MA: assaltantes de bancos ainda não foram encontrados
Bandos que atacaram agências bancárias nas cidades de Arame, Humberto de Campos e parte dos criminosos que aterrorizaram Bacabal não foram localizados e continuam soltos; quadrilhas agem de forma semelhante: fazem moradores reféns, atacam postos policiais
SÃO LUÍS - A polícia ainda não encontrou o bando que explodiu caixas eletrônicos e assaltou a agência do Bradesco no município de Arame, a 475 quilômetros de São Luís, durante a noite do dia 9 deste mês, há pouco mais de uma semana. A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou no sábado (150, por meio de nota, que continuam as investigações para localizar e prender todos os suspeitos de envolvimento na ação criminosa na cidade. A SSP-MA ressaltou que, no momento, não vão ser divulgados detalhes e informações para não atrapalhar o andamento das diligências. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido preso.
O Bradesco de Arame foi a terceira agência alvo de criminosos no Maranhão em 15 dias. De acordo com informações da polícia, o bando fechou as principais ruas que dão acesso à entrada da cidade e começaram a atirar. Durante ação, os criminosos fizeram moradores reféns. Posteriormente, os bandidos atearam fogo na delegacia do município, consumaram o assalto e fugiram. Os reféns foram liberados horas depois Parte do prédio também foi destruído. De acordo com a SSP-MA, a principal suspeita é de que os marginais estejam ligados a uma organização criminosa nacional e agem de forma estratégica. A quantia roubada não foi revelada.
Humberto de Campos
Bandidos que atacaram o Banco do Brasil (BB) da cidade de Humberto de Campos, a 92 quilômetros da capital, na madrugada do dia 6 deste mês, ainda não foram presos. Caixas eletrônicos foram destruídos, como também parte do prédio da instituição financeira. De acordo com informações policiais, o cofre da instituição bancária não foi levado. Durante a ação criminosa, não houve registro de feridos. A quantia roubada não foi revelada.
Os criminosos metralharam a 5ª Cia da Polícia Militar do Maranhão (PMMA). As paredes da fachada e o portão ficaram com marcas dos disparos das armas de fogo utilizadas pelos assaltantes. Segundo a polícia, os assaltantes se dividiram em três grupos para agir no município.
Bacabal
A polícia também não concluiu a investigação referente a explosão e roubo ao centro de distribuição do Banco do Brasil de Bacabal, a 240 quilômetros de São Luís, que ocorreu no dia 25 de novembro. Uma quadrilha invadiu a cidade, explodiu e assaltou a agência do Banco do Brasil, fuzilou o quartel da Polícia Militar e uma delegacia de Polícia Civil. Durante a ação, três criminosos e um morador da cidade morreram. A polícia calcula que aproximadamente 40 pessoas participaram do roubo. Os bandidos incendiaram veículos e fizeram dezenas de moradores reféns. Dados ainda não confirmados indicam que os assaltantes teriam roubado cerca de R$ 100 milhões. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), mais de R$ 45 milhões foram recuperados.
Quatro homens suspeitos de envolvimento no assalto ao BB, em Bacabal, foram mortos em um confronto com a Polícia Militar (PM) na noite de segunda-feira(3), na cidade de Santa Luzia do Paruá, a 370 quilômetros da capital. Outros 10 foram presos, sendo que alguns desses ficaram feridosdurante o cerco policial. Eles estavam sendo transportados em um caminhão-baú, onde foi encontrado armamento de grosso calibre e malotes com dinheiro
A forma como os criminosos agiram nos bancos das cidades de Arame, Humberto de Campos e Bacabal foram semelhantes. Atacaram unidades policiais, fizeram reféns e destruíram parte dos prédios das instituições financeiras.
Ineficiência da Segurança Pública
Em reportagem publicada dia 6 deste mês, O Estado mostrou que entidades que representam policiais civis, militares e bancários afirmaram que os constantes ataques especializados a agências bancárias no Maranhão reflete a ineficiência da Segurança Pública. Eloy Natan Silveira Nascimento, presidente do Sindicato dos Bancários, disse que o governo estadual deveria investir mais em serviços de inteligência e também criticou a segurança oferecida pelos bancos.
