Violência

Tribunal alemão absolve acusado de ataque neonazista em 2000

Corte afirma que não há provas para condenar ex-soldado por crime que chocou a Alemanha em 2000; ataque feriu dez pessoas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

ALEMANHA - O único acusado no julgamento de um ataque racista ocorrido em 2000 em Düsseldorf, no oeste da Alemanha, foi absolvido por falta de provas ontem, 18 anos depois do ocorrido, por um tribunal da cidade alemã.

O acusado é o ex-soldado alemão Ralf S., de 52 anos, uma figura conhecida da cena neonazista de Düsseldorf. Ele era julgado pela tentativa de assassinato de 12 pessoas e podia ser condenado à prisão perpétua. Ele negava qualquer envolvimento no crime.

Segundo o tribunal, os depoimentos das testemunhas foram contraditórios e pouco críveis. A acusação afirmou que vai recorrer da decisão.

O atentado, ocorrido na estação de trem Wehrhahn, em 27 de julho de 2000, deixou dez pessoas feridas, incluindo uma mulher que estava grávida de cinco meses e perdeu o bebê porque estilhaços atingiram sua barriga.

As vítimas faziam parte de um grupo de 12 cidadãos da antiga União Soviética, e seis delas eram judias. A mulher grávida era ucraniana.

Ralf S. estava em liberdade desde maio, quando o tribunal de Düsseldorf considerou que as provas contra ele eram insuficientes.

Ele havia sido preso em fevereiro de 2017 porque a polícia recolhera um testemunho de um antigo companheiro de prisão. Em 2014, quando cumpria pena por um outro caso, não relacionado, Ralf S. teria se vangloriado na cadeia de ter provocado uma explosão e matado um grupo de pessoas, afirmou a testemunha.

Como consequência, as investigações, que estavam paradas, foram retomadas. Diversas testemunhas, incluindo uma ex-namorada, depuseram contra Ralf S. Também outras testemunhas disseram que o acusado teria confessado o crime a elas. Em dezembro de 2017, ele foi acusado pela promotoria. A defesa argumentava que Ralf S. era apenas um falastrão.

Tanto a acusação como a corte concordaram que o autor do atentado é um homem que foi visto nas imediações, sentado sobre uma caixa de luz, e que teria detonado a bomba por controle remoto. A acusação argumentou que a semelhança dessa pessoa com Ralf S. é grande.

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, disse ser preocupante que, 18 anos depois, o autor do atentado ainda não tenha sido punido. Ele defendeu que as investigações continuem.

Antes do veredicto, promotores disseram que um absolvição seria "o mais sério erro legal" na história de Düsseldorf

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