Artigo

Olavo versus Boff: escolha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

Já deve ter acontecido com você. Por uns momentos, você deixa de pensar em sua situação pessoal (saúde financeira e corporal) e fica a imaginar aquilo que lá fora, nesse mundão de Deus, possa também vir a lhe causar, dia qualquer, algum problema.

Fui alertado para isso depois que provocado por novas leituras de velhos textos que já tinham sido arquivados. E olha que não são apenas “tatuagens azuis da memória”, na bela frase do jornalista, senão que são lembranças sempre escorraçadas, insistindo em voltar, vivas, pulsantes, até porque muitas não concordam em ser chamadas de lembranças. “Lembranças” cheira à memória e esta não condiz com aquilo que está a merecer tratamento menos histórico e mais jornalístico.

Foi assim que deparei-me com um texto de Olavo de Carvalho que, já em julho de 2008, criticava um comentário de Leonardo Boff a um livro de Arnold Toynbee. Dizia Boff que o historiador inglês havia identificado os quatro grandes desafios de hoje à humanidade: ecológico, energético, alimentar e populacional. E que, acaso não solvidos esses desafios, com respostas eficazes e objetivas, levaria fatalmente a ser dissolvida a civilização que não soube enfrentá-los. E não fazia distinção quanto ao tipo de civilização. E seu local de vida.

Olavo critica essa generalização e diz ser errado o remédio preconizado quando Boff aponta restar uma única esperança: “A humanidade, se não quiser se autodestruir, deverá elaborar um contrato social mundial com a criação de instâncias de governabilidade global com a gestão coletiva e equitativa dos escassos recursos da natureza”.

Veja aí o ovo da serpente. Boff assume descaradamente o patrocínio da ideia do governo mundial socialista, o globalismo. Nesse governo, a grande vítima começava a ser o Brasil, coisa com que o (ex-)religioso muito não está preocupado. Para ele, importante é que haja um governo - não nacional e sim mundial - e que não seja eleito pelo povo, conquanto que seja... socialista.

Pois bem, veja agora o leitor, mais de perto observando a coisa, qual desses quatro desafios seriam aptos a dissolver a brasileira civilização? Assim é que: em termos de ecologia, nada há que aponte alguma ameaça, de peso, a nossa ecologia, nem o sr. Boff se dignou apontar; tocante a nossa matriz energética, nela o Brasil só tem crescido principalmente no campo das fontes limpas; se insistem em falar em alimentos, seremos obrigados a falar no velho chavão de que o Brasil será o futuro celeiro do mundo; quanto à população, que todos desejam crescente, entre nós, temos capacidade para absorver a onda migratória que vier, não de forma abusivamente invasiva mas a modo regular e seletiva.

Situa também Olavo que Boff omitiu um detalhe bastante significativo, de que os desafios, na paisagem mundial, mais de perto ameaçam os países sob domínio islâmico ou socialista. Transcorridos já onze anos, o problema não desapareceu senão que se tornou mais agudo e premente. As dores hoje enfrentadas pelo Reino Unido, na questão do Brexit, são o sintoma de um traumático parto emergente em todas as nações que em tempo estão resolvidas a se libertar da ideia malsã do temível governo mundial. Em quem acreditar?

Uma vez mais, a razão com Olavo.

Pedro Leonel

Advogado

E-mail: plpcadv@gmail.com

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