Segurança

Buenos Aires mobiliza milhares de agentes para cúpula do G20

Evento será realizado amanhã (30), que será feriado, e no sábado (1º); área mais afetada será a de Costa Salguero;A capital argentina receberá os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping, entre outros

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Agentes argentinos fazem segurança em frente da embaixada da Arábia Saudita em Buenos Aires
Agentes argentinos fazem segurança em frente da embaixada da Arábia Saudita em Buenos Aires (Reuters)

BUENOS AIRES - Com cerca de 24 mil agentes de segurança, áreas fechadas para o trânsito e até mesmo para pedestres, interrupção total do sistema de metrô e trens, Buenos Aires se prepara para receber a cúpula do G20, que será realizada amanhã (30) e no sábado (1º).

A capital argentina receberá os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump; da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; o príncipe saudita Mohammad bin Salman, entre outros. As autoridades estimam a participação de cerca de 15 mil pessoas, incluindo 3 mil jornalistas, na cúpula.

Enquanto isso, os portenhos, principalmente os que moram nas áreas mais isoladas, reclamam que a cidade está sitiada para seus moradores.

Em Buenos Aires, uma cidade de 3 milhões de habitantes e 200 quilômetros quadrados, foram definidas seis zonas com diferentes graus de restrições de segurança.

A área onde a cúpula G20 será realizada, Costa Salguero, local praticamente desabitado nas margens do Rio da Prata, será fechada ao tráfego de carros e pedestres, bem como a navios e aeronaves, com uma zona de exclusão total do espaço aéreo.

O aeroporto Aeroparque, próximo à cúpula, estará fechado, assim como o de Palomar, localizado nas proximidades de Buenos Aires. Apenas o internacional de Ezeiza, ao sul, funcionará.

Os outros espaços de restrição absoluta estão localizados em torno do Teatro Colón, no centro da cidade, onde na sexta-feira ( 30) será o jantar de gala para dignitários, e perto do Centro Cultural Kirchner, também no centro histórico e onde, no sábado, o presidente argentino, Mauricio Macri, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se reunirão.

Agentes e aeronaves

A Argentina mobilizará 22.000 agentes e as delegações estrangeiras trarão outros 2.000 durante a cúpula, segundo a ministra da segurança, Patricia Bullrich.

A delegação dos EUA traz cerca de 800 efetivos para Buenos Aires, mas também foram autorizadas a entrar no Uruguai, no outro lado do Rio da Prata, oito aeronaves da Força Aérea, com tripulação civil e militar. A imprensa argentina especula até mesmo sobre a chegada de um porta-aviões.

Equipamento 'made in China'

Para garantir a segurança da cúpula, a China fez uma doação de equipamentos de segurança que depois serão deixados para as forças policiais argentinas.

O equipamento consiste em 30 motocicletas usadas por batedores, dois caminhões de retirada rápida de grades antidistúrbios e quatro caminhões blindados de intervenção rápida.

A lista inclui ainda 87 detectores de explosivos e drogas e 40 trajes de proteção antiexplosivos, entre outros materiais.

Feriado e manifestações

Para limitar os deslocamentos dos habitantes, na sexta-feira, foi decretado feriado na capital argentina. Nesse mesmo dia, movimentos sociais argentinos convocaram uma manifestação contrária ao encontro, que foi autorizada pelo governo. Ela irá percorrer as avenidas 9 de Julio e De Mayo, com destino à Plaza de los dos Congresos.

"A ideia que nós temos é de que esta seja uma reunião pacífica, tranquila, que todos que queiram se manifestar, que tenham uma posição contrária às discussões do G20 façam isso no marco da paz, da liberdade de expressão, e não no marco da violência. Estamos totalmente abertos a essa possibilidade", informou recentemente a ministra da Segurança, Patricia Bullrich.

Os estudantes também foram impactados. Eles terão que esperar por mais alguns dias para fazer os exames de final de ano e saber se foram aprovados ou não. Isso porque algumas escolas e universidades decidiram postergar as provas finais. Outras, mudaram o local de prova.

Hospitais em alerta

Os hospitais também estão em alerta para receber mais pacientes. Algumas cirurgias que teriam recuperação em unidade de tratamento intensivo foram canceladas para deixar leitos livres. De acordo com o jornal "El Clarín", o Minsitério da Saúde de Buenos Aires pediu que oito instituições médicas deixem a maior quantidade de camas livres nas áreas críticas e próximas a elas.

"Estamos trabalhando com uma hipótese de conflito. Um conceito que talvez seja infeliz, por ser muito bélico, mas que se traduz em prepararmos para um acontecimento que gere vítimas múltiplas", disse um médico do Hospital de Niños Ricardo Gutiérrez ao jornal.

"O G20 é um evento especial, em que pode haver incidentes químicos, fumaças tóxicas, gás de pimenta, diferentes cenários que nos obrigam a ter uma área de desintoxicação, que já está contemplada", acrescentou.

Encontro de Putin e Trump

O presidente russo, Vladimir Putin, disse na quarta-feira (28) que espera encontrar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na cúpula do G20 na Argentina nesta semana e que espera falar sobre barreiras comerciais.

Não está claro se a reunião ocorrerá. Trump disse na terça-feira que pode cancelar a reunião devido à captura de três navios ucranianos pela Rússia no fim de semana, mas o Kremlin disse que pensa que o encontro ainda está mantido.

Segundo o porta-voz do Kremlin, o encontro está "em preparação". "A preparação do encontro continua. Não temos informação de nossos colegas americanos", declarou nesta quarta o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Depende do que [Trump] considera uma agressão. Se define como agressão a ação dos navios de guerra ucranianos, é uma coisa. Poderemos discutir", reagiu Dmitri Peskov.

"Se define como agressão a ação da Guarda Costeira russa contra a tentativa de violar a fronteira russa, é outra coisa. Não estamos de acordo", acrescentou.

Relação Rússia e Ucrânia

Desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014, a relação de ambos países está em seu pior momento.

Sobre o incidente do último domingo, a Rússia denuncia uma "provocação" e uma violação do direito internacional. Por sua vez, a Ucrânia denuncia um "ato de agressão" de Moscou e pede a libertação dos marinheiros e o regresso dos navios.

Acusados de ultrapassar a fronteira russa de maneira ilegal, 15 marinheiros ucranianos, dos 24 detidos, estão em detenção preventiva até 25 de janeiro. Os demais vão comparecer perante a justiça nesta quarta-feira.

O presidente ucraniano Petro Poroshenko evocou na terça à noite a "ameaça de uma guerra" com a Rússia. Nesta quarta, ele promulgou lei marcial em 10 regiões fronteiriças do país e nas regiões costeiras do Mar Negro e Azov.

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