Crise política

EUA pedem eleições livres e condenam Ortega por violência

Vistos de autoridades da Nicarágua envolvidas na repressão de protestos populares serão revogados; mais de 440 pessoas morreram

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Manifestação contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua
Manifestação contra o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua (Nicarágua)

WASHINGTON - Os Estados Unidos exigiram eleições livres na Nicarágua e condenaram ontem o governo de Daniel Ortega pela onda de violência e de abusos contra os direitos humanos em uma ofensiva da administração contra os protestos populares que tomaram as ruas do país nos últimos meses.

Mais de 440 pessoas morreram já em confrontos entre manifestantes e a polícia e milícias pró-governo desde o início das manifestações, em 19 de abril.

O comunicado afirma que os Estados Unidos apoiam o povo da Nicarágua, "incluindo membros do partido sandinista", que estão pedindo reformas democráticas e o fim da violência.

"Eleições livres, justas e transparentes são a única via para restaurar a democracia na Nicarágua. Apoiamos o processo de Diálogo Nacional liderado pela Igreja Católica para negociações de boa fé”, afirmou a Casa Branca em comunicado.

"Os Estados Unidos condenam veementemente a atual violência na Nicarágua e os abusos de direitos humanos cometidos pelo regime de [Daniel] Ortega em resposta a protestos. O presidente Ortega e a vice-presidente [Rosario] Murillo são os responsáveis finais pela milícias pró-governo que brutalizaram seu próprio povo", afirmou a Casa Branca.

Conflito na Nicarágua

A governo americano afirmou ainda que os Estados Unidos “estão revogando ou restringindo vistos de autoridades nicaraguenses e suas famílias” quando elas forem “responsáveis pela violência policial contra manifestantes e autoridades municipais, quando apoiarem a violência da milícia pró-governo ou quando impedirem as vítimas de receber atendimento”.

A Casa Branca também determinou a devolução de automóveis que foram doados à Polícia Nacional da Nicarágua e que teriam sido utilizados na repressão das manifestações.

Na semana passada, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos havia defendido mais sanções contra o governo Ortega.

Crise política

As manifestações contra o presidente Daniel Ortega, que está no poder desde 2007, começaram em 18 de abril por causa de um decreto que regulamentava a reforma da Previdência Social. Os protestos foram violentamente reprimidos.

Embora o governo tenha voltado atrás na reforma, as manifestações contra casos de abuso e de corrupção do governo prosseguiram. Essa já é considerada a crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).

Na segunda-feira,23, a estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, foi morta a tiros. O reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM) afirmou que ela foi atingida por "um grupo de paramilitares", mas a Polícia Nacional atribuiu o crime a "um vigilante de segurança privada, em circunstâncias ainda não determinadas".

Não existe uma liderança específica dos protestos e não há um nome único que represente a oposição. As primeiras manifestações envolveram trabalhadores, indígenas e estudantes. Quando o movimento cresceu, já exigindo a renúncia de Ortega, os universitários se destacaram e se tornaram também as maiores vítimas de violência, mas diversos setores da sociedade continuam participando dos atos.

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