Presidência

Zimbábue: eleitores formam longas filas para votar no país

Oposição denuncia tentativas de frustrar voto; pesquisas dão vantagem a Mnangagwa; 23 candidatos disputam o pleito

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

HARARE - Em meio a reclamações da oposição de que o governo tenta atrapalhar o processo, os eleitores do Zimbábue compareceram em grande número às urnas ontem para a primeira votação desde a queda de Robert Mugabe, que durante as quase quatro décadas em que permaneceu no poder arrastou o país para uma grave crise econômica. Na capital, Harare, os eleitores, que usavam mantas para evitar o frio, formaram longas filas diante dos locais de votação três horas antes da abertura dos portões às 7h (2h da manhã de Brasília).

A votação prosseguirá até 19h (14h de Brasília), e os resultados devem ser divulgados até 4 de agosto. Se nenhum dos candidatos alcançar 50% dos votos, haverá um segundo turno no dia 8 de setembro.

Vinte e três candidatos disputam a Presidência, em um pleito organizado ao mesmo tempo que as eleições legislativas e municipais. Mas a batalha principal está concentrada no atual presidente Emmerson Mnangagwa, ex-aliado de Mugabe e líder do partido governista ZANU-PF, de 75 anos, e o opositor Nelson Chamisa, 40 anos, representante do Movimento pela Mudança Democrática (MDC). Segundo pesquisas, Mnangagwa lidera por estreita margem, com três pontos percentuais à frente de Chamisa.

O candidato da oposição declarou que já havia tentativas de "suprimir e frustrar" a votação em áreas urbanas onde seu partido tem maior apoio. Ele acusou a Comissão Eleitoral do Zimbábue de atrapalhar o processo, sem fornecer provas.

"A vontade do povo está sendo negada devido a demoras desnecessárias e deliberadas", afirmou Chamisa num tuíte.

Ele disse que seu partido ganharia se não houvesse "fraude nas cédulas". Já Mnangagwa declarou na TV que "este país está vivendo num espaço democrático como nunca experimentou antes".

Os eleitores jovens devem fazer a diferença no pleito. Metade dos registrados para votar tem menos de 35 anos. "Eu preciso votar. Tenho que ver um Zimbábue melhor para meus filhos. As coisas têm sido muito duras, disse Tawanda Petru, de 28 anos, um jovem desempregado votando em Harare.

Oposição denuncia

Pela primeira vez em 16 anos, milhares de observadores internacionais estão presentes no país para garantir que tudo corra bem, mas a oposição alega que há irregularidades nas listas de eleitores e diz estar preocupada com a segurança das cédulas de votação e com a intimidação de eleitores nas áreas rurais.

Depois de permanecer na Presidência desde a independência do Zimbábue em 1980, Mugabe, de 94 anos, foi obrigado a renunciar em novembro do ano passado por seu próprio partido, com o apoio dos militares. As primeiras eleições da era pós-Mugabe provocaram grande entusiasmo.

"Estamos contentes com a saída de Mugabe, mas as coisas devem mudar", afirmou Tendau Ngowera, funcionário de uma empresa de tabaco que declarou voto em Chamisa." O ZANU-PF está no poder há 37 anos. Vão continuar roubando, não vamos tolerar".

Outros eleitores pensavam diferente." Vamos dar uma oportunidade a Emmerson Mnangagw", afirmou Paddington Mujeyi, vendedor de perfume de 30 anos. "Nos últimos meses vimos mudanças no que diz respeito à liberdade. Não somos perseguidos como nos tempos de Mugabe".

Na véspera da eleição, Mugabe surpreendeu ao pedir para que os votantes retirassem do poder o seu partido e declarou apoio a Chamisa, de 40 anos, que recentemente assumiu a liderança do MDC, após a morte do dirigente histórico do partido, Morgan Tsvangirai, o eterno rival de Mugabe.

Ao votar, Mnangagwa rejeitou alegações de seu ex-mentor de que a eleição não seria livre. Já Chamisa declarou que sua vitória seria certa, apesar da pequena vantagem do oponente nas pesquisas.

O ex-presidente Robert Mugabe votou na capital. Esta é a primeira eleição em que seu nome não consta da cécula eleitoral. O enfraquecido ex-presidente, acompanhado de sua esposa Grace, levou vários minutos preenchendo a cédula com a ajuda de um assistente. Uma multidão do lado de fora vaiava Mugabe, mas alguns o aplaudiam.

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