Saída da UE

May admite eventual prolongamento do período de transição para o Brexit

Medida teria forte custo político em casa, onde primeira-ministra vive tensão crescente com defensores linha dura da saída

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

BRUXELAS - A primeira-ministra britânica, Theresa May , admitiu ontem, 18, um eventual prolongamento do período de transição previsto após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no final de março de 2019, uma opção entendida como uma maneira de dar mais tempo para um acordo sobre as relações entre seu país e o bloco após o Brexit .

"Outra ideia que surgiu, e é apenas uma ideia neste momento, é criar uma opção para estender o período de transição por alguns meses. E isso seria apenas por alguns meses", disse May a jornalistas na chegada para o segundo dia da cúpula europeia em Bruxelas, onde também serão abordados temas como a imigração e ciberataques.

Na véspera, a primeira-ministra expôs perante seus 27 pares a sua visão sobre o estado da negociação, mas, apesar de a UE esperar novas propostas para avançar nas conversas, “não houve nada de substancialmente novo”, segundo o presidente da Câmara Europeia, Antonio Tajani.

As negociações do Brexit encontram-se travadas sobretudo por causa da fronteira entre a Irlanda, que é um Estado soberano, e a Irlanda do Norte, que é uma província britânica. Londres deseja evitar a criação de uma fronteira clássica, que impeça a livre circulação de bens e pessoas, o que violaria o Acordo de Belfast, que pôs fim à insurgência independentista na Irlanda do Norte em 1998.

Durante o período de transição, o Reino Unido poderia permanecer no mercado único europeu e na união aduaneira. O país teria que cumprir todas as regras do bloco, incluindo no que diz respeito à livre circulação de pessoas, mas deixaria de ter poder de voto no bloco europeu. Por isso o prolongamento do período de transição — atualmente previsto para durar até 31 de dezembro de 2010 - desagrada os defensores mais fervorosos do Brexit.

De acordo com o correspondente da BBC Chris Morris, a extensão do período de transição teria “obviamente” um custo financeiro “bilionário” para o Reino Unido, porque prolongaria os pagamentos britânicos ao orçamento da UE. Ademais, impossibilitaria que o país fizesse novos tratados comerciais no período, o que é considerada uma das vantagens do Brexit, segundo seus apoiadores.

Campanha de apoio

Richard Tice, um dos líderes da campanha “Sair significa sair” (“Leave means leave”), de apoio ao Brexit, afirmou que "qualquer período de transição confere zero incentivos à UE para negociar qualquer coisa e concede a Bruxelas o poder para nos forçar o que bem entender, sem que o Reino Unido possa responder”, noticiou o “Independent”.

De acordo com o editor de política do "The Sun", Tom Newton Dunn, May está disposta a aceitar a extensão do período de transição, pagando um alto custo político interno, por entender que é a única maneira de continuar as negociações.

“Por que a primeira-ministra pareceria chegar perto de um suicídio político aceitando um prolongamento da transição? Porque, me dizem, ela pensa que esta pode ser a única maneira de motivar [o negociador europeu para o Brexit Michel] Barnier a continuar a negociar (...) Parece que a Europa está pronta para esticar a corda por completo e pronta para encerrar tudo sem acordo algum”, escreveu ele no Twitter.

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