Comportamento

Saúde mental na infância e adolescência em evidência

Depressão e ansiedade em crianças ainda são tabus para muitos pais e educadores; quando abordado na infância e adolescência, o assunto encontra ainda mais resistência

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Excesso de atividades e bens materiais podem prejudicá-los
Excesso de atividades e bens materiais podem prejudicá-los (criança)

SÃO PAULO - A saúde mental de maneira geral ainda costuma ser um tabu. E quando é abordada na infância e adolescência, o assunto encontra ainda mais resistência, neste caso, pelos próprios pais e educadores. Mas a questão é séria e precisa ser discutida: crianças e jovens podem ter depressão e ansiedade.

“Muita gente acha que é frescura, preguiça ou até mesmo falta de reconhecimento por tudo que os pais fazem pelos filhos, quando na verdade é uma doença ou um transtorno que precisa ser tratado”, explica Thaís Quaranta, psicóloga e coordenadora da pós-graduação em Saúde Mental e Psicopatologia na Infância e Adolescência da APAE de São Paulo.

Cuidado com cobranças
Os motivos podem ser variados, desde genéticos até mesmo ambientais. O mundo ágil e de intensas modificações também contribui para o quadro. “Vemos crianças com um nível alto de ansiedade porque fazem muitas atividades: inglês, natação, aula de música, escola, etc. É um mini-adulto que não tempo de criar, de questionar e desenvolver estratégias de resolução de problemas e habilidades sociais”, conta a especialista.

Por outro lado, os pais na ânsia de quererem dar o que há de melhor para os filhos, não entendem que esse excesso de atividades e bens materiais podem prejudicá-los. “Principalmente, em famílias mais privilegiadas, vemos que os pais se dedicam muito aos filhos e há uma cobrança de que a criança esteja sempre bem. É aquela velha história, ele tem de tudo, por que está assim, chateado ou para baixo? Eles costumam dizer que não há motivo para tal”, ressalta a psicóloga.
Isso faz parte de uma cultura que durante muito tempo valorizou a questão acadêmica como sinônimo de sucesso com a criação dos filhos. Só que, por outro lado, muitos pais se esqueceram que o emocional também é importante, já que traz a capacidade de resolução de problemas e de gerência da própria vida, ferramentas essenciais para viver em sociedade.

Principalmente, em famílias mais privilegiadas, vemos que os pais se dedicam muito aos filhos e há uma cobrança de que a criança esteja sempre bem. É aquela velha história, ele tem de tudo, por que está assim, chateado ou para baixo? Eles costumam dizer que não há motivo para tal”Thaís Quaranta, psicóloga e coordenadora da pós-graduação em Saúde Mental e Psicopatologia na Infância e Adolescência da APAE de São Paulo

Outros problemas como o bullying e o cyberbullying também deixam marcas nas crianças que podem desenvolver transtornos mentais por conta da violência sofrida que poderão acompanhá-los por toda vida. “Adultos que tiveram problemas na infância sofreram impactos no seu desenvolvimento. Muitos seguem acreditando nos estigmas que receberam, sem questionar”, destaca Thaís Quaranta.

Alerta de que algo não está legal
Ao contrário dos adultos, as crianças e adolescentes manifestam a depressão e a ansiedade de forma diferente. De acordo com a psicóloga, isso acontece por causa de a personalidade ainda estar em desenvolvimento, ou seja, os jovens não têm muito recurso para dizerem o que pensam, o que sentem e até mesmo entenderem o que ativam eles.

“Geralmente, as crianças e os adolescentes com ansiedade e depressão se expressam de uma maneira irritadiça e agressiva”, ressalta. É importante que os pais e os educadores estejam atentos a essas mudanças quando estas começam a impactar na vida deles.

Buscar ajuda para uma vida feliz
Negar que algo está acontecendo e não tratá-lo ainda cedo pode trazer sérias consequências para toda vida do indivíduo. “Uma criança com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) que não teve oportunidade de tratar ainda na infância, lá no futuro poderá desenvolver comorbidades, como depressão e ansiedade”, destaca a psicóloga.

Buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra tão logo os sintomas aparecerem ajuda no desenvolvimento da criança, podendo reduzir os impactos e até mesmo reverter o quadro clínico em alguns casos.

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