A acirrada disputa pelo Senado Federal ganhou contornos dramáticos nesta reta final. Com jovens políticos na disputa - entre os quais nomes enrolados com problemas de ordem moral, judicial e eleitoral -, a corrida virou uma espécie de guerra e vale-tudo. E até a polícia entrou no processo.
Primeiro foi o deputado estadual Alexandre Almeida (PSDB). De uma hora para outra, o candidato a senador resolveu partir para cima dos seus adversários, com duras acusações em seus programas eleitorais. O problema é que as “denúncias” de Almeida não surtiram o efeito esperado por ele e, assim, o parlamentar partiu para uma segunda etapa, denunciando à Polícia Federal suposta ameaça.
Em seguida, vieram as denúncias contra o marido da candidato ao Senado Eliziane Gama (PPS), suspeito de estelionato em dossiê divulgado por O Estado e - mais grave ainda - acusado em processo judicial e inquérito policial por débito de Pensão Alimentícia e ameaça de agressão à ex-esposa.
Autoproclamada “defensora das causas das mulheres e das minorias”, Eliziane, em vez de assumir publicamente o espanto com as revelações sobre seu marido - com quem casou há menos de um ano -, resolveu jogar os ideais às favas e acobertá-lo, negando as denúncias, mesmo diante de documentos que tramitam na Justiça e na polícia.
A onda senatoria policial foi coroada ontem pela mesma Eliziane e seu parceiro de chapa, Weverton Rocha (PDT). Eles tentaram fazer-se de vítima diante da distribuição de panfletos mostrando as enroladas nas quais se meteram. E quebraram a cara ao tentar transformar a história em caso de polícia, porque o panfleto tem autor registrado - o ex-vereador Carioca - e o CNPJ do partido e da gráfica que fez a impressão. Caso de Polícia, portanto, são os próprios candidatos.
Seria mais um caso explícito de uso da “polícia política” no Maranhão?
Impedidos
O ex-vereador Paulo Roberto Pinto, o Carioca (PRTB), é um histórico aliado do grupo Sarney e anticomunista assumido.
E decidiu fazer o panfleto contra Weverton Rocha e Eliziane Gama por entender que os dois estão manchados moral e legalmente para representar o Maranhão no Senado.
Ao assinar o panfleto e seguir as regras eleitorais em sua impressão, o candidato a deputado estadual cumpriu rigorosamente a legislação de campanha.
Opositor-mor
Adversário público do grupo de Flávio Dino, Carioca costuma chamar a atenção com ações como essas durante os períodos eleitorais.
Nas eleições de 2016, Carioca revelou diversas suspeitas de abusos de poder praticados por Flávio Dino e seus aliados em municípios, notadamente na capital, São Luís.
Algumas dessas denúncias geraram processos contra Dino e aliados; e uma delas, inclusive - a de Coroatá -, resultou em decisão judicial contra Dino, assinada pela juíza Anelise Reginato.
Ofensa
Chega a ser ofensiva aos eleitores e à população a postura da candidata Eliziane Gama diante das denúncias - comprovadas e judicializadas - contra seu marido, Inácio Cavalcante.
Ao negar a existência dos fatos, acusar adversários de calúnia e acobertar crimes contra mulheres, a deputada joga por terra sua própria biografia.
Tudo isso em nome de espaços de poder, que ela tenta há anos, buscando aliados de ocasião sem se preocupar com a própria história.
Difícil missão
Há uma preocupação clara na tentativa dos candidatos Eliziane Gama e Weverton Rocha de transformar a disputa pelo Senado em caso de polícia.
Eles forçam a barra - inclusive com pressões ao próprio aliado Flávio Dino - para que tudo seja feito em prol da eleição dos dois para o Senado.
Só esquecem que, do outro lado, há duas lideranças históricas - Edison Lobão e Sarney Filho -, respeitadas pelo eleitor maranhense.
E ela, não?!
Em entrevista coletiva, Weverton Rocha tentou apontar o colega Sarney Filho como responsável pelo governo Temer.
Esqueceu que do seu lado estava ninguém menos que Eliziane, que votou no “golpe contra Dilma Rousseff”, nas palavras do próprio pedetista, enrolada em bandeira do Maranhão.
A deputada ruborizou, visivelmente constrangida, quando o colega de chapa lembrou do assunto, que ela tenta esconder na sua propaganda eleitoral.
Tucanos
Na acirrada disputa pelo Senado, os candidatos do PSDB acabaram ficando para trás, fora do debate pelas duas vagas.
José Reinaldo Tavares foi perdendo aliados, aliciados pelo próprio Flávio Dino; Alexandre Almeida, por sua vez, regionalizou sua campanha na região de Timon, onde sonha ser prefeito.
O desempenho dos candidatos a senador também reflete a campanha do próprio candidato a governador, Roberto Rocha, que não alcançou a simpatia das ruas.
DE OLHO
R$ 560 mil É quanto o marido da candidata Eliziane Gama, Inácio Cavalcante - que tem três CPFs -, deve de pensão alimentícia a um filho de 22 anos.
E MAIS
• Embora atacado por aliados do Palácio dos Leões, o ex-vereador Carioca ganhou simpatia nas redes sociais por revelar-se autor de panfletos com revelações sobre Eliziane e Weverton.
• O ex-secretário Ricardo Murad divulgou ontem um manifesto com 18 ilícitos do governo Flávio Dino nos últimos quatro anos.
• Ibope deve divulgar quinta-feira pesquisa sobre a corrida eleitoral no Maranhão.
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