Vida Ciência

Mês da Ciência

É notório que existe também a desigualdade para o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, considerando que regiões com elevado potencial para a pesquisa são negligenciadas pelas políticas de governo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Prêmio Nobel
Prêmio Nobel (prêmio nobel)

Todos os anos, no mês de outubro, a imprensa nacional e internacional divulga em seus principais noticiários os ganhadores do Prêmio Nobel. É um conjunto de premiações concedidas em várias categorias por comitês suecos e noruegueses, para reconhecer pessoas ou instituições que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade.
O prêmio veio da vontade do inventor sueco Alfred Nobel, que indicou as áreas de Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Direitos Humanos (Paz) para tal reconhecimento, os quais foram concedidos pela primeira vez em 1901.
O Prêmio de Ciências Econômicas, em memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968, financiado pelo Banco Central da Suécia, sendo até hoje amplamente considerado como o mais prestigioso prêmio disponível nos campos da Ciência e da Cultura.

Este ano, o prêmio de Física foi para dois pesquisadores, Gérard Mourou (francês) e Arthur Ashkin (norte-Americano) e para uma pesquisadora canadense, Donna Strickland. Arthur Ashkin é responsável por uma invenção conhecida como “pinça óptica”, lasers extremamente focalizados, utilizados para manipu­lar pequenos objetos dielétricos (isolantes), podendo ser aplicados em sistemas biológicos. Essas pinças podem, por exemplo, "manipular" estruturas moleculares minúsculas (como vírus e bactérias) sem realizar danos ao material.

Donna Strickland e Gérard Mourou realizaram estudos que inovaram o método de gerar pulsos de laser de alta intensidade, abrindo caminho para a geração dos pulsos de laser mais curtos e mais intensos que podem ser aplicados na área de produção industrial e na Medicina. A técnica consiste em potencializar a aplicação dos feixes de laser prolongando seu pulso no tempo reduzindo seu pico de potência. Por princípio de conservação, mais fótons serão comprimidos fazendo com que a intensidade do pulso do laser aumente drasticamente (Optics Communications, Volume 55, 1985, p. 447-449). É possível, por exemplo, aplicar esse tipo de laser em matéria orgânica de maneira segura: a utilização da tecnologia já é realizada, por exemplo, em cirurgias no olho humano.

A cientista Donna Strickland é a primeira mulher a receber o Nobel de Física nos últimos 55 anos, sendo a terceira da categoria na história da premiação. As outras foram a americana de origem alemã Maria Goeppert-Mayer, em 1963, por propor um novo modelo do envoltório do núcleo atômico; e a polonesa Marie Curie, em 1903, única pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em áreas científicas distintas, Física e Química (este em 1911, por isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio e o rádio).

Na edição de 23 de agosto de 2018, no artigo “Luz, partícula, onda: a engenharia optrônica”, a página Vida Ciência chamava atenção do público sobre a importância do desenvolvimento de um novo conjunto de tecnologias para manipular a luz em escala microscópica e o quanto este fato será importante para o desenvolvimento de algo extremamente novo e diferente, sendo esta uma riqueza de descobertas para aqueles que analisam e interpretam a natureza da luz.

Donna Strickland, atualmente na Universidade de Waterloo, além de professora associada, também é pesquisadora, liderando uma equipe de laser ultra rápido e de alta intensidade, para sistemas de investigações ópticas não-lineares. Trabalha no uso de lasers de alta potência na lente cristalino do olho humano, durante o processo de micro-usinagem para curar a presbiopia (mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Donna_Strickland)

O Prêmio Nobel de Química foi para os cientistas Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter por um conjunto de descobertas que contribuem para uma química mais verde, substituindo catalisadores tóxicos em processos industriais e para drogas à base de anticorpos com mais eficácia e menos efeitos colaterais.

Pelo desenvolvimento de pesquisas sobre duas proteínas produzidas por tumores que paralisam o sistema imune do paciente durante o tratamento de câncer os cientistas norte americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo ganharam o Nobel de Medicina. O Nobel de Economia foi para os norte-americanos William D. Nordhaus e Paul M. Romer, por seus estudos sobre economia sustentável e sobre crescimento econômico a longo prazo. A ativista Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018, por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado. O Prêmio Nobel de Literatura não foi concedido este ano.

Semana
Outro fato marcante que aconteceu no mês de outubro foi a realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no período de 15 a 20, em São Luís, no Multicenter Sebrae, com o tema Ciência para a redução das desigualdades, lembrando que a semana foi criada pelo Decreto de 9 de junho de 2004 e tem como objetivo aproximar a Ciência e a Tecnologia da população, promovendo eventos que congregam centenas de instituições com o objetivo de realizar atividades de divulgação científica em todo o país. A ideia é criar uma linguagem acessível à população, através de ferramentas inovadoras que estimulem a curiosidade e motivem a população a discutir as implicações sociais da Ciência, além de aprofundarem seus conhecimentos sobre o tema.

Em São Luís, a maior concentração das atividades ocorreu no Multicenter Sebrae.
O tema Ciência para a Redução das Desigualdades, que é um dos eixos norteadores para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), e faz parte da Resolução 70/1 da Assembleia Geral das Nações Unidas, “Transformando o nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável", leva em conta que vivemos em um planeta, e também num país desigual, onde as condições de vida estão cada vez mais degradantes para as populações, especialmente as mais vulneráveis, pobres e marginalizadas. Essa condição não é obra do destino, mas resultado de decisões políticas, dos modelos de produção e desenvolvimento que colocam o mercado e o capital acima da vida humana.

A desigualdade no Brasil é o nosso maior desafio, pois se impõe sobre diversas áreas da sociedade brasileira, notadamente a maranhense, desde a colonização, passando pela abolição, tendo continuidade até o tempo presente, incidindo fortemente nas áreas em que a população tem mais necessidade de atendimento, tais como educação, saúde, acesso à justiça, acesso à terra, moradia, trabalho, gênero, meio ambiente saudável, saneamento básico, alimentação saudável, renda, lazer, transporte e, sobretudo a desigualdade racial e de oportunidades.

É notório que existe também a desigualdade para o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, considerando que regiões com elevado potencial para a pesquisa são negligenciadas pelas políticas de governo. Apesar disso, sabe-se que historicamente a Ciência vem contribuindo, por meio da pesquisa, da produção científica e da inovação tecnológica, promovendo a inclusão social, através de ações que melhoram a qualidade de vida, estimulam a geração de emprego e renda e conduzam para o desenvolvimento sustentável do planeta.
A Ciência inspira e estimula o cidadão a construírem um mundo melhor através da compreensão dos fenômenos que regem as nossas vidas, e das possibilidades de intervenções do homem na busca de sua eternidade. Com esta premissa a página Vida Ciência, tendo em vista a divulgação e a popularização do conheci­mento científico, permanece em constante comunicação com todos os segmentos da sociedade, inspirando o futuro para as futuras gerações.l

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