Posicionamento

Palestrante e professor envolvidos em debate sobre Fascismo, na UFMA, dão declaração a respeito do ocorrido

Com o tema “Fascismo de verdade e Fascismo para idiotas”, o debate, realizado no hall do CCH, gerou tumulto e desinformação entre apoiadores dos candidatos à presidência Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.

Emmanuel Menezes, especial para oestadoma.com

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

SÃO LUÍS - Uma roda de diálogos promovida pelo coletivo Carcarás, da UFMA, rendeu um enorme debate ideológico entre palestrante e professores a respeito do Fascismo. José Lorêdo foi convidado para mediar, no Auditório B do Centro de Ciências Humanas, da UFMA, uma palestra com o tema “Fascismo de verdade e Fascimo para idiotas”.

Em entrevista exclusiva para o jornal O Estado, José contou: “O professor Franscisco Sousa, diretor do prédio, nos enviou um comunicado no dia anterior falando que o tema da palestra havia sido considerado provocativo, e por isso a palestra deveria ser cancelada. Nós acatamos a decisão, mas muitos da comunidade acadêmica compareceram ao local da palestra no horário marcado”.

Segundo José, o coletivo pediu a direção do prédio que o debate fosse realizado no hall do prédio, e a direção acatou, dando, ainda, a aparelhagem de som usada pelo palestrante.

“Discutimos pelo tema por cerca de meia hora. Alguns estudantes fizeram um protesto durante, mas eu levei na esportiva. Inclusive coloquei um adesivo do Haddad no meu peito”, disse José. Ao final, o espaço foi aberto para o público. Segundo José, a palavra foi dada para o professor Marcus Baccega, que “Em seu posicionamento, incitou o início do protesto mais agressivo, feito por parte dos estudantes. Não houve nenhuma agressão física, mas desligaram nossa aparelhagem de som, jogaram água, afastaram cadeiras e mesas, até nos retirarmos do local”, finaliza.

Em entrevista ao jornal, o professor Marcus Baccega reforçou que “A minha fala foi de defesa a minha igreja, e de repúdio a associar a minha igreja com esse tipo de manifestação de horror. De modo algum a minha fala incitou qualquer tipo de violência. Não houve agressão física alguma, e nem moral. Foram apenas palavras de ordem e eles foram se retirando do prédio”.

O professor revelou ter sofrido algumas agressões virtuais, e, inclusive, liberou um vídeo em sua defesa. “Eu também sou advogado, apesar de não exercer o ofício. E seu que estou sendo vítima de uma calunia, sendo acusado da prática de uma ação que o código penal tipifica como crime, artigo 287 do Código Penal. Eu não posso deixar, primeiro como historiador, que fatos e datas sejam decupados como foram, e há testemunhas ali”, destaca.

Baccega explicou que o catolicismo deveria se lembrar em sua fidelidade em estar ao lado dos pobres. “Eu disse exatamente que ‘Eu gostaria de lembrar a quem fosse católico, que em 1968, em Medellín (Colômbia), e 1979, em Puebla de Zaragoza (México), a igreja jurou fidelidade a opção preferencial pelos pobres e que quem está contra essa opção e está a favor de outras coisas não é católico, é caótico’”.

Para Baccega, a preocupação com aquele ato dentro da Universidade seria a perca dos limites de civilidade e ética. “Em momento algum eu incitei violência de ninguém. Agora, claro que os alunos tomaram a minha defesa, e isso foi evidente. Mas não por uma questão de esquerdismo, de socialismo, comunismo ou nada ligado a nenhum movimento que eu pertenço. Foi-se tomado defesa a mim por uma questão de dignidade da defesa do ser humano, é disso que se trata”.

O jornal O Estado pediu para os entrevistados o conceito de Fascismo que cada um considera.

Para José Lorêdo,
“O fascismo se originou de uma tentativa do ativista político Benito Mussolini, ex-comunista italiano, de conciliar o socialismo com o nacionalismo, uma vez que passou a rejeitar, após a I Guerra Mundial, o internacionalismo de cunho marxista. De índole estatizante e autoritária, absorvente das liberdades públicas, não podendo ser classificado nem como de direita nem como de esquerda, o fascismo preconizava um Estado “cesarista”, presente em todas as atividades sociais e humanas. O regime de Benito Mussolini foi condenado pela Igreja Católica em 1931, com a publicação da encíclica Non Abbiamo Bisogno, do Papa Pio XI, que viria a condenar o comunismo em 1937, com a encíclica Divinis Redemptoris, e o nazismo, também em 1937, com a Mit Brennender Sorge”.

Para Marcus Baccega,
“Fascismo é uma sublevação, é uma inversão dos direitos e liberdades democráticas. E veja, não se trata de socialismo, de direitos revolucionários, absolutamente nada disso. O fascismo é uma razão radical da visão Iluminista, que prescreveu enquanto normas jurídicas, em sucessivos ordenamentos constitucionais, direitos e garantias fundamentais que nós, na teoria do Direito Constitucional, chamamos de Direitos Fundamentais de Primeira Geração. O Fascismo é uma inversão dessa ordem democrática, é uma sublevação e eliminação dos indivíduos e de seus direitos”.

Após o ocorrido, diversos atos, organizados por professores e alunos, foram realizados no campus Bacanga da UFMA, em defesa das ideologias dos candidatos à presidência, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro.

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