O governador Flávio Dino (PCdoB) atribuiu ao fracasso da administração Dilma Rousseff (PT), a migração de eleitor do PT, em todo o Brasil, para o candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL).
A análise do comunista sobre a disputa presidencial, com a ascensão de Bolsonaro e o baixo desempenho de Fernando Haddad (PT) foi publicado pelo portal de notícias Uol ontem.
Na entrevista Dino fez duras críticas a Bolsonaro, mas reconheceu que os brasileiros de menor renda viram as suas vidas piorar a partir do governo Dilma Rousseff. Ele afirmou que a população está seduzida pela proposta ‘bolsonarista’ de livre acesso a armas para o combate aos criminosos.
Questionado sobre o motivo que levou parte do eleitorado até então fiel do PT migrar para o adversário de Haddad na eleição deste ano, Flávio Dino responsabilizou a ex-presidente. A declaração deve provocar reação nacional do PT.
“Esses segmentos enxergaram em um certo momento da vida brasileira, sobretudo no segundo governo Lula, a perspectiva objetiva de melhorar de vida. No primeiro governo Dilma começaram a ver isso com mais dificuldade, mas ainda se manteve. E, sobretudo no último período do primeiro mandato de Dilma e no começo do segundo mandato, viram isso ser destruído e foram para total desespero”, disse.
Flávio Dino elencou pontos cruciais, de piora no desenvolvimento econômico e social do país, na gestão Dilma Rousseff, que levaram o eleitor do PT a migrar para Bolsonaro.
“Esses segmentos perderam emprego, plano de saúde, acesso à educação. Na ausência de horizontes, foram seduzidos nessa questão da segurança pública. A pessoa está desesperada, ele oferece uma coisa simples de ser entendida: eu vou dar uma arma para todo mundo, pelo menos os bandidos não vão mandar no país”, disse.
Para Flávio Dino, Bolsonaro conseguiu atingir o eleitorado que sofreu com a grave crise financeira que se instalou no país a partir da gestão Dilma.
“Bolsonaro conseguiu responder ao desespero popular pela questão econômica colocando uma outra coisa no lugar. O desafio nosso é responder a esse desespero com um discurso claro, objetivo, compreensível sobre as questões econômicas, e mostrar que o programa econômico do Bolsonaro vai resultado em ainda mais tragédia social no Brasil”, pontuou.
Esses segmentos perderam emprego, plano de saúde, acesso à educação. Na ausência de horizontes, foram seduzidos nessa questão da segurança públicaFlávio Dino, governador do Maranhão
Flávio Dino sugere aliança de Haddad Fernando Henrique e Alckmin
O governador Flávio Dino (PCdoB) sugeriu na entrevista ao portal Uol, eventual aliança do candidato do PT, Fernando Haddad, com lideranças nacionais do PSDB, a exemplo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin.
Apesar de não acreditar que as alianças podem ser utilizadas como algo decisivo para a virada no pleito, o comunista afirmou que é necessário unir forças para tentar impor derrota a Jair Bolsonaro (PSL). Flávio Dino admitiu que se fosse ele o candidato, faria isso.
“Eu acho que sim, eu faria isso. Porém, não acho que isso resolva o problema (de aumentar votos). O núcleo do problema é que a base popular que levou Lula e Dilma a quatro vitórias cindiu, e uma parte expressiva foi para Bolsonaro. E você ainda tem um contingente enorme de nulos, brancos e abstenções, que são as pessoas que são tão antipolítica que acham que nem Bolsonaro expressa o que elas imaginam”, disse.
Dino reafirmou que a degradação da vida do povo foi o principal motivo para a elevação de Bolsonaro e disse que Haddad precisa buscar alianças para reverter o resultado negativo do primeiro turno.
“A Lava Jato é um fator importante mas, sobretudo, a perda de qualidade de vida da população. Então você recuperar esses setores sociais é o esforço principal, o que não invalida outros esforços, como dialogar com igrejas, com lideranças políticas amplas, como Alckmin e Fernando Henrique”, finalizou.
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