Editorial

O caso Manchinha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27

Um dos assuntos mais comentados e repercutidos nas redes sociais em todo o país, na semana passada, foi o caso do cachorro Manchinha - que morreu em consequência da agressão sofrida por um segurança de uma famosa rede de supermercados, na Grande São Paulo.

A agressão suscitou manifestações de protestos por ativistas ambientais e representantes de Ongs protetoras de animais país afora. Sem criar polêmica, a verdade é que maus tratos praticados contra animais é uma das piores atrocidades que o ser humano pode cometer. Animais não podem defender-se sozinhos.

Em agosto deste ano, São Luís teve o seu “caso Manchinha”, ainda não esquecido. No Residencial Pinheiros, uma enfermeira decidiu manifestar toda a sua crueldade atropelando os cães Duquesa e Pepe, que sofreram ferimentos graves. Duquesa, infelizmente, não resistiu e fica o registro que animais são reféns do ser humano, da sua covardia. A violência praticada contra animais, sob todos os aspectos, deve ser repudiada e alvo de censura. É covardia mesmo quem dá bordoada, chute em um animal. É inaceitável.

Em novembro passado, a agressora foi condenada pela Justiça do Maranhão a pagar uma multa de R$ 20 mil pela morte da cadela e pelas lesões causadas a cão Pepe. Voltando ao caso de Manchinha, a Delegacia de Polícia de Investigações Sobre o Meio Ambiente investiga o que pode ter causado a morte do animal e as eventuais responsabilidades pelo criem. Entre as prováveis hipótese estão: um corte na pata traseira do cachorro causado pela barra usada pelo segurança; um enforcador usado por um funcionário da prefeitura para laçar o pescoço do bicho, asfixiando-o, ou ainda se ele foi envenenado ou atropelado.

Por sua vez, a rede de supermercado informou, em nota oficial, que se reuniu com diversas ONGs e ativistas para a construção de "inciativas em prol da causa". Além disso, a empresa elencou as medidas adotadas após a morte do cão: revisão dos treinamentos de colaboradores, parceiros e prestadores de serviço; ampliação das feiras de adoção de animais em todo o país e criação do "Pet Day".

Autor do livro “Maus Tratos aos Animais e a Violência contra Pessoas”, Marcelo Nassaro, membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente, diz que a violência contra anmais não é um ato isolado. Segundo ele, trata-se de um desdobramento do processo de desrespeito urbano de modo geral, podendo ser doença, individual e social. Ele faz um alerta: “À medida que a sociedade percebe que a brutalidade contra animais é a porta para agressões a humanos, mais atenção deve dar a gente que esfola seus gatos, arrasta cães no asfalto ou tortura bois no litoral de Santa Catarina”.

Não podemos esquecer que a violência contra animais já se manifesta desde a infância. Mas tudo se resumia a uma inocente brincadeira, como explodir sapo colocando cigarro na sua boca ou cortando rabinhos de largatixas. Quem não se lembra da cantiga infantil “Atirei o pau no gato”. A letra: “Atirei o pau no gato tô tô/ Mas o gato tô tô não morreu/ Dona Chica cá/ Admirou-se do berro, do berro que o gato deu: miau.”

Ainda bem que o gato não morreu.

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