Reconhecimento

HSD é referência no uso da oxigenação por membrana extracorpórea

Hospital São Domingos torna-se referência no Norte e Nordeste para a utilização da Extracorporeal Membrane Oxygenation, segundo a Extracorporeal Life Support Organization (ELSO)

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
O ECMO e os profissionais da equipe da UTI do Hospital São Domingos
O ECMO e os profissionais da equipe da UTI do Hospital São Domingos

SÃO LUÍS - O Hospital São Domingos acaba de tornar-se centro de referência da Extracorporeal Life Support Organization (ELSO), instituição que referencia a utilização da ECMO (Extracorporeal Membrane Oxygenation) em todo o mundo. Agora, o HSD é referência na utilização do procedimento em todo o Norte e Nordeste do Brasil.

A ECMO é utilizada para propiciar recuperação de formas graves de insuficiência respiratória, que não melhoram com os métodos usuais de tratamento e também é utilizada em formas graves de insuficiência cardíaca, substituindo as funções de coração e pulmões enquanto outras medidas são tomadas para a recuperação do paciente. Trata-se de um procedimento complexo e que demanda elevada expertise das equipes que conduzem o tratamento além de uma estrutura hospitalar e de UTI capazes de atender todas as necessidades.

De acordo com o coordenador médico das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital São Domingos, José Raimundo Azevedo, foi necessário um longo período de preparação para o hospital chegar à condição de Centro de Referência de ECMO da ELSO.

“Começamos com a capacitação de duas enfermeiras intensivistas, que, em outubro de 2016, iniciaram o treinamento em circulação extracorpórea e ECMO no Instituto de Ensino e Pesquisa de São Paulo. Em janeiro de 2018, as enfermeiras concluíram o treinamento e foram certificadas”, informa o coordenador.

médico Carlos Sousa, do HSD, em treinamento no Hospital Erasme, em Bruxelas, com outros médicos
médico Carlos Sousa, do HSD, em treinamento no Hospital Erasme, em Bruxelas, com outros médicos

Certificação
Como parte do processo de referenciamento também, em fevereiro de 2018, o médico Carlos Sousa, da UTI do Hospital São Domingos, foi enviado para Bruxelas, onde permaneceu por três meses no prestigiado Hospital Erasme para realizar treinamento em ECMO, sob a orientação do professor Fabio Taccone. Em setembro passado, Carlos Sousa; Luciano Silva, médico intensivista, e as enfermeiras Joseane Guedes e Kassia Gusmão realizaram o treinamento seguido de certificação em ECMO pela ELSO.

“Desde novembro de 2018, o Hospital São Domingos é Centro Ativo de ECMO da ELSO. Somos o segundo centro do Norte e Nordeste do Brasil. O outro centro fica em um hospital de Recife. Isso significa que sempre que a ELSO for consultada para referenciar pacientes com necessidade de ECMO em todo o Norte e estados do Maranhão e Piauí, o hospital sugerido como em condições de realizar o tratamento com segurança será o Hospital São Domingos”, destaca o médico José Raimundo Azevedo.

A ECMO, hoje, alcançou a maturidade, é realizada com segurança e tem indicação bem definida em formas graves de insuficiência respiratória e cardíaca, desde que realizada em centros de excelência com protocolos bem estruturados e equipamentos e equipes qualificadas, caso do Hospital São Domingos”

Histórico e consolidação do tratamento

Na década de 1950, como resultado de esforços de engenheiros biomédicos e médicos pesquisadores se chegou a um oxigenador de membrana que seria capaz de substituir a função dos pulmões por longos períodos e fora do centro cirúrgico já que, até então, o equipamento existente só permitia a substituição da função pulmonar durante a cirurgia cardíaca e por período limitado de tempo.

Em 1975, o médico Robert Bartlett foi chamado para dar assistência a um recém-nascido que havia aspirado grande quantidade de mecônio e encontrava-se agônico internado em uma UTI pediátrica na California (EUA). Ele solicitou a autorização da mãe da criança, uma mexicana que havia dado à luz enquanto atravessava a fronteira do México com os Estados Unidos.

Logo após a autorização, a mãe desapareceu e a criança foi salva pela utilização do novo método. O estafe de enfermagem da UTI pediátrica deu o nome de Esperanza à criança, que representou assim o primeiro paciente a ser salvo pela ECMO no mundo.

Complexidade
Na década de 1970, a ECMO continuou a ser utilizada em crianças e adultos, mas apresentava como limitações os equipamentos e recursos de suporte de vida ainda inadequados para a complexidade do tratamento. Em 2009, quando teve início a pandemia de gripe pelo vírus H1N1, que se mostrou devastador e com índice de mortalidade de até 90%, um grupo inglês resolveu utilizar a ECMO para tratar os pacientes com as formas mais graves de infecção por H1N1. O estudo, chamado de Cesar Trial, recolocou a ECMO no cenário do tratamento de formas graves de insuficiência respiratória ao reduzir a mortalidade dos pacientes tratados.

O entusiasmo com os resultados alcançados fez com que os autores do estudo, quando da publicação na prestigiada revista médica inglesa The Lancet, afirmassem que pacientes com formas graves de insuficiência respiratória deveriam ser transferidos para centros que dispusessem de ECMO já que o tratamento poderia lhes salvar a vida.

Vários estudos foram realizados em seguida e progressivamente consolidaram a utilização da ECMO, não só em formas graves de insuficiência respiratória, substituindo a função dos pulmões, como também em casos cardiológicos graves que não melhoram com intervenções convencionais sendo que aqui a ECMO substitui as funções de pulmões e coração.

“A ECMO, hoje, alcançou a maturidade, é realizada com segurança e tem indicação bem definida em formas graves de insuficiência respiratória e cardíaca, desde que realizada em centros de excelência com protocolos bem estruturados e equipamentos e equipes qualificadas, caso do Hospital São Domingos”, conclui Dr. José Raimundo Azevedo.

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