Acusação

Trump pede fim da investigação da trama russa ''agora mesmo''

Presidente americano diz que inquérito é uma ''caça às bruxas'' para minar o seu governo; ele acusa investigadores do FBI

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Justiça, Jeff Sessions
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Justiça, Jeff Sessions (Trump)

ESTADOS UNIDOS - O presidente americano, Donald Trump, pediu ontem ao secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions, que ponha fim à investigação em curso sobre a suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016.

Enquanto isso, o ex-chefe de campanha do republicano, Paul Manafort, enfrentou o segundo dia de julgamento, ontem no âmbito da mesma investigação. Sob acusação de fraude bancária e fiscal, Manafort nega todas as alegações, enquanto é questionado sobre seu trabalho de consultoria para políticos pró-Rússia na Ucrânia, pelo qual recebeu US$ 60 milhões, segundo promotores.

O julgamento de Manafort - formalmente acusado na terça-feira de fraude fiscal, fraude bancária e não notificação de contas bancárias no exterior - aconteceu num tribunal federal em Alexandria, nos arredores de Washington. Este é o primeiro julgamento desde que foi iniciado o inquérito há 14 meses, sob a liderança do promotor especial Robert Mueller, sobre a suposta ingerência russa no pleito de 2016.

Em uma sequência de publicações na rede social Twitter, o presidente Trump atacou ontem Sessions, Mueller, os agentes que formam a equipe de investigação e o processo judicial contra Manafort. Ele acusa investigadores do FBI de estarem "furiosos" com a sua vitória sobre a democrata Hillary Clinton e de levarem a cabo uma "caça às bruxas" para minar o seu governo.

"É uma situação terrível, e o procurador-geral Jeff Sessions deveria interromper esta caça às bruxas agora mesmo, antes que manche ainda mais nosso país", escreveu Trump, referindo-se à investigação. "Bob Mueller está totalmente em conflito, e seus 17 democratas furiosos que estão fazendo seu trabalho sujo são uma vergonha para os EUA!"

Nos últimos meses, Trump repetidamente tentou desacreditar a investigação, que também analisa se houve conluio ilegal entre a campanha do atual presidente com Moscou. Na segunda-feira, também pelo Twitter, o presidente sugeriu que Mueller devia se retirar da investigação por causa do seu "conflito de interesses". Mais tarde, a Casa Branca disse que Trump não havia ordenado a Sessions que colocasse fim à investigação nas suas publicações.

"Não é uma ordem. É a opinião do presidente", disse a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, acrescentando que o presidente não estava impondo obstruções ao inquérito, mas apenas "reagindo".

Mueller foi apontado para a missão depois que o próprio Sessions, secretário de Justiça, se isentou de conduzir a investigação porque também tivera contatos não autorizados com funcionários russos depois das eleições e antes de integrar o governo. A recusa de Sessions, nomeado pelo presidente para o cargo, irritou o presidente Trump e tornou o seu vice, Rod Rosenstein, a pessoa que teria autoridade para demitir Mueller.

O Caso Manafort

A Rússia nega ter interferido na eleição, enquanto Trump rejeita qualquer envolvimento da sua campanha com o Kremlin. As agências de Inteligência dos EUA, no entanto, concluíram que Moscou coordenou uma onda de ciberataques contra grupos políticos americanos e a disseminação de notícias falsas em redes sociais com o objetivo de favorecer a campanha republicana em detrimento de Hillary.

A questão do conluio com a Rússia não está no centro do caso contra Manafort. As acusações são em grande parte referentes a um período anterior aos cinco meses em que trabalhou para a campanha de Trump durante a corrida à Casa Branca de 2016. Em suas publicações desta quarta-feira, mais uma vez o presidente quis se afastar de Manafort.

"Ele trabalhou para mim por um tempo muito curto. Por que o governo não me disse que ele estava sendo investigado? Essas acusações antigas não têm nada a ver com conluio — é um embuste!", disse o presidente no Twitter.

No pronunciamento de abertura no tribunal na terça-feira, promotores afirmaram que Manafort ganhou cerca de US$ 60 milhões na Ucrânia e, ilegalmente, não reportou uma grande parte deste dinheiro para as autoridades fiscais dos EUA. Além disso, interrogaram o agente especial do FBI Matthew Mikuska, que executou a operação de busca sob mandado no apartamento de Manafort em Alexandria no ano passado. Segundo ele, foram encontrados documentos de contratos de empréstimo, faturas e transferências bancárias.

Uma eventual condenação de Manafort daria impulso a Mueller, que formalmente acusou 32 pessoas e três empresas, incluindo 12 supostos agentes da Inteligência russa que teriam hackeado redes de computadores do Partido Democrata. Já uma absolvição apoiaria os esforços de Trump e seus aliados para retratar a investigação como uma iniciativa de motivação política para ameaçar sua Presidência.

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