Covid-19

Pandemia: busca por serviços de saúde mental tem alta de 40% em São Luís

Neste período, maioria que busca auxílio de psicólogos e psiquiatras tem quadro de ansiedade, depressão, irritabilidade, fadiga e transtorno do sono

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
A impotência diante das perdas é um dos fatores para a alta na busca
A impotência diante das perdas é um dos fatores para a alta na busca (saúde mental / pandemia)

São Luís - O período de pandemia da Covid-19 acabou deixando os brasileiros mais ansiosos e deprimidos e, com isso, aumentou de uma certa forma a procura por atendimento em serviços de saúde mental. Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) revelam que houve um aumento de 47,9% nos atendimentos psiquiátricos durante o isolamento social e, de acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país nas Américas com maior número de pessoas depressiva, com cerca de 5,8% da população. O percentual fica somente atrás dos Estados Unidos, que apresenta uma taxa de 5,9%. Enquanto, ao quadro de ansiedade, 9,3% dos brasileiros já apresentaram esse tipo de transtorno.

E São Luís, não foge a esse triste cenário. O diretor do Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas (Caps-AD) Estadual e especialista em saúde mental, Marcelo Costa, declarou que a procura por serviços de saúde mental teve um aumento acima de 40% durante o período da pandemia e a maioria dos pacientes apresentando quadro de estresse pós-traumático, medo de morte, depressão e ansiedade. “Esses transtornos podem ter sido ocasionados pelo isolamento social como também desencadeados pelo consumo de drogas”, frisou Marcelo Costa.

Ele informou que as pessoas, que têm procurado pelo serviço mental são jovens, adultos e idosos, inclusive, mulheres. “Somente no Caps-AD, no momento, 15% dos pacientes são idosos, pois, antes de 2020, contava em torno de 7%”, frisou ele.

A psiquiatra Cláudia Duarte também afirmou que a demanda aumentou nos consultórios de psiquiatria e os pacientes apresentam quadro de ansiedade, depressão, irritabilidade, fadiga e transtorno do sono. “Muitas pessoas estão se sentindo sobrecarregadas e até mesmo enfrentam uma rotina desgastante, pois, isso acaba resultando em alguns transtornos”, declarou a médica.

Ela disse que a impotência diante da realidade e das perdas, principalmente, de mortes de pessoas queridas, a falta de perspectivas e o desalento têm levado algumas pessoas a procurar pela ajuda do trabalho do médico psiquiatra.

O psicólogo Raffael Rocha disse que as pessoas também têm procurado pelos consultórios de psicologia. A maioria desses pacientes apresentando um alto nível de ansiedade decorrente dos sentimentos de insegurança e impotência relacionados aos impactos da pandemia. “Tudo isso traz alguns impactos na saúde mental do ser humano e existem outras implicações ocasionadas pela pandemia que são a insegurança econômica e o isolamento social. Estas também podem ocasionar transtornos e fobias”, explicou Raffael Rocha.

Antidepressivos

A comercialização de antidepressivos e estabilizadores de humor tiveram um aumento expressivo ao longo do ano passado. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácias (CNN), mais de 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidos durante o ano de 2020. Um aumento de 17% das vendas desses remédios em relação ao ano de 2019.

Somente no Maranhão, a venda de antidepressivos cresceu 27% no decorrer do período pandêmico, segundo o relatório do CNN. A comercialização desses medicamentos no estado chegou a superar a média nacional, que foi de 17% no ano passado. Os estados do Amazonas e Ceará lideraram o consumo desse produto, com um crescimento de 29% cada.

Especialistas da área de saúde afirmam que o aumento no uso ou a dependência de medicamentos para o controle da ansiedade podem estar ligados ao desenvolvimento socioeconômico de cada região do país. Também o desemprego, a incidência de mortes pela Covid-19 e o confinamento na quarentena aumentaram a da ansiedade nos brasileiros.

Saiba Mais

A campanha Janeiro Branco ocorreu no começo deste ano e chamou a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental, que vem sendo afetada em todo o mundo pela pandemia do novo coronavírus. Esta foi a 8ª edição da campanha e teve como lema “Todo Cuidado Conta”.

Fique por Dentro

Recomendações da Fiocruz para o enfrentamento dos desafios à saúde mental na pandemia

Reconheça e acolha seus receios e medos, procurando pessoas de confiança para conversar;

Retome estratégias e ferramentas de cuidado que tenha usado em momentos de crise ou sofrimento e ações que trouxeram sensação de maior estabilidade emocional;

Invista em exercícios e ações que auxiliem na redução do nível de estresse agudo (meditação, leitura, exercícios de respiração, habilidades manuais);

Se você estiver trabalhando durante a epidemia, fique atento a suas necessidades básicas, garantindo pausas sistemáticas durante o trabalho (se possível em um local calmo e relaxante) e entre os turnos; Invista e estimule ações compartilhadas de cuidado, evocando a sensação de pertencimento social (como as ações solidárias e de cuidado familiar e comunitário);

Mantenha ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas;

Evite o uso do cigarro, álcool ou outras drogas para lidar com as emoções;

Busque um profissional de saúde quando as estratégias utilizadas não estiverem sendo suficientes para sua estabilização emocional;

Busque fontes confiáveis de informação e reduza o tempo que passa assistindo ou ouvindo coberturas midiáticas.

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