Tensão

Turquia diz que criará ''zona de segurança'' na fronteira da Síria

Criação implica que milícias curdas deixem posições na fronteira. Milícias são consideradas ''terroristas'' por Ancara, mas apoiadas por Washington na luta contra o Estado Islâmico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

ANCARA - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou ontem (15) que seu país criará uma "zona de segurança" na fronteira da Síria, que separaria a fronteira turca das posições em poder de milícias curdas na Síria.

Há vários anos a Turquia vem pressionando pela criação da "zona de segurança", mas essa ideia até agora foi rejeitada, inclusive pelo antecessor de Donald Trump, Barack Obama.

No entanto, agora essa opção veio à tona depois que Trump evocou uma "zona de segurança de 32 km" em um tuíte no domingo, uma oportunidade que o governo turco aproveitou rapidamente. Erdogan disse nesta terça que a extensão dessa área poderia até ser maior do que os 32 km mencionados por Trump.

Mas a criação de tal zona implicaria que as Unidades de Proteção Popular (YPG) concordassem em deixar as posições que ocupam ao longo dos 900 km da fronteira entre a Turquia e a Síria. As YPG são um grupo de milícias curdas, que Ancara considera "terrorista", mas que Washington apoiou na luta contra a organização extremista Estado Islâmico (EI).

Ativamente engajada no terreno sírio, a Turquia já desalojou as YPGs de várias posições no noroeste, agora controlado por grupos rebeldes e onde as tropas turcas também estão mobilizadas, levantando acusações de "ocupação".

Segundo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, a área ao longo da fronteira entre a Turquia e Síria serviria para defender ambas as partes, turcos e curdos.

Conversa positiva

Trump e Erdogan conversaram por telefone na segunda-feira à noite. No telefonema, descrito por Erdogan como "extremamente positivo", Trump "mencionou uma zona de segurança que representa mais de 30 km, e que vamos estabelecer ao longo da fronteira", declarou o presidente turco.

Esta conversa ocorreu em um momento no qual ambos os países vivem um novo episódio de tensão devido ao destino das YPG. Ancara não esconde a sua intenção de lançar uma operação militar contra as YPG, mas Washington tenta, desde o seu anúncio de retirada da Síria, em dezembro, tranquilizar os seus aliados.

Durante a sua conversa com Trump, Erdogan assegurou a seu colega americano que a Turquia está preparada para fornecer "qualquer tipo de apoio" aos Estados Unidos em sua retirada da Síria.

No domingo, Trump ameaçou no Twitter "devastar a Turquia economicamente se atacar os curdos". Mas, segundo um comunicado da presidência turca, ambos os líderes acordaram em sua conversa fortalecer as relações econômicas entre os países.

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