Defesa

Rússia fará exercícios militares amanhã no Mar Mediterrâneo

Para governo, região de Idlib é ''ninho de terroristas''; Kremlin alerta Washington contra agressão gratuita ao país de Assad

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

MOSCOU - A Rússia vai fazer extensos exercícios militares no Mar Mediterrâneo amanhã, 1º, anunciou o Ministério da Defesa do país. A decisão, segundo o Kremlin, veio após um revés russo ao lidar com militantes rebeldes na província síria de Idlib.

A província de Idlib e áreas adjacentes na Síria constituem o maior enclave dos rebeldes que se opõem ao governo do presidente Bashar al-Assad, que é aliado da Rússia. Fontes disseram à agência Reuters que Assad está preparando uma ofensiva na região para retomá-la.

"Desse ninho de terroristas em Idlib não sairá nada de bom se nada for feito", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, numa entrevisa coletiva. "A situação na Síria tem potencial para ficar muito mais complicada, e a situação em Idlib deixa muito a desejar".

Os exercícios navais russos, aparentemente, também visam evitar que o Ocidente ataque as forças do governo sírio.

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moualem, encontrou o colega russo Sergei Lavrov em Moscou nesta quinta-feira e disse que "iremos até o fim" em Idlib. Al-Moualem destacou que a Frente Al-Nusra, braço do grupo terrorista al-Qaeda, é o principal alvo da ofensiva.

O governo Bashar al-Assad está decidido a "libertar todo o território sírio", apesar do risco de "agressão ocidental", disse Walid. Há dias Assad reúne reforços perto dessa região no Noroeste da Síria, na fronteira com a Turquia, antes de uma ofensiva que pode ser a última batalha de envergadura na guerra que assola a Síria desde 2011 e que já deixou mais de 350 mil mortos e milhões de refugiados.

O chanceler russo afirmou, por sua vez, que mais de 25 navios de guerra e 30 aviões militares (entre bombardeiros estratégicos e caças) estarão envolvidos nos jogos de guerra no Mediterrâneo, que vão durar de 1° até 8 de setembro.

Entre os exercícios previstos, estão manobras antiaéreas, antissubmarinos e antiminas. Navios das frotas do Norte da Rússia, do Mar Báltico e do Mar Negro farão parte dos jogos de guerra, bem como a flotilha russa do Mar Cáspio.

O cruzador de mísseis Marechal Ustinov vai liderar os exercícios militares.

"Visando garantir a segurança da navegação e do tráfego aéreo, de acordo com a lei internacional, as áreas onde os exercícios acontecerão serão declaradas zonas perigosas para navios e aviões", avisou o ministério russo em comunicado.

Na terça-feira, 28, a Rússia já havia anunciado que fará em setembro seus maiores exercícios militares no país desde a era soviética. Os maciços jogos de guerra acontecerão nas regiões central e leste do país.

O país de Vladimir Putin vem expandindo suas forças navais no Mediterrâneo neste mês, no que foi classificado por um jornal local como a maior concentração da Marinha russa desde que o país entrou na guerra da Síria em 2015.

Aviso aos Estados Unidos

Enquanto isso, Anatoly Antonov, embaixador russo nos Estados Unidos, advertiu Washington nesta quinta-feira contra sua "agressão ilegal e sem motivos à Síria".

Antonov relatou ter dito às autoridades americanas que Moscou temia os sinais de que os EUA estão preparando novos ataques contra o país de Assad.

Na semana passada, Estados Unidos, França e Reino Unido advertiram Assad de que não deixariam impune qualquer uso de armas químicas por parte do governo em sua eventual ofensiva para retomar Idlib. Mas Al-Moualem descartou qualquer interferência: "Venha uma agressão tripartite ou não, isso não influenciará nossa determinação", afirmoui.

As Nações Unidas pediram a Rússia, Irã e Turquia para adiar uma batalha que poderia afetar a vida de milhões de civis.

O enviado da Síria à ONU, Staffan de Mistura, disse a repórteres que há uma grande concentração de militantes estrangeiros em Idlib, incluindo 10 mil terroristas, mas que seria melhor criar corredores humanitários para evacuar civis do que mergulhar numa batalha que poderia se tornar "uma terrível tempestade".

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