(Divulgação)

COLUNA

Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Os três primeiros meses

(A fase mais difícil do casamento)

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual (Divulgação)

Encontros com a família alimentam nosso acervo de histórias. Não sei se a sua família é assim (espero que seja), porque com a minha é entretenimento garantido. Cresci com todos eles muito próximos. Demais até. 

Venho de um clã que já chegou a reunir 5 gerações. Sou parte de uma família gigante, que por muitos anos seguiu rigorosamente a tradição de almoçar no sítio aos domingos, numa mesa gigante onde 38 pessoas (sim, essa era a média) disputavam os melhores pedaços da carne e a maior quantidade de azeitonas dos pratos. 

Tudo isso pra contar que hoje eu participei de um desses encontros, mas dessa vez infiltrada em um subgrupo. Era um "encontro das irmãs" da mamãe, um momento literalmente delas, das tias. Nesse café da tarde elas atualizam as conversas (vulgo fofoca). 

Depois de ouvir sobre os assuntos mais aleatórios possíveis, a seta da curiosidade delas se voltou pra mim: “E então, Mônica, como está a vida de casada?”. Com muita naturalidade e um sorriso, dei a minha resposta padrão: “Tá difícil pra caramba, tia! Popularizaram a ideia de que o início é lua de mel como eufemismo, tenho certeza”.

E foi então que, pra minha alegria, ouvi um relato sensato, profundo e verdadeiro sobre os três primeiros meses de coabitação num casamento. Quem assumiu a narrativa foi a  minha tia mais velha. Ela é socióloga raiz, e a minha admiração cresceu exponencialmente. Nada na literatura sobre esse tema me atravessou tão lindamente como as palavras dela. 

"A parte mais difícil do casamento são os 3 primeiros meses."

“Ajustar a rotina leva tempo e paciência. Não é um pouco de cada. É muito de cada.”

“A divisão das tarefas domésticas é engraçada. Na teoria, seria simples dividir, e se cada um fizer a sua parte, a casa segue sempre limpa e arrumada. Mas na prática, nunca é 50%. Às vezes você faz mais, em outras faz menos, outras vezes você não está com a menor disposição pra fazer nada enquanto o outro acordou com um balde, vassoura e pano de chão nas mãos.”

“A maneira como cada um gerencia o dinheiro é um capítulo à parte. No final das contas, é uma briga de poder porque os valores individuais têm peso diferente.”

“Com os nervos à flor da pele, a comunicação nem sempre é tão clara. Lembro de ter pensado sem falar, exigindo uma resposta sem contexto prévio. Foram 3 meses de vários mini-conflitos.”

“Encontrar o meu espaço e entregar o espaço dele exigiu um equilíbrio que eu não tinha nos meses iniciais. Eu achava que deveríamos estar sempre juntos, mas me sentia sufocada com ele sempre por perto."

Todos silenciaram na mesa, inclusive eu (a essa altura com os olhos marejados). 

Era aquele silêncio de quem concorda porque já viveu, mas calou acreditando ser a única a passar por isso.

Pra quebrar o clima, a mamãe agiu como mamãe, levantou a taça de suco e disse em alto e bom som "Agora vamos brindar e mudar de assunto!"

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.