas, com alguns avanços pontuais insignificantes.

O PSDB parece ter reduzido o seu papel no Maranhão. O partido tem planejamento para reverter o quadro com as eleições de 2020?
O PSDB enfrentou três máquinas públicas e ainda a dissolução do seu candidato a presidente, que com certeza era o melhor candidato. Paralelo a isso, eu enfrentei o maior drama da minha vida, com a doença do meu filho. Mas os resultados eleitorais mostram que ninguém tem a chave do tesouro do entendimento do sentimento popular, que é o dono do timão.

A previsão é de quantas candidaturas a prefeito no estado o PSDB pretende ter?
Não lutamos por quantidade, mas por qualidade na gestão. O PSDB terá candidatos nos mais importantes colégios eleitorais.

Em São Luís, a estratégia de pluralidade de candidaturas pode mudar o cenário que hoje se considera que é uma candidatura forte de Eduardo Braide?
Braide vem com um ótimo capital político, e criou um excelente recall, mas como ele mesmo demonstrou na última eleição municipal, há aspectos de psicologia coletiva que são mais importantes que a simples projeção de números.

Há possibilidade de o PSDB apoiar uma candidatura na capital? Das apresentadas até o momento, qual poderia ser?
Claro que há, mas o partido ainda não deliberou.

Sobre as eleições de 2022, o seu destino será buscar a reeleição ou tentará chegar ao Palácio dos Leões?
Muita água ainda passará sob essa ponte.

Sua decisão levará em conta o seu resultado eleitoral de 2018 quando disputou o governo do Maranhão?
Cada eleição tem sua lição e também sua pedagogia.

O senhor foi colocado pelo presidente Jair Bolsonaro como determinante para a assinatura do acordo Brasil/EUA para a exploração comercial da Base de Alcântara. Esta exploração pode ser favorável ao Maranhão sem que haja impacto sociais negativos ao estado? Há garantias?
Claro que sim. Como disse um deputado da Bahia, numa audiência pública, “se vocês maranhenses não quiserem, tragam pra Bahia”. O problema é que a gente fica discutindo os impactos negativos com tanta emoção que acabamos esquecendo de discutir as soluções que estão à vista. O importante é toda a bancada estar unida nesta hora.

Os movimentos nas ruas tanto pró quanto contra o Governo Bolsonaro, na sua opinião, podem influenciar de que forma na relação dos Três Poderes?
Já vêm influenciando. O Congresso nunca esteve tão sensível à voz das ruas como nesta legislatura.

O senhor apoiou o movimento pró-Bolsonaro nas ruas?
Todos esses movimentos têm dezenas de agendas entrecortadas. Não há um apoio em bloco. Por exemplo, o movimento dos estudantes contra o contingenciamento na educação é legítimo, enquanto a agenda ant- STF a favor do Governo não pode merecer meu apoio. O importante é que ambos mostram que o pulso da Nação está batendo. l

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