Guerra fria

Putin suspende participação da Rússia do tratado nuclear

A suspensão do tratado assinado com os Estados Unidos durante a guerra fria gera temores de uma nova corrida armamentista

Agência Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Míssil Titan, em local desativado de lançamento de mísseis balísticos intercontinetais nos EUA
Míssil Titan, em local desativado de lançamento de mísseis balísticos intercontinetais nos EUA (Putin)

Legenda

Míssil Titan, em local desativado de lançamento de mísseis balísticos intercontinetais nos EUA

MOSCOU - O presidente Vladimir Putin suspendeu oficialmente, nesta segunda-feira, 4, a participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear INF assinado com os Estados Unidos durante a Guerra Fria, após o governo norte-americano deixar acordo no início de fevereiro.

De acordo com um decreto tornado público pelo Kremlin e que entra em vigor imediatamente após sua assinatura, a participação de Moscou está suspensa "até que os Estados Unidos deixem de descumprir suas obrigações sob o tratado ou até o fim da sua validade". Washington será notificado em breve sobre essa decisão, acrescenta o decreto.

Após um ultimato, Washington confirmou no início de fevereiro a suspensão de sua participação no tratado nuclear sobre mísseis de alcance intermediário (INF), assinado em 1987 com a então URSS nos últimos anos da Guerra Fria.

O tratado, que aboliu o uso de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 km, encerrou a crise dos mísseis europeus na década de 1980, provocada pela presença de ogivas nucleares SS-20 soviéticas dirigidas a capitais ocidentais.

O governo dos Estados Unidos, apoiado por seus aliados na Otan, acusa a Rússia de violar o tratado com seu sistema de mísseis 9M729. Moscou, que rejeita a acusação, seguiu o caminho de Washington e anunciou a suspensão de sua participação.

Vladimir Putin também ordenou o desenvolvimento de novos tipos de mísseis terrestres dentro de dois anos, incluindo a adaptação de mísseis de médio alcance já existentes.

O sistema Kalibr, usado pela primeira vez em operação pela Rússia em 2015 contra os rebeldes sírios, deve, assim, ser adaptado para torná-lo uma variante terrestre. Um novo sistema de mísseis terrestres de longo alcance também será criado.

Putin também ameaçou, no final de fevereiro, em um discurso ao parlamento russo, implantar novas armas desenvolvidas por seu país para atingir os “centros de decisões” nos países ocidentais.

A Rússia alega que os Estados Unidos trabalham "ativamente" na fabricação de novos mísseis e critica a nova postura nuclear americana, que inclui o desenvolvimento de um míssil nuclear de baixa potência.

A suspensão do tratado INF gera temores de uma nova corrida armamentista entre Moscou e Washington.

Além disso, o futuro do tratado START para reduzir os arsenais nucleares, que expira em fevereiro de 2021, também está sendo questionado.

"O desaparecimento do Tratado INF (...) tornaria o mundo menos seguro e mais instável, e essa insegurança e instabilidade serão fortemente sentidas aqui na Europa", alertou recentemente o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

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