[e-s001]São Luís, conhecida por seu rico acervo arquitetônico e influências determinadas durante o período de colonização, registra imóveis com ricas histórias e curiosidades. Vários ainda são vistos no cenário urbano. No entanto, devido à ausência de valorização na cidade, muitos estão em degradação. O Estado buscou fatos marcantes e pitorescos de parte dessas moradias e constatou que alguns ocupam destaque na literatura e imprensa. Outras foram cenário de crimes bárbaros e, até hoje, mantêm características estéticas marcantes.
Uma das obras que tratam do assunto, escritas com o viés de analisar a influência dessas construções sob as populações atuais é “Moradas e Memórias”, escrita por Flaviano Menezes da Costa. O exemplar – que também já serviu de inspiração para o documentário de mesmo nome [produzido pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão] e contou com as participações de escritores, historiadores e pesquisadores em geral – narra nos capítulos iniciais a formação do acervo de imóveis da cidade.
No início, de acordo com o autor, as construções eram marcadas por fortes, armazéns e – considerando a população menos abastada – cabanas cobertas com “folhas de pindoba”.
Com o desenvolvimento da cidade a partir dos séculos XVII e no início do século XVIII, estas construções foram se tornando mais complexas, especialmente pela influência de correntes arquitetônicas europeias, já que muitas famílias abnegadas de São Luís contratavam profissionais de outros países para erguer os imóveis. Outros arquitetos que vieram até a Ilha para formar as tais edificações mais complexas foram contratados pelo governo da época, como é citado, por exemplo, em “A Ilha Afortunada”, de Pedro Braga, em 1987.
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Em sua maioria com arquitetura típica das construções europeias, os sobrados – construídos com um ou dois andares –, foram pouco a pouco se tornando mais comuns. Muitos abrigaram pessoas ilustres da sociedade maranhense, sejam escritores, comerciantes e até mesmo governantes. “Chama a atenção o número de imóveis que a cidade de São Luís registra e que são ricos em histórias e peculiaridades. Essa é a prova do quanto é rica a nossa cultura”, disse o pesquisador Flaviano Menezes da Costa.
[e-s001]o sobrado de Graça Aranha
O sobrado de Graça Aranha e sua família, com arquitetura típica do século XIX, feito em dois pavimentos e um mirante, é uma das construções que fazem parte da cultura local. No imóvel, situado no Largo do Palácio (Avenida Dom Pedro II), viveu o escritor (romancista e ensaísta) Graça Aranha.
Filho de Themístocles da Silva Maciel Aranha e Maria da Glória da Graça, a construção descrita em “Meu próprio romance”, de Graça Aranha, é o retrato da infância do escritor, que sempre registrou fluxo intenso de pessoas pela fama do pai de Graça e pela localização – ao lado de unidades administrativas como Governo e Prefeitura. Foi no imóvel que Graça Aranha, de acordo com alguns historiadores, aprendeu com o pai e a mãe os ofícios da tipografia (arte e técnica antiga de impressão) e, de acordo com o documentário “Moradas e Memórias”, nasceu o jornal diário “O Paiz”, que, dentre as bandeiras, era favorável à abolição dos escravos no país. Historiadores defendem ainda que foi no imóvel que surgiu a primeira impressão de “O Mulato”, do escritor maranhense Aluísio Azevedo. De acordo com os registros oficiais, Graça
Aranha viveu no sobrado de 1870 a 1884. Após se formar, voltou a São Luís, porém não residiu mais no local. Apenas o restante de sua família mantinha vínculos com o imóvel, que atualmente recebe estabelecimento comercial.
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