Crise familiar

PSL de Jair Bolsonaro entra em crise após revelação de laranjas

Crise envolve o ministro da Secretaria-Geral da República, Gustavo Bebianno, que presidia o partido na época das eleições do ano passado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, classificou de mentiroso o ministro Bebianno
O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, classificou de mentiroso o ministro Bebianno (Bolsonaros)

Brasília

O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, está no centro de uma crise política por suspeita de irregularidades em razão do financiamento de candidaturas de "laranjas" nas eleições de 2018.
A controvérsia agravou-se quan­do um dos filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, desmentiu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, depois de este dizer que havia conversado com o presidente sobre o caso - Bebianno presidia o PSL na época da disputa eleitoral do ano passado.
Há pressões no Palácio do Planalto pela demissão de Bebianno do cargo de ministro, em razão da crise entre ele e o filho do presidente. A Polícia Federal vai investigar o caso.
Ontem, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse que a suspeita está sendo apurada e "eventuais responsabilidades" serão "definidas" após as investigações.

A crise
Em 4 de fevereiro, uma reportagem da "Folha de S.Paulo" apontou que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), que é presidente do partido em Minas Gerais, direcionou verbas de campanha a quatro candidatas no estado que são suspeitas de serem laranjas.
Já em 10 de fevereiro, o mesmo jornal informou que o PSL repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal em Pernambuco que teve 274 votos, três dias antes da eleição. De acordo com a reportagem, isso é indício de uma candidatura de fachada.
O jornal diz que Maria de Lourdes Paixão se tornou candidata por iniciativa do grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar.
O repasse, ainda segundo a "Folha de S.Paulo", aconteceu no período em que Gustavo Bebianno era o presidente do PSL. Um dos principais coordenadores da campanha de Bolsonaro, Bebbiano deixou o comando da legenda após o período eleitoral e hoje é ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Segundo a reportagem, Maria de Lourdes Paixão foi beneficiária do terceiro maior volume de recursos transferidos para um candidato - mais do que receberam as campanhas do próprio Jair Bolsonaro e de Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada mais votada do país entre as mulheres candidatas.

Pivô
Na terça-feira, 12, Gustavo Bebianno negou, em entrevista ao jornal "O Globo", que seja o pivô de uma crise no governo. Ele afirmou: "Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o presidente". Segundo Bebianno, ele se comunicou com o presidente por meio de um aplicativo de mensagens.
Já na quarta-feira, 13, um dos filhos do presidente, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), criticou Bebianno em uma rede social. Segundo Carlos Bolsonaro, era uma "mentira absoluta" a alegação de Bebianno na qual o ministro disse ter falado três vezes com Jair Bolsonaro enquanto o presidente ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Bolsonaro recebeu alta ontem e voltou para Brasília.
Para sustentar o que chamou de "mentira", o filho do presidente divulgou uma gravação em áudio do pai na qual ele supostamente conversa por telefone com Bebbiano. A gravação reproduz somente a voz de Bolsonaro.

Maia diz que crise é interna no Executivo e familiar

brasília

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elogiou a atuação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, pivô da mais nova e grave crise do governo Bolsonaro. Em visita a Teresina (PI), Maia disse que não quer envolver o Legislativo com o Executivo, ao ser questionado se o imbróglio no Palácio do Planalto tem potencial para atrasar a aprovação da reforma da Previdência.
“Essa é uma crise do Executivo, das relações entre o presidente, a família e o ministro Bebianno”, disse Maia.
“O ministro Bebianno é um quadro que tem mostrado desde a transição até o processo todo de eleição da Câmara e do Senado uma capacidade de articulação, junto com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, muito positiva”, afirmou Maia.
“Agora, a decisão dele continuar ou não no governo não é um problema do Legislativo”, completou.
“Eu tenho no Bebianno e no Onyx dois quadros que eu tenho ótima interlocução, que ajudam no diálogo e que têm representado bem o governo”, resumiu.

Embate
O embate entre o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, jogou o Planalto em sua pior crise nos 44 dias de governo.
Após receber alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ficou internado por 17 dias, o presidente tomou o lado do filho na briga e desautorizou Bebianno, sugerindo até mesmo que ele po­de deixar o cargo.

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