Mistério

Arábia Saudita sofre pressão por sumiço de jornalista

Reino nega que tenha assassinado colaborador do ''The Washington Post'' em consulado de Istambul

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
O jornalista Jamal Khashoggi foi ao consulado saudita em Istambul, capital da Turquia
O jornalista Jamal Khashoggi foi ao consulado saudita em Istambul, capital da Turquia (Reuters/jornalista)

ESTADOS UNIDOS - A Arábia Saudita vem sofrendo pressão internacional para fornecer informações sobre o paradeiro do jornalista e dissidente exilado Jamal Khashoggi , desaparecido há nove dias. O colaborador do renomado " The Washington Post " sumiu depois de entrar no consulado saudita emIstambul , na Turquia, onde se apresentou para buscar um documento necessário para se casar com uma mulher turca. Há suspeitas de que ele poderia ter sido assassinado por ser um vocal crítico de Riad, embora o reino saudita negue qualquer participação no caso.

O chanceler do Reino Unido, Jeremy Hunt, advertiu ontem às autoridades sauditas que a confirmação da sua responsabilidade no desaparecimento de Khashoggi teria "sérias consequências".

"Se estas acusações estiverem corretas, haverá sérias consequências porque nossa amizade e cooperação se baseiam em valores comuns. Estamos extremamente preocupados", disse Hunt.

Por sua vez, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alertou que seu país não ficará calado sobre o caso. Ancara afirma que Khashoggi jamais saiu do prédio do consulado saudita, e Riad diz o contrário. Na Turquia, vários meios de comunicação difundiram imagens de câmeras de segurança que mostram Khashoggi entrando no consulado. Logo em seguida, aparecem vários veículos que entram e saem do edifício.

Mas as autoridades sauditas disseram que as câmeras não estavam funcionando naquele dia. Erdogan demonstrou desconfiança sobre as acusações, afirmando que a Arábia Saudita têm sistemas de vigilância muito avançados.

"Se sai um mosquito (do consulado), seus sistemas de câmeras vão interceptá-lo", disse o presidente turco a jornalistas. "Este incidente ocorreu no nosso país. Não podemos ficar calados".

Investigadores dos EUA

Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que investigadores americanos trabalham com Ancara e Riad para investigar o desaparecimento. As acusações contra a Arábia Saudita forçam o republicano a adotar uma postura mais firme em relação à proteção dos direitos humanos com o reino, um dos seus importantes aliados.

" Não podemos deixar isso acontecer. Estamos sendo muito duros, temos investigadores lá e estamos trabalhando com a Turquia", disse Trump numa entrevista ao programa "Fox and Friends".

A Arábia Saudita foi o primeiro destino de Trump ao assumir a Casa Branca. Ele vem trabalhando em manter estreitos laços com o reino, num esforço para isolar o Irã, enquanto os EUA apoiam a campanha liderada pelos sauditas contra rebeldes no Iêmen, que, segundo relatório da ONU, já matou milhares de civis.

De acordo com o "The Washington Post", os serviços de Inteligência dos EUA tinham informações sobre um plano saudita que envolvia o príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, para para deter Khashoggi. O jornal relata que o jornalista de 59 anos relatou a vários amigos a sua desconfiança sobre propostas que lhe haviam sido feitas por autoridades do reino, que incluiriam proteção especial e um trabalho de alto nível. No entanto, o Departamento de Estado dos EUA negou que o governo americano tivesse informações prévias sobre o desaparecimento do jornalista.

Riad nega que Khashoggi tenha sido assassinado. Desde que o caso veio à tona, páginas na rede social Twitter pró-sauditas fazem confusas acusações contra o Qatar (um rival regional da Arábia Saudita e aliado da Turquia); a Irmandade Muçulmana; e até contra a noiva turca do jornalista, com o suposto objetivo de ferir a imagem do reino internacionalmente.

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