Todos os anos, no mês de outubro, a imprensa nacional e internacional divulga em seus principais noticiários os ganhadores do Prêmio Nobel. É um conjunto de premiações concedidas em várias categorias por comitês suecos e noruegueses, para reconhecer pessoas ou instituições que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade.
O prêmio veio da vontade do inventor sueco Alfred Nobel, que indicou as áreas de Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura e Direitos Humanos (Paz) para tal reconhecimento, os quais foram concedidos pela primeira vez em 1901.
O Prêmio de Ciências Econômicas, em memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968, financiado pelo Banco Central da Suécia, sendo até hoje amplamente considerado como o mais prestigioso prêmio disponível nos campos da Ciência e da Cultura.
Este ano, o prêmio de Física foi para dois pesquisadores, Gérard Mourou (francês) e Arthur Ashkin (norte-Americano) e para uma pesquisadora canadense, Donna Strickland. Arthur Ashkin é responsável por uma invenção conhecida como “pinça óptica”, lasers extremamente focalizados, utilizados para manipular pequenos objetos dielétricos (isolantes), podendo ser aplicados em sistemas biológicos. Essas pinças podem, por exemplo, "manipular" estruturas moleculares minúsculas (como vírus e bactérias) sem realizar danos ao material.
Donna Strickland e Gérard Mourou realizaram estudos que inovaram o método de gerar pulsos de laser de alta intensidade, abrindo caminho para a geração dos pulsos de laser mais curtos e mais intensos que podem ser aplicados na área de produção industrial e na Medicina. A técnica consiste em potencializar a aplicação dos feixes de laser prolongando seu pulso no tempo reduzindo seu pico de potência. Por princípio de conservação, mais fótons serão comprimidos fazendo com que a intensidade do pulso do laser aumente drasticamente (Optics Communications, Volume 55, 1985, p. 447-449). É possível, por exemplo, aplicar esse tipo de laser em matéria orgânica de maneira segura: a utilização da tecnologia já é realizada, por exemplo, em cirurgias no olho humano.
A cientista Donna Strickland é a primeira mulher a receber o Nobel de Física nos últimos 55 anos, sendo a terceira da categoria na história da premiação. As outras foram a americana de origem alemã Maria Goeppert-Mayer, em 1963, por propor um novo modelo do envoltório do núcleo atômico; e a polonesa Marie Curie, em 1903, única pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em áreas científicas distintas, Física e Química (este em 1911, por isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio e o rádio).
Na edição de 23 de agosto de 2018, no artigo “Luz, partícula, onda: a engenharia optrônica”, a página Vida Ciência chamava atenção do público sobre a importância do desenvolvimento de um novo conjunto de tecnologias para manipular a luz em escala microscópica e o quanto este fato será importante para o desenvolvimento de algo extremamente novo e diferente, sendo esta uma riqueza de descobertas para aqueles que analisam e interpretam a natureza da luz.
Donna Strickland, atualmente na Universidade de Waterloo, além de professora associada, também é pesquisadora, liderando uma equipe de laser ultra rápido e de alta intensidade, para sistemas de investigações ópticas não-lineares. Trabalha no uso de lasers de alta potência na lente cristalino do olho humano, durante o processo de micro-usinagem para curar a presbiopia (mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Donna_Strickland)
O Prêmio Nobel de Química foi para os cientistas Frances H. Arnold, George P. Smith e Sir Gregory P. Winter por um conjunto de descobertas que contribuem para uma química mais verde, substituindo catalisadores tóxicos em processos industriais e para drogas à base de anticorpos com mais eficácia e menos efeitos colaterais.
Pelo desenvolvimento de pesquisas sobre duas proteínas produzidas por tumores que paralisam o sistema imune do paciente durante o tratamento de câncer os cientistas norte americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo ganharam o Nobel de Medicina. O Nobel de Economia foi para os norte-americanos William D. Nordhaus e Paul M. Romer, por seus estudos sobre economia sustentável e sobre crescimento econômico a longo prazo. A ativista Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018, por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado. O Prêmio Nobel de Literatura não foi concedido este ano.
Semana
Outro fato marcante que aconteceu no mês de outubro foi a realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) no período de 15 a 20, em São Luís, no Multicenter Sebrae, com o tema Ciência para a redução das desigualdades, lembrando que a semana foi criada pelo Decreto de 9 de junho de 2004 e tem como objetivo aproximar a Ciência e a Tecnologia da população, promovendo eventos que congregam centenas de instituições com o objetivo de realizar atividades de divulgação científica em todo o país. A ideia é criar uma linguagem acessível à população, através de ferramentas inovadoras que estimulem a curiosidade e motivem a população a discutir as implicações sociais da Ciência, além de aprofundarem seus conhecimentos sobre o tema.
Em São Luís, a maior concentração das atividades ocorreu no Multicenter Sebrae.
O tema Ciência para a Redução das Desigualdades, que é um dos eixos norteadores para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), e faz parte da Resolução 70/1 da Assembleia Geral das Nações Unidas, “Transformando o nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável", leva em conta que vivemos em um planeta, e também num país desigual, onde as condições de vida estão cada vez mais degradantes para as populações, especialmente as mais vulneráveis, pobres e marginalizadas. Essa condição não é obra do destino, mas resultado de decisões políticas, dos modelos de produção e desenvolvimento que colocam o mercado e o capital acima da vida humana.
A desigualdade no Brasil é o nosso maior desafio, pois se impõe sobre diversas áreas da sociedade brasileira, notadamente a maranhense, desde a colonização, passando pela abolição, tendo continuidade até o tempo presente, incidindo fortemente nas áreas em que a população tem mais necessidade de atendimento, tais como educação, saúde, acesso à justiça, acesso à terra, moradia, trabalho, gênero, meio ambiente saudável, saneamento básico, alimentação saudável, renda, lazer, transporte e, sobretudo a desigualdade racial e de oportunidades.
É notório que existe também a desigualdade para o desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, considerando que regiões com elevado potencial para a pesquisa são negligenciadas pelas políticas de governo. Apesar disso, sabe-se que historicamente a Ciência vem contribuindo, por meio da pesquisa, da produção científica e da inovação tecnológica, promovendo a inclusão social, através de ações que melhoram a qualidade de vida, estimulam a geração de emprego e renda e conduzam para o desenvolvimento sustentável do planeta.
A Ciência inspira e estimula o cidadão a construírem um mundo melhor através da compreensão dos fenômenos que regem as nossas vidas, e das possibilidades de intervenções do homem na busca de sua eternidade. Com esta premissa a página Vida Ciência, tendo em vista a divulgação e a popularização do conhecimento científico, permanece em constante comunicação com todos os segmentos da sociedade, inspirando o futuro para as futuras gerações.l
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