“Há uma falha por parte dos bancos, que não garantem a segurança dos profissionais que ali estão e dos clientes; mas também o Governo do Estado não investe em serviço de inteligência, em investigações mais preventivas. Uma quadrilha interestadual desse porte não chegou na cidade do nada, teve um planejamento. Há uma facilidade para os criminosos, porque o Estado é pouco vigiado. Acredito que há um baixo número de policiais civis e militares disponíveis para manter a segurança nas cidades maranhenses. Além disso, deve haver mais policiamento, também, nas fronteiras”, afirmou Eloy Nascimento.
Sinpol/ MA e a Aspommem
Por meio de nota, o Sindicato dos Policiais Civis do Maranhão (Sinpol/MA) destacou que em março deste ano a diretoria da entidade visitou a delegacia regional de Bacabal - que foi atacada por uma quadrilha no dia 25 de novembro, a 240 quilômetros de São Luís - e constatou o baixo efetivo e a falta de investimento em inteligência policial. Reiterou que tem denunciado o descaso do governo Flávio Dino para com a segurança pública, reafirmando que a atual gestão investe menos de 1% na Polícia Civil. A entidade denunciou, ainda, a perseguição que investigadores e escrivães sofrem dentro da entidade, embora trabalhem na legalidade.
A Associação dos Policiais Militares da Região do Médio Mearim (Aspommem) condenou a vulnerabilidade do policiamento e enfatizou que esses episódios de assaltos expõem a fraqueza do sistema de segurança pública, “notadamente em decorrência da falta de um sistema de inteligência eficiente, capaz de trocar informações e monitoramento previamente a ação dos delinquentes, a fim de evitar esses crimes”.
Dados
O Maranhão registrou, neste ano, 23 ações criminosas contra agências bancárias, conforme dados do Sindicato dos Bancários. Do número total de investidas, foram 14 arrombamentos, três assaltos, quatro tentativas de assaltos / saidinhas e duas saidinhas bancárias consumadas. Segundo registros do sindicato, o Banco do Brasil (BB) é alvo constante dos criminosos. Dos 23 casos contabilizados, 12 foram ataques a agências do BB, um percentual de mais de 50%. Em seguida, vem o Bradesco, com oito ataques; Caixa Econômica Federal, com duas investidas e, por último, o Santander, com um caso.
Não contabilizados
Um homem identificado como Gefferson Oliveira Sousa, de 27 anos, foi preso no último domingo - 9 de dezembro - suspeito de assaltar a agência bancária da Caixa Econômica Federal (CEF), situada na Rua Bonaire, em Açailândia, no interior do Estado. Com ele, a polícia encontrou uma quantia de aproximadamente R$ 13.067,00, uma pistola 380, uma alavanca de ferro, duas chaves de fenda, um alicate e uma mochila. Outros suspeitos conseguiram fugir.
De acordo com policiais do 26° Batalhão de Polícia Militar (BPM), o tesoureiro da agência foi sequestrado da própria residência, em Imperatriz - quando saia de casa para jantar - e conduzido por uma quadrilha até a CEF. A esposa do funcionário foi feita refém e, após o assalto, foi libertada próximo ao povoado Califórnia, a 15 quilômetros de Açailândia. A polícia informou que chegou ao local depois que o alarme de segurança da agência disparou.
Outro caso semelhante foi registrado de quinta (6), para sexta-feira ( 7), em Buriticupu. Um gerente do Banco do Brasil (BB) da cidade teve sua casa, em Lago da Pedra, invadida por bandidos. Os criminosos renderam sua família e obrigaram o gerente a ir até ao banco, abrir o cofre e entregar todo o dinheiro.
Após receberem o dinheiro, os bandidos liberaram as filhas e esposa. A entrega do valor foi feita na região de Santa Inês. A quantia arrecadada pela quadrilha durante o sequestro ainda não foi informada. O comando da Polícia Militar confirmou o caso e disse que o gerente está bem. Até o momento ninguém foi preso.
Saiba Mais
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