Editorial

Quando a vítima é a polícia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

As manifestações de pesar pela morte do sargento Póvoas, mais um policial militar a tombar em confronto com bandidos no Maranhão, multiplicaram-se nas redes sociais. Em meio aos inúmeros lamentos e desabafos dramáticos, houve quem criticasse duramente a atual gestão da segurança pública no estado, inclusive membros do próprio sistema, a maioria colegas de farda da vítima. Como tantos outros militares que já tiveram a vida ceifada pelo crime, Póvoas morreu em um ato de bravura. Estava na porta de casa, na Avenida 10 do conjunto Maiobão, fora do horário de serviço, quando decidiu enfrentar uma quadrilha que aterrorizava a área, na noite da última segunda-feira (20), e, infelizmente, levou a pior.

Um dos que externou pesar pela sua morte foi o policial militar Guimarães Júnior, que mesclou tristeza e revolta em um texto comovente, com ampla repercussão na forma de curtidas, comentários e compartilhamentos em sua página no Facebook. “Todo dia, inúmeras pessoas vêm sendo vítimas de assaltos nessa região do Maiobão, como em toda a região metropolitana (de São Luís) e a culpa nós já sabemos de quem é. Querem fazer ‘teatrismo’ com a segurança pública. Estão ai os resultados todos os dias”, escreveu o militar, que integra a briosa corporação militar desde 2010.

Dezenas de internautas se solidarizaram ao desabafo de Guimarães Júnior. Um deles, Dennis Póvos, que se identificou como sobrinho da vítima, cobrou resposta dos governantes para o crime. “Nossa sociedade vive, a cada dia, mais refém dos bandidos, que vivem sem medo de ser punidos”, escreveu.

O militar não escondeu a opinião que formou, ao longo de quase quatro anos de descaso, sobre os atuais gestores do sistema policial no Maranhão. “Espero que um dia tenhamos pessoas comprometidas com a segurança pública de verdade”, registrou.

Incontáveis manifestações, no mesmo tom do desabafo do militar, foram registradas nas mídias sociais. Enquanto uns expressaram tristeza, outros protestaram, em movimento espontâneo, sem qualquer vinculação político-partidária, que apontou um único motivo para a audácia da bandidagem contra as autoridades de segurança pública: o fracasso do Estado no combate à violência, cujos autores se mostram, dia após dia, mais cientes das deficiências da polícia e tomados pela certeza da impunidade.

Os episódios que se seguem à morte de um policial são sempre os mesmos. Com a obrigação de dar uma resposta à sociedade e vingar o sangue de um membro da tropa derramado, a polícia inicia verdadeira caçada aos suspeitos, que quando capturados recebem tratamento implacável, muitas vezes ao arrepio da lei. Passada a ira e a comoção, tudo volta a ser como antes, até que o próximo policial tombe pelas mãos do crime.

